Sociedade | 28-05-2024 07:00

Decisão sobre novo aeroporto com reacções desencontradas na Lezíria do Tejo

Decisão sobre novo aeroporto com reacções desencontradas na Lezíria do Tejo
Ricardo Gonçalves não escondeu a sua insatisfação com a decisão do Governo sobre o novo aeroporto. Pedro Ribeiro garante que a CIMLT está satisfeita com a decisão sobre o novo aeroporto

Enquanto em Benavente se rejubilou com a escolha do Campo de Tiro da Força Aérea para localizar o novo aeroporto internacional de Lisboa, o presidente da Câmara Santarém não escondeu o desagrado com a decisão do Governo da mesma cor política do município.

A decisão de construir o novo aeroporto internacional de Lisboa no Campo de Tiro da Força Aérea, maioritariamente localizado no concelho de Benavente, causou reacções desencontradas no seio da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), território onde se situa também a opção Santarém, que acabou descartada pelo Governo. Enquanto o presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho (CDU), rejubilou com a escolha, como demos conta na anterior edição, o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), não escondeu o seu desagrado com a decisão que considera ser a mais demorada e mais penalizadora para os contribuintes. Já o presidente da CIMLT, o socialista Pedro Ribeiro, também presidente da Câmara de Almeirim, num registo diplomático referiu que o que importa é que o novo equipamento fique no território da Lezíria do Tejo.

Autarca de Santarém diz que opção Benavente é mais cara e demorada
O presidente da Câmara de Santarém considera que a decisão de construir o novo aeroporto da região de Lisboa no Campo de Tiro no concelho de Benavente representa a solução “mais cara e demorada” para o país, sendo necessários 10 a 12 anos para ser concretizada. “Saúdo o Governo pela decisão, mas fizemos aquilo que é normal em Portugal: escolhemos sempre o mais caro e o mais demorado”, disse.
Para o autarca, esta decisão prejudica os contribuintes, enquanto a opção Santarém era “aquela que melhor aproveitava as acessibilidades já existentes” e que “promovia uma melhor coesão territorial”. Além disso, acrescentou, a opção Santarém reunia uma série de vantagens, nomeadamente o modelo de financiamento, suportado por privados, e o tempo necessário para construção da nova infraestrutura.
“Com esta decisão, serão necessários 10 a 12 anos para a construção do novo aeroporto, ao passo que em Santarém seriam necessários cinco a seis anos. É uma solução que seria mais rápida e menos onerosa para os contribuintes”, defendeu o autarca de Santarém. Sobre as questões ambientais, considerou que a opção Benavente apresenta alguns problemas, nomeadamente o “abate de sobreiros” e o facto de este território albergar uma “das maiores reservas de água doce do país”. Todas estas questões ecológicas e ambientais “podem vir a ser colocadas no futuro e colocar em causa a construção do aeroporto”, alertou.
Por outro lado, com a construção do novo aeroporto da região de Lisboa no Campo de Tiro será necessário “canalizar muito dinheiro para a construção de novas infraestruturas”, ao passo que Santarém “já tinha todas as infraestruturas necessárias”, acrescentou o autarca do PSD.

“É importante que o aeroporto fique na nossa região”
O presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, Pedro Ribeiro, ficou satisfeito com a localização do novo aeroporto no concelho de Benavente, referindo que vai ter um “impacto muito positivo” no território da Lezíria. “Estamos muito satisfeitos com o facto de a localização ser na Lezíria. Havia municípios que entendiam que deveria ser mais de um lado ou no outro, mas estamos satisfeitos e é importante que o aeroporto fique na nossa região”, disse o autarca, acrescentando que “o aeroporto vai ser importante para a Lezíria e vai dar uma boa resposta ao país”.
Recorde-se que na Lezíria do Tejo estavam sinalizadas duas opções como potenciais localizações para uma nova infraestrutura aeroportuária: Santarém e Benavente. Apesar de estes dois municípios terem opiniões diferentes no que diz respeito à localização do novo aeroporto, Pedro Ribeiro garante que a CIMLT está satisfeita com a decisão final, referindo que sempre defenderam “que a localização deveria ser na Lezíria, numa destas duas localizações, e foi isso que o Governo acabou por fazer”.
O autarca considera ainda que a localização do novo aeroporto, maioritariamente localizado em Benavente, vai potenciar o crescimento económico da Lezíria do Tejo. “O aeroporto terá naturalmente impacto naquilo que é o crescimento dos números da Lezíria do Tejo. Numa lógica de grandes números, o impacto vai acontecer” disse Pedro Ribeiro.
Apesar do impacto positivo que o aeroporto possa ter na região, o autarca alertou que é necessário melhorar um conjunto de infraestruturas para dar resposta ao novo aeroporto, nomeadamente ao nível das acessibilidades, “que irão ter uma maior pressão com esta infraestrutura”. “Há um conjunto de problemas, sobretudo no que diz respeito às acessibilidades (…) e às vias de comunicação, porque não é com estradas nacionais que se vai garantir o acesso ao aeroporto”, acrescentou.

Augusto Marques, presidente da Junta de Freguesia de Samora Correia

Junta de Samora Correia satisfeita com decisão que melhor serve o país e a freguesia

Presidente da Junta de Samora Correia lembra que, apesar de ser conhecido como Campo de Tiro de Alcochete, o Campo de Tiro da Força Aérea, onde vai ser construído o novo aeroporto, situa-se na sua freguesia e na de Canha.

O presidente da Junta de Freguesia de Samora Correia considerou que a escolha do Campo de Tiro, situado nessa freguesia, para o novo aeroporto de Lisboa é a decisão que melhor serve os interesses do país e da freguesia. “Vejo com agrado esta decisão porque parece-me ser aquela que melhor serve os interesses de Portugal, os interesses nacionais”, disse Augusto Marques, na sequência do anúncio da localização do novo aeroporto de Lisboa no Campo de Tiro, no concelho de Benavente.
O Campo de Tiro da Força Aérea, também conhecido como Campo de Tiro de Alcochete (pela proximidade deste núcleo urbano), fica maioritariamente localizado na freguesia de Samora Correia, no concelho de Benavente (distrito de Santarém), tendo ainda uma pequena parte na freguesia de Canha, já no município do Montijo, distrito de Setúbal.
O autarca eleito pela CDU afirmou ter a aspiração de que “a decisão [que viesse a ser tomada] revertesse sobre a freguesia de Samora Correia, mas também que fosse a melhor solução para o país”, considerando agora “ter sido tomada a melhor decisão”. Esta “vai ser uma infraestrutura muito importante para a freguesia e também para toda a região”, afirmou. Esperando que o projecto “agora avance com a velocidade normal deste tipo de empreendimentos”, o autarca estimou que o aeroporto possa estar operacional no período de uma década e que passe a ser designado como o novo aeroporto de Lisboa, em Samora Correia e Canha, freguesias onde se localizará.

ASASC congratula-se com aeroporto em Samora Correia mas alerta para localização das pistas

A Associação Social Amigos de Samora Correia (ASASC) congratulou-se com a decisão do Governo de avançar com a construção do novo aeroporto no Campo de Tiro, localizado nas freguesias de Samora Correia (Benavente) e Canha (Montijo).
A associação participou no período de consulta pública do relatório preliminar da Comissão Técnica Independente (CTI), responsável pela avaliação ambiental estratégica da futura infraestrutura. A ASASC acompanha a Câmara de Benavente na necessidade de reajustar para sudoeste a orientação proposta para as pistas do aeroporto para mitigar o impacto do ruído junto da população de Santo Estêvão, concelho de Benavente. A associação alertou ainda para o cuidado a ter com os 42 mil sobreiros existentes no polígono marcado para o novo aeroporto.
A ASASC sugeriu à Câmara Municipal de Benavente que crie uma comissão municipal que inclua o próprio município, a freguesia de Samora Correia, Instituto de Conservação da Natureza, Entidade de Turismo Alentejo Ribatejo, Companhia das Lezírias, associações ambientalistas, IPSS, forças de segurança, empresários e potenciais investidores, “de modo a acordarem estratégias conjuntas de planeamento para preparar a região para o futuro”.

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