Projecto Santarém defende levantamento dos custos das opções antes da decisão sobre novo aeroporto
Promotores do projecto do aeroporto em Santarém querem que seja feito o levantamento dos custos de cada opção para a localização do novo aeroporto e que seja dado conhecimento à população. Afirmam ainda que vão continuar a trabalhar na solução Santarém “até que digam para parar”.
Os promotores do projecto do aeroporto em Santarém apelaram, no parlamento, para que seja feito um levantamento dos custos globais de todas as opções estudadas antes da decisão do Governo sobre a nova localização. “Apelamos para que seja pedido à UTAP [Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos] e à UTAO [Unidade Técnica de Apoio Orçamental] o levantamento completo dos custos globais de cada opção, para o Estado e contribuintes, e que nenhuma decisão seja tomada antes do conhecimento desses custos”, afirmou o porta-voz do Magellan 500, Carlos Brazão, que foi hoje ouvido no parlamento, na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação, a pedido do consórcio.
O consórcio insistiu que esta é a única opção com investimento totalmente privado, e que, no caso das outras hipóteses, em concreto a do Campo de Tiro da Força Aérea, no concelho de Benavente, a comparticipação do Estado no aeroporto, a construção de cerca de 100 quilómetros (km) de nova ferrovia, de 40 quilómetros de rodovia e de duas novas pontes sobre o rio Tejo terá um custo total estimado de 12 mil a 13 mil milhões de euros. Adicionalmente, o consórcio levantou questões jurídicas relativamente às outras opções de localização, dentro dos 75 quilómetros da concessão da ANA Aeroportos, alegando haver “sérias dúvidas” de que a actual concessionária tenha ainda o direito a desenvolver a sua alternativa para o novo aeroporto de Lisboa. “Se o Estado português quiser ser ele a apresentar uma alternativa, do concedente, o Estado hoje não pode atribuir esse projecto diretamente à concessionária [ANA], tem de lançar necessariamente um concurso”, alegou o consórcio, com base em pareceres de “dois escritórios de advogados de referência e dois catedráticos de referência”, contratados pelo projecto.
Para os promotores do Magellan 500, há neste aspecto uma “lacuna jurídica imensa e grave”, que a Comissão Técnica Independente (CTI), que fez a avaliação ambiental estratégica do novo aeroporto “não viu, ou não quis ver e que pode inquinar a decisão”. Questionado sobre a disponibilidade para avançar com o projecto mesmo que o Governo decida por outra localização, Carlos Brazão garantiu que o consórcio continuará a trabalhar no aeroporto de Santarém. “Até que nos digam para pararmos”, assegurou.
A CTI publicou no dia 11 de Março deste ano o relatório final da avaliação ambiental estratégica do novo aeroporto, mantendo a recomendação de uma solução única em Alcochete ou Vendas Novas, mas apontou que Humberto Delgado + Santarém “pode ser uma solução” transitória. Nesta solução, a comissão refere Santarém como “aeroporto complementar ao AHD (Humberto Delgado), mas com um número de movimentos limitado, não permitindo satisfazer a capacidade aeroportuária necessária no longo prazo”, mas “teria a vantagem de permitir ultrapassar no curto prazo as condicionantes criadas pelo contrato de concessão, tendo ainda como vantagem um financiamento privado”.