Munícipe foi à reunião de Tomar exigir acesso público à praia fluvial de Alverangel
A última reunião de câmara de Tomar ficou marcada pela intervenção de Maria da Luz Lopes que foi pedir aos autarcas para chegarem a acordo sobre o acesso à praia fluvial de Alverangel, vedado pelos novos proprietários dos terrenos.
Presidente da câmara não se alongou na resposta, mas garantiu estar a trabalhar para encontrar uma solução benéfica para a população.
A munícipe Maria da Luz Lopes foi à última reunião de câmara de Tomar, que se realizou na segunda-feira, 13 de Maio, lamentar o facto do acesso à praia fluvial de Alverangel estar vedado. A munícipe falou no período dedicado ao público para pedir ao executivo de maioria socialista, presidido por Hugo Cristóvão, ajuda para que a praia volte a ter acesso público. Recorde-se que o acesso à praia fluvial de Alverangel, no concelho de Tomar, uma das zonas balneares mais frequentadas na região ribatejana, foi vedado com uma corrente pelos novos proprietários dos terrenos. A zona balnear, situada na Albufeira do Castelo de Bode, tem uma longa história de desavenças entre a Junta de São Pedro de Tomar, que foi condenada em 2016 a pagar indemnização de 200 mil euros à família Duarte Ferreira, que era proprietária dos terrenos.
Maria da Luz Lopes desabafou perante os autarcas da câmara referindo que a praia de Alverangel é “um lugar que faz parte das nossas vidas, onde estivemos com os nossos avós, pais, filhos e netos”, disse, acrescentando; “os meus filhos adoram aquele lugar e ficaram muito tristes com esta situação toda. É um lugar único e que deve ficar acessível por terra a todos os que disfrutam e apreciam a natureza”, sublinhou.
Hugo Cristóvão, presidente da câmara, voltou a recordar que o processo de acesso à praia fluvial é uma polémica de décadas e que não terá sido bem conduzido. Embora reconheça que os proprietários têm direitos, o autarca relembrou que o caminho sempre foi público. “Queremos que o processo decorra da melhor maneira, embora não se possa dizer tudo publicamente. Já falei com o presidente da junta para conhecer o historial e delinear um caminho. Estamos a tentar reunir com o proprietário, que não conheço”, explicou, assumindo que quer chegar a uma solução boa para todos e que não ponha em causa os seus direitos e que não limite a utilização da praia pela população. “Sem perceber se existe solução consensual não me vou alongar sobre as possibilidades caso a conversa não corra bem”, frisou.
Processo arrasta-se em tribunal
Maria da Luz Lopes será uma das três centenas de pessoas que já assinaram uma petição pública contra o encerramento do acesso à praia de Alverangel que, entre outras coisas, diz que os banhistas têm sido expulsos do local pelos novos proprietários. A história do caminho de acesso é longa e resulta de uma desavença entre um particular e a Junta de Freguesia de São Pedro que dura há mais três décadas. O conflito no chamado caminho do Zorro, na zona do Casalinho, Alverangel, começou quando a Junta de São Pedro interpôs uma acção em tribunal contra a família Duarte Ferreira por impedir o acesso das pessoas à praia. O tribunal deu razão à família que, posteriormente, avançou com um processo contra a autarquia, que terminou em 2016 com o tribunal a condenar a junta a indemnizar a família em 200 mil euros. O MIRANTE esteve no local em 2019 para percorrer o caminho da discórdia e falou com várias pessoas que consideraram que o caminho devia ser público uma vez que é o único que dá acesso à zona balnear.