Políticos às turras em Alverca devido à falta de limpeza no espaço público
Problemas com limpeza de passeios e espaços públicos em várias zonas da cidade de Alverca, em particular no Bom Sucesso, Arcena e Sobralinho, têm suscitado queixas de moradores e agora também do ex-presidente da junta, Carlos Gonçalves, que acusou o actual executivo socialista de se comportar como uma comissão de festas.
A falta de limpeza e desmatação de vários espaços públicos no território da União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho tem gerado queixas de vários moradores a que se juntou agora a voz do ex-presidente da junta, Carlos Gonçalves. O autarca da CDU escreveu um desabafo que deu que falar na sua página pessoal nas redes sociais na última semana, a lamentar o estado em que se encontram algumas ruas da freguesia e a acusar o sucessor socialista, Cláudio Lotra, de estar a usar mal o dinheiro do orçamento da junta. “O senhor presidente e o seu executivo comportam-se como uma comissão de festas”, criticou Carlos Gonçalves, que é actualmente líder da bancada da CDU na assembleia de freguesia.
Depois de em assembleia de freguesia Cláudio Lotra ter apontado a proibição do uso de químicos e as alterações climáticas, com períodos de calor e chuva intensa, como principais culpados para a proliferação de infestantes, o rival político veio agora reagir às declarações, considerando-as “um atentado à inteligência” da comunidade. Carlos Gonçalves escreveu que a junta tem viaturas paradas que são essenciais ao desenvolvimento do trabalho do dia a dia e lamenta que Arcena, Bom Sucesso e Chasa estejam a sofrer com falta de limpeza. “Entre 2021/2024 o orçamento da junta passa de 1,8 milhões para 2,4 milhões. Mais 600 mil euros. O valor com aquisição de bens e serviços passa de 477 mil euros para 754 mil euros. Este aumento significa escassez de meios? Não, não representa. Representa melhores serviços? Não. Assim o demonstra o estado desta rua e de outras”, criticou.
O autarca da CDU lamenta também que em assembleia de freguesia não tivesse sido apresentado o inventário dos bens, direitos e obrigações patrimoniais da junta, lamentando o que diz ser um passivo consolidado de 211 mil euros na junta. “O senhor presidente tem o mérito de em 3 anos receber uma junta com obra feita e um saldo de gerência de 267 mil euros, ver o orçamento aumentar para 2,4 milhões de euros e agora, por meio de opções erradas, não ter dinheiro para pagar serviços essenciais”, critica Carlos Gonçalves.
Na última semana uma moradora da Rua António Sérgio, na Chasa, também escreveu ao executivo da junta a pedir com brevidade o corte de ervas e folhagem nas traseiras dos prédios da zona, para impedir a proliferação de infestantes e bichos.
Falta de memória e habilidade
A O MIRANTE Cláudio Lotra explica que uma das empresas que foi contratada pela junta para assegurar a varrição no Bom Sucesso, Arcena e Sobralinho cessou o vínculo com a junta no final de Abril e o executivo está a desenvolver o procedimento para fazer uma nova contratação. Até lá são os trabalhadores da junta que estão a tentar assegurar o serviço. O presidente reage às declarações de Carlos Gonçalves acusando o rival político de ter lapsos de memória. “Esqueceu-se rapidamente daquilo que são as dificuldades do dia a dia da junta de freguesia”, critica o socialista, lembrando que além dos espaços cuja manutenção é responsabilidade da junta há outros que são assegurados por empresas e outros ainda, como o Jardim Álvaro Vidal, que são mantidos pela Câmara de Vila Franca de Xira.
“Há várias imprecisões e inverdades nas declarações. Nomeadamente na questão dos investimentos. Não deixámos de investir na limpeza e higiene pública, temos tido dificuldades e as condições climatéricas têm contribuído para o crescimento rápido das espécies infestantes. Um compromisso que tivemos e fazemos questão de cumprir é a de não utilizarmos químicos”, explica Cláudio Lotra. Para o autarca “há várias formas de trabalhar com os números e quem seja mais habilidoso” na sua interpretação. “Os números são o que são, não escondemos nada ao contrário do executivo anterior que tinha muitas formas de camuflar os números. O que dizemos que é investimento é efectivamente investimento e o mesmo com as despesas correntes. Não fazemos como era a prática anterior de camuflar despesas correntes como investimento para dizer que investíamos muito”, reage. Cláudio Lotra diz não ter ficado surpreendido com a observação política do rival. “A política com P grande é feita de outra forma. Aquilo que foi feito foi política com P pequeno e isso para nós não é aceitável”, critica.