Sociedade | 28-05-2024 21:00

O que atrai os novos médicos a ficarem nas unidades públicas no Ribatejo

O que atrai os novos médicos a ficarem nas unidades públicas no Ribatejo
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Ordem dos Médicos acolheu os novos clínicos numa cerimónia realizada em Alpiarça com a presença do Bastonário Carlos Cortes

Para além das questões financeiras, que já não são tão desequilibradas em relação ao privado, há várias condições nas quais se deve apostar para atrair mais médicos para a área abrangida sub-região do Ribatejo da Ordem dos Médicos, distrito de Santarém e zona de Vila Franca de Xira, como as condições das instalações, a qualidade de vida e possibilidade de os profissionais desenvolverem os seus projectos.

O MIRANTE esteve na iniciativa da Ordem dos Médicos de acolhimento aos que iniciam o internato e aos que já concluíram a especialização, em Alpiarça, e revela as preferências dos novos clínicos.

Ludovic Ventura é um dos novos médicos de família, que optou por ficar na região a trabalhar, quando muitos preferem ir para as suas zonas de origem ou para grandes centros. Nascido em França, para onde os pais emigraram, vive desde os sete anos em Ovar e o companheirismo, simpatia e afinidades que ganhou na zona de Santarém durante o tempo em que esteve a fazer o internato levaram-no a tomar a opção de preencher uma vaga na Unidade de Saúde Familiar (USF) Alviela, em Pernes. Ao útil juntou também o agradável de ter a namorada, natural de Santa Maria da Feira, também estar a tirar a especialidade na área a Unidade Local de Saúde da Lezíria e não está fora de hipótese assentar arraiais em Santarém, onde está a viver.
O médico foi um dos que participou numa iniciativa de acolhimento aos novos especialistas e aos que vão iniciar a formação especializada da sub-região do Ribatejo da Ordem dos Médicos, que também tem a missão de incentivar os profissionais a fixarem-se na região. A iniciativa, na qual participou o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, decorreu na Casa dos Patudos em Alpiarça. O presidente do conselho sub-regional do Ribatejo da Ordem dos Médicos e internista e intensivista no Hospital de Santarém, João Costa Lopes, diz que as dificuldades em fixar médicos nas unidades públicas na região não têm a ver apenas com questões financeiras. E a decisão de David Pina Trincão em trocar Lisboa por Santarém comprova a teoria.
O médico imunoalergologista de Almeirim, estava a trabalhar no Hospital Dona Estefânia e em Setembro do ano passado decidiu reforçar os quadros do Hospital Distrital de Santarém, considerando que num hospital de média dimensão se pode fazer a diferença. David Pina Trincão veio contrariar a corrente de falta de oportunidades em desenvolver os projectos de que se gosta, razão apontada por muitos para não ficarem na província, e já está a marcar a diferença com a implementação de testes cutâneos de alergia a antibióticos, realizados em situações específicas de suspeita de hipersensibilidade medicamentosa, permitindo a identificação de alternativas terapêuticas seguras e eficazes para cada situação, poupando-se recursos e reduzindo efeitos secundários.
Sara Rodrigues anestesista no Hospital de Santarém, natural de Leiria, explica que preferiu um hospital periférico, em vez de ficar em Lisboa, pela medicina de proximidade. Tomou essa opção porque também percebeu que num grande hospital era apenas mais uma médica e que no Hospital Distrital de Santarém, onde é anestesista, pode fazer a diferença. A profissional realça que Santarém está perto de Lisboa e é uma cidade onde se pode viver com uma boa qualidade de vida e construir uma família. Sara Rodrigues realça que uma das razões que a levou a fixar-se na cidade escalabitana, depois de ter trabalhado em Lisboa, foi a possibilidade de exercer medicina de proximidade.
João Costa Lopes explica que para se fixarem médicos no Serviço Nacional de Saúde também é importante investir nas infra-estruturas e equipamentos e dar capacidade aos médicos para fazerem o que gostam, “porque algumas vezes os internos fazem uma formação diferenciada e depois não podem aplicar os conhecimentos no seu hospital”. O bastonário, realçando que a carência de médicos não se faz sentir apenas em Santarém, que Lisboa também sofre desse problema, refere que para a fixação de clínicos é importante dar boas condições de trabalho, de formação, de investigação e de desenvolvimento de projectos. Carlos Cortes diz que estas são algumas das condições essenciais para que os médicos tenham “uma carreira que seja verdadeiramente dignificante”.

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