Visitas guiadas revelam segredos do cemitério de Vila Franca de Xira
Circuitos culturais incluem a passagem pelos túmulos e mausoléus de personalidades do concelho de Vila Franca de Xira. Os participantes na iniciativa “Museus a Céu Aberto” podem ver os símbolos mais comuns nas lápides, a arquitectura dos jazigos, a história e outras curiosidades.
Ao longo de hora e meia cerca de uma dezena de pessoas fizeram uma visita guiada ao cemitério de Vila Franca de Xira, no âmbito da iniciativa “Museus a Céu Aberto”, dinamizada pelo município. A iniciativa centrou-se em figuras, especialmente ligadas à tauromaquia, que estão sepultadas no local, como o matador de toiros José Falcão, o cavaleiro José Mestre Batista e o forcado Ricardo Silva “Pitó”, mas também em outras individualidades como o escritor Alves Redol e os sacerdotes Vasco Moniz e António Paiva Afonso.
A técnica do serviço educativo do Museu Municipal de Vila Franca de Xira, Ana Serra, que conduziu a visita guiada, considera que esta iniciativa é importante para transmitir conceitos sobre o tema às novas gerações. “A comunidade local interage com o cemitério e as visitas guiadas são importantes para chegar às gerações vindouras”, refere. Maria Gomes, residente e dirigente associativa em Vila Franca de Xira, concorda, dizendo que há no cemitério da cidade coisas que a maior parte dos jovens desconhecem completamente, acrescentando que “a forma de culto está a mudar e que as visitas regulares aos cemitérios acontecem cada vez menos.
Durante a visita, Ana Serra explicou o que distingue este cemitério. “Temos os mausoléus, uma cultura muito peculiar em Vila Franca de Xira e que está patente em figuras da tauromaquia”, dando como exemplo o do matador de toiros José Falcão, que tem um relógio de sol “único em Vila Franca de Xira”. A técnica do município vincou ainda a imponência de monumentos que homenageiam os Combatentes da Grande Guerra ou os falecidos do terramoto de 1755.
A técnica sublinhou que na pré-história os seres humanos eram sepultados em posição fetal com os objectos que mais gostavam. Mais tarde, explicou, nos séculos XII e XIII, começaram a ser enterrados junto de igrejas, tal como foi possível perceber em escavações arqueológicas conforme sucedeu no caso do Senhor Jesus da Boa Morte. O pintor José Alexandre, de 68 anos, destacou que esta visita é uma oportunidade para “apreciar autênticas obras de arte e que, habitualmente, passam ao lado porque quando nos deslocamos aos cemitérios é para acompanhar entes queridos ou em contextos mais tristes”.
Apaixonada pela riqueza histórica dos cemitérios, a moradora em Vila Franca de Xira, Leonor Cotrim, considera que a visita ao cemitério permite perceber a arquitectura, as esculturas, os motivos nos jazigos, que reflectem a profissão das pessoas que estão sepultadas. O que, acrescenta, despertam as pessoas para a beleza da arte que se pode apreciar nos cemitérios.
A próxima visita guiada está agendada para 12 de Outubro, às 10 horas. No mesmo dia, pelas 16 horas, está prevista uma conferência intitulada “Património Cemiterial do Concelho de Vila Franca de Xira” no Núcleo Museológico de Alverca do Ribatejo.