Sociedade | 03-06-2024 18:00

Mulheres de Paço dos Negros assumem a recuperação da igreja

Mulheres de Paço dos Negros assumem a recuperação da igreja
TEXTO COMPLETO DA EDIÇÃO SEMANAL
Sara Fernandes, Cláudia Tomé, Cristina Caniço e Alexandra Alves (da esq. para a dir.) da Fábrica da Igreja de Paço dos Negros, com o padre Bruno Filipe

Seis mulheres juntaram-se para assumir a Fábrica da Igreja de Paço dos Negros, concelho de Almeirim, que tem pela frente um desafio trabalhoso de recuperar o templo há muito carecido de manutenção.

Falta angariar 15 mil euros para as obras mais necessárias, como acabar com infiltrações ou dar mais condições à casa mortuária, o que não mete medo às católicas com fé no sucesso.

Seis mulheres, a maior parte com ligações comerciais e profissionais entre elas, começaram no dia 12 de Maio uma missão importante não só para os católicos como para a comunidade de Paço dos Negros, que é a recuperação da igreja da localidade que suporta 31 anos de utilização. Alexandra Alves, Cristina Caniço, Sara Fernandes, Cláudia Tomé, Susana Ricardo e Ana Duarte estão unidas na angariação de fundos para pagar as obras mais prementes, orçadas em cerca de 40 mil euros, sendo necessários, depois de vários apoios, arranjar cerca de 15 mil euros. As seis filhas da terra foram sendo cativadas pelo padre Bruno Filipe, que foi falando num desafio importante que tinha para elas, mas sem especificar. Ao fim de cerca de seis meses lá explicou o que era e deu como adquirido que todas aceitavam e assim foi.
Os problemas mais prementes de resolver são as infiltrações, as pinturas e dar melhores condições de conforto na casa mortuária. O pároco diz que a ideia é construir uma missão comum entre seis mulheres que assumiram a Fábrica da Igreja de Paço dos Negros, concelho de Almeirim, pelas características pessoais de cada uma, por estarem presentes e terem gosto em cuidar da igreja. Algumas chegaram a estar afastadas dos caminhos de Deus, mas voltaram à casa da fé quando os filhos começaram a andar na catequese. Como é o caso de Alexandra Alves, 43 anos, que há dois anos fez o crisma.
Cristina Caniço, 56 anos, era criança quando a igreja fechou às celebrações e afastou-se. Depois de casar foi à inauguração do actual templo, voltou a frequentar a missa e a sua filha Solange inaugurou a pia baptismal. Sara Fernandes, 47 anos, também se afastou da igreja quando foi para a universidade e regressou quando a filha foi para a catequese e hoje é também catequista. O que as liga é a fé e a vontade de construir algo pela comunidade que, dizem, podem não ir à igreja, mas empenham-se para a manter ao serviço da comunidade. Sara e Cláudia Tomé, que também é catequista, são as responsáveis pelas contas dos donativos, das oferendas nas missas e dos lucros das iniciativas, como as festas das sopas que decorrem todos os meses no largo da igreja.
No dia-a-dia os negócios aproximam quatro mulheres. Alexandra Alves é comerciante de fruta por grosso, que também compra a Cláudia Tomé, empresária agrícola. A contabilista Sara Fernandes faz a contabilidade de Alexandra e Cristina Caniço que tem uma oficina de mecânica com o marido trata dos arranjos dos carros destas amigas e companheiras da igreja. Susana Ricardo, que trabalha na área do marketing e comunicação em Lisboa, e Ana Duarte, que trabalha numa empresa de vinhos em Almeirim, não conseguiram estar presentes para a fotografia no domingo, 26 de Maio, após a missa das 11h00, mas estão de corpo e alma no projecto de dar melhores condições à igreja.
Um dos próximos objectivos que já está a ser sonhado por esta comissão, que se comprometeu a trabalhar durante três anos, mas que o padre está convencido que se irá prolongar por mais, é a o tratamento acústico do templo. Mais audaciosa é a intenção de criar condições para a catequese, uma vez que os quatro grupos com um total de três dezenas de crianças, juntam-se na sacristia, na igreja, na casa mortuária. Estas mulheres querem fazer com que todos sintam que a igreja é de todos e não do padre ou de quem a frequenta.

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