Sociedade | 08-06-2024 18:00

Violência, refeições e falta de aulas ao ar livre são principais queixas dos alunos do Cartaxo

Violência, refeições e falta de aulas ao ar livre são principais queixas dos alunos do Cartaxo
Estudo de caso envolveu uma amostra de 1.500 inquiridos e foi apresentado durante a Gala Praça da Felicidade

Bullying, comida dos refeitórios e falta de aulas ao ar livre são factores que não contribuem para a felicidade dos alunos dos agrupamentos de escolas do concelho do Cartaxo. Escolas, município, Universidade Autónoma de Lisboa e Unesco estabeleceram uma parceria para avaliar o grau de felicidade nas escolas do Cartaxo, um projecto pioneiro na Europa.

Os agrupamentos de escolas do concelho do Cartaxo - Marcelino Mesquita e D. Sancho I de Pontével - estiveram envolvidos no primeiro estudo de caso da Europa integrado na iniciativa Escolas Felizes da Unesco, em parceria com o Centro de Transferência de Conhecimento da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), Câmara do Cartaxo e Unesco. O número de inquiridos ultrapassou os 1.500, entre alunos (567), encarregados de educação (776), docentes e não docentes (204) de 12 escolas, tendo sido aplicados modelos com cerca de 75 variáveis. Na designada Gala Praça da Felicidade, assegurada inteiramente por alunos, foram apresentados os principais resultados que revelam que as escolas do Cartaxo são, em média, felizes em 3,8 numa escala de um (muito infeliz) a cinco (muito feliz).
A avaliação de felicidade dos alunos registou uma média de 3,5 e o que os deixa mais felizes é terem amigos na escola (4,3), espaços desportivos (4,1), espaços ao ar livre (4,0), actividades extracurriculares (4,0) e o desporto ser valorizado (4,0). O que os deixa mais infelizes são os materiais de estudo, computadores (3,1), número de visitas de estudo (3,0), bullying/violência entre colegas (3,0), a comida (2,5) e escassez de aulas ao ar livre, sem ser Educação Física (2,1).
Dos quatro grupos inquiridos, os docentes parecem ser os mais satisfetios, com um grau de felicidade de 4,1. O que melhor avaliam é a procura por atingir os próprios objectivos para que a organização atinja os seus (4,4), ambiente de trabalho (4,3), apoio da direcção (4,3), autonomia e responsabilidade (4,3) e confiança que a organização deposita no trabalho (4,2). O que pior avaliam são os processos de trabalho da organização (3,7), os colaboradores conhecerem e partilharem a visão da organização (3,4), meios e ferramentas de trabalho (3,2), rotatividade de funções (3,2), o salário e outros benefícios (2,7).
Seguem-se os não docentes com um grau de felicidade de 3,8. O que melhor avaliam é, também, a procura por atingir os objectivos (4,5), autonomia e responsabilidade (4,5), equilíbrio entre trabalho e vida pessoal (4,4), confiança da organização no trabalho (4,2) e o envolvimento com os valores da organização (4,2). Com pior avaliação está a possibilidade de novos desafios (3,7), reconhecimento pelo mérito (3,6), conhecimento e partilha da visão da organização por parte dos colaboradores (3,6), amizades no trabalho (3,5) e, mais uma vez, o salário (2,9).
O grau de felicidade dos encarregados de educação é de 3,7. O que os deixa mais felizes é os filhos terem amigos (4,3), bons professores (4,1), o tratamento dos professores (4,1), relação dos pais com os professores (4,1) e relação entre professores e alunos (4,1). O que pior avaliam são os equipamentos (3,1), a comida da escola (3,0), a existência de espaços verdes (2,9), espaços verdes adequados (2,8), psicólogos e outros técnicos em número suficiente (2,6).

Bullying é preocupação

Na opinião da vereadora da Câmara do Cartaxo com o pelouro da Educação, Fátima Vinagre, os agrupamentos de escolas devem continuar a utilizar a flexibilidade curricular de forma diferenciada e inovadora, mas o ensino também tem de ser repensado a nível central, porque no final do dia os recreios representam “uma hora no dia dos alunos”. Ana Belchior, da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas D. Sancho I, referiu estar preocupada com o bullying nas escolas e apontou, mais do que espaços verdes, para a necessidade de uma sala de convívio onde possam jogar cartas, matraquilhos, consola ou até ver uma série. “Muitas tecnologias também já têm, o que faz com que se isolem e não sejam tolerantes”, reforçou a representante da associação de pais do Agrupamento de Escolas Marcelino Mesquita, Estela Silva.
A Gala Praça da Felicidade decorreu no Centro Cultural do Cartaxo e contou com a presença em palco dos directores dos agrupamentos, Catarina Guerreiro (Pontével) e Jorge Tavares (Cartaxo), que falaram dos vários projectos implementados pelos agrupamentos; do presidente da câmara, João Heitor; do coordenador do projecto por parte da UAL, Ricardo Borges Santos; e da coordenadora do Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar da Lezíria do Tejo, Joana Carvalho, que revelou que no Cartaxo já foram envolvidos mais de 300 alunos nas Oficinas de Inteligência Emocional.

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