Sociedade | 27-05-2024 15:00

Mercado de Ourém continua a ser procurado mas o negócio está cada vez mais difícil

Mercado de Ourém continua a ser procurado mas o negócio está cada vez mais difícil
Elsa Claro, José Duarte, Laura Morgado, Paula Coelho e Maria Rosa

O Mercado Municipal de Ourém é um espaço de referência no concelho pela proximidade que existe entre comerciantes e clientes. Há vendedores que estão há décadas no mercado e que, afirmam, nos últimos anos o negócio tem sofrido grandes alterações. O MIRANTE esteve no mercado que continua a ser um local onde a qualidade é garantida.

Maria Rosa é uma das vendedoras mais antigas do Mercado Municipal de Ourém e, provavelmente, a que mais histórias tem para contar de um espaço que, nos últimos anos, tem perdido a afluência de outros tempos. A vendedora de 86 anos tem uma banca de venda de frutas e legumes e não há ninguém que fique indiferente à sua alegria e boa disposição. Na conversa com O MIRANTE, que decorreu durante uma manhã de quinta-feira, Maria Rosa explica que entrou pela primeira vez no mercado quando fazia de ama a uma criança, há mais de seis décadas. Entretanto casou e quis o destino que o seu marido fosse irmão da criança de quem tomava conta.
Maria Rosa não tem dúvidas de que a qualidade do serviço que se presta no mercado municipal é muita, embora lamente que o negócio tenha perdido fulgor nos últimos anos. No entanto, Maria Rosa, que vende o que produz, não baixa os braços e encara os dias com positividade e vontade de continuar, a mesma que tinha quando começou a trabalhar no mercado aos 22 anos. “Há muitos clientes que preferem vir ao mercado porque vendemos produtos da terra e porque temos uma relação familiar com eles. Muitas vezes somos os seus confidentes; conversamos sobre tudo, saúde, família, trabalho, entre outras coisas”, revela.
Elsa Claro, comerciante que vende frutos secos, sementes, azeitonas e tremoços, a poucos metros de Maria Rosa, concorda com a visão da vendedora mais antiga. Aos 44 anos, não hesita em afirmar que a pandemia foi um revés na capacidade de gerar negócio, embora agradeça a persistência dos seus clientes e amigos que continuam a preferir comprar produtos biológicos e que não abandonam a casa. “Tenho clientes fiéis que se tornaram amigos. Essa é a vantagem de ter um negócio de proximidade”, vinca. Elsa Claro vende no mercado de Ourém desde os 15 anos, sendo que a sua avó e a mãe já eram vendedoras de frutas, vegetais e frutos secos.

Um homem num mundo de flores
José Duarte também sofreu uma grande quebra nas vendas e confessa que tem alguma preocupação em relação ao futuro. O florista, de 63 anos, considera que o mercado perdeu o fulgor de outras épocas e acredita que é a carteira dos clientes que tem ditado as regras: “o poder de compra no nosso país está cada vez mais fraco, os produtos mais caros, e a escassez também tem contribuído para este flagelo”, sublinha, acrescentando que a concorrência dos hipermercados é outra das razões para a quebra. Para José Duarte há um grande problema com a passagem de testemunho. “Não há renovação de gerações, tanto os meus filhos como os filhos dos outros já não querem saber disto para nada”, lamenta, sublinhando que a autarquia pode fazer mais pelo mercado, nomeadamente na sua divulgação e diversidade de oferta.
Laura Morgado, vendedora de frutas e vegetais, e Patrícia Coelho, comerciante de pão, também não olham com bons olhos para o futuro do seu sector, mas garantem que vão continuar a ser uma opção de escolha para a população de Ourém e de concelhos vizinhos que pretendam comprar produtos de qualidade e criar relações de confiança entre vendedor e cliente.

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