Aumentaram os casos de autismo no Agrupamento de Escolas de Samora Correia
Pandemia poderá ter contribuído para o aumento do número de crianças com atrasos globais no desenvolvimento. Carla Pinheiro, coordenadora de educação especial, defende a importância da aplicação da terapia Snoezelen desde a idade pré-escolar.
Tem aumentado o número de casos de autismo no ensino pré-escolar no Agrupamento de Escolas de Samora Correia. A O MIRANTE, a coordenadora de educação especial do agrupamento, Carla Pinheiro, explica que desde há três anos nota que os alunos que entram no jardim-de-infância, aos três anos, têm dificuldade no relacionamento com outras crianças e adultos. A técnica diz que há “um relacionamento com os outros quase inexistente, linguagem pobre e muito atrasada e não estão acostumados a brincar. Não sei se está relacionado com a pandemia, em que tiveram de ficar em casa e foram pouco estimulados”.
A recuperação no atraso global do desenvolvimento começa desta forma mais tarde. E, por isso, era importante que as crianças frequentassem a sala Snoezelen, que existe desde 2017 na Escola Professor João Fernandes Pratas, em Samora Correia. Carla Pinheiro é das poucas docentes com formação Snoezelen, um curso dispendioso e que foi pago do próprio bolso. Devido à carga horária que tem com os alunos de educação especial, só consegue dedicar duas horas às terapias na sala Snoezelen. Actualmente está a acompanhar sete alunos. “Era importante que tivéssemos professores com horário e que pudessem acompanhar as crianças desde o pré-escolar, na sala. Aqui somos poucos professores para os alunos de educação especial, que são quase 200, com patologias que vão desde as dislexias, défices de atenção e autismo”, conta.
Equipamentos são dispendiosos
A sala Snoezelen permite estimular sentidos como o toque, o paladar, a visão, o som, o cheiro e as cores. Os pontos chave da terapia são a estimulação sensorial e o relaxamento. A terapia pode ser usada desde os bebés até à idade adulta. Os equipamentos que compõem uma sala Snoezelen são dispendiosos. O agrupamento escolar tem apetrechado a sala com equipamentos de menor custo com verbas do Ministério da Educação. Os equipamentos iniciais continuam em pleno funcionamento porque nunca se avariaram. “Tem de haver sempre um trabalho conjunto entre a sala Snoezelen e a professora titular ou de educação especial que acompanha o aluno, e em casa. As famílias já foram convidadas para vir ver a sala para saberem o que é”, revela.
São 11 os alunos que estão a usufruir da sala Snoezelen. Para além dos sete acompanhados por Carla Pinheiro, uma criança é seguida pelo professor Tiago Fernandes, do Plano Salute. Uma técnica de psicomotricidade, de outra instituição, também dá terapias na sala porque a escola cede as instalações.