Queixas sobre ruído dos aviões em Alverca vão chegar ao Governo
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Vereador da CDU em Vila Franca de Xira diz que os impactos da recente mudança do tráfego aéreo na Portela estão a ser sentidos com intensidade no sul do concelho ao contrário do que defende a NAV e pede uma resposta do município. Presidente da câmara promete levar o assunto a uma reunião com o ministro das Infraestruturas.
O problema do ruído causado pelos aviões que sobrevoam o sul do concelho de Vila Franca de Xira desde que a NAV implementou em Maio um novo sistema de gestão do tráfego aéreo é um assunto que a Câmara de Vila Franca de Xira vai apresentar ao ministro das Infraestruturas numa reunião que já está pedida mas ainda não está agendada. A garantia foi deixada pelo presidente do município, Fernando Paulo Ferreira (PS), na última reunião de câmara onde a notícia de O MIRANTE sobre as queixas da comunidade veio a lume com o vereador Nuno Libório, da CDU, a juntar a sua voz a outras que também se queixaram.
O autarca comunista condenou o que disse ser “impactos sonoros gravíssimos” que a nova medida da NAV está a causar na comunidade. A NAV, empresa prestadora de serviços de navegação aérea no aeroporto de Lisboa, recorde-se, implementou um novo sistema de sequenciação - chamado “Point Merge” - para melhorar e reorganizar o tráfego no aeroporto da Portela mas a medida está a gerar dores de cabeça a quem vive no sul do concelho. “Essa alteração tem vindo a resultar num forte impacto sonoro em Alverca do Ribatejo. É sobejamente reclamada uma intervenção da câmara junto das entidades aeroportuárias para minimizar isto, porque desde 16 de Maio que se têm sentido fortes impactos sonoros na cidade que têm a ver com a alteração dos trajectos aéreos”, criticou Nuno Libório.
O presidente do município, Fernando Paulo Ferreira, garante que está pedida uma audiência ao ministro das Infraestruturas e que o assunto deverá também ser abordado. Sobre o ruído dos aviões também Cláudio Lotra, presidente da União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho, já tinha confirmado a O MIRANTE sentir um aumento do tráfego aéreo sobre o seu território. A vizinha autarca da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, Ana Cristina Pereira, confirmava o mesmo cenário.
O alívio pelo descartar da opção Alverca
O presidente da câmara aproveitou o tema aeroporto para criticar a ideia de instalar o novo aeroporto em Alverca. “Felizmente ficou afastada essa ideia peregrina de construir um aeroporto em cima da nossa cidade, aí sim com problemas enormes de ruído e incómodo e problemas ambientais na Reserva Natural do Estuário do Tejo”, criticou o Fernando Paulo Ferreira.
“Felizmente foram sensíveis a estes e outros argumentos. Do nosso ponto de vista e de descanso do dia-a-dia foi a grande notícia saber que Benavente foi o local escolhido”, notou o autarca socialista. O objectivo de Vila Franca de Xira é agora afirmar as suas potencialidades para instalação de mais actividades económicas no território, dada a proximidade com o futuro aeroporto de Benavente.
As explicações da NAV
A O MIRANTE, fonte oficial da NAV confirmou a criação de uma nova rota de saída dos aviões para Oeste, nas descolagens no sentido sul-norte para os voos que seguem rumo ao oceano, mas garantiu que essas alterações implicam impactos mínimos para a população. A NAV lembrou que muitas vezes as descolagens dependem das razões meteorológicas, já que os aviões devem levantar contra o vento e reagem às queixas dos autarcas e de vários moradores dizendo que “em caso algum” as alterações do novo sistema produziriam tamanhos impactos.
À margem/opinião
Moradores não podem ficar calados
O ruído dos aviões que tem vindo a ser sentido na Póvoa de Santa Iria, Alverca e Vialonga nas últimas semanas tem dado que falar. A opinião geral contraria as declarações da NAV a O MIRANTE. Soledade Martinho Costa, que assina um artigo de opinião sobre o assunto que pode ser lido na íntegra na página online de O MIRANTE, diz que agora o tráfego de aviões acontece a toda a hora e em alguns dias de quatro em quatro minutos. "Não se consegue ter descanso (...). São 3 horas e 20 minutos da madrugada e os aviões continuam a passar, perfeitamente impunes e indiferentes à insónia de cada um! É urgente fazer alguma coisa", apela. Para Soledade Costa, a NAV não pode ficar a ganhar com a situação e os alverquenses não podem ficar calados "quando um verdadeiro cataclismo se abate sobre eles". A poluição sonora e ambiental é, para Soledade Costa, "terrivelmente prejudicial ao ser humano", questionando sobre o que é mais importante em todo este processo: encurtar o trajecto para os Aeroporto de Lisboa ou preservar a saúde de quem vive em Alverca e nas proximidades.