Sociedade | 22-06-2024 18:00

Nadadores-salvadores lamentam pouco interesse pela profissão em Portugal

Nadadores-salvadores lamentam pouco interesse pela profissão em Portugal
Luís Costa e André Esteves afirmam que o sentimento de ajudar as pessoas é o mais enriquecedor da profissão

Luís Costa e André Esteves são nadadores salvadores na praia fluvial do Carvoeiro em Mação. Dificuldade do curso e a remuneração pouco atractiva são os principais motivos apontados para a falta de nadadores-salvadores em Portugal.

Luís Costa e André Esteves são os dois nadadores-salvadores responsáveis pela segurança e vigilância da praia fluvial do Carvoeiro, no concelho de Mação. André Esteves conhece bem a região, sendo nadador salvador há 10 anos, em locais como Marinha Grande, Torres Novas, Ourém, Ferreira do Zêzere e Agroal. Luís Costa está a viver a sua segunda experiência prática, tendo-se formado o ano passado. É de Castelo Branco, de onde sai todos os dias em direcção ao Carvoeiro, para começar o serviço às 10h00 da manhã, terminando às 19h00.
A ligação de André Esteves ao meio aquático começa como praticante de natação de salvamento e atleta de pólo aquático. Desde jovem que se sentia inspirado pela profissão e aos 18 anos decidiu tirar o curso. Actualmente o jovem de Nisa concilia a sua actividade profissional com alguns serviços de nadador salvador ao fim de semana, em piscinas municipais e outros locais, mas nos primeiros seis anos, apenas desempenhava a função durante a época de Verão.
A dificuldade do curso é o principal factor apontado por Luís Costa para a falta de nadadores-salvadores em Portugal. O curso consiste num mês de estudo para cinco exames finais para áreas como natação e socorro de vidas, com exercícios práticos e teóricos. “Não é nenhum bicho de sete cabeças, mas é preciso bastante estudo e empenho. Para quem não tiver nenhumas noções das áreas pode ser mais difícil, mas com algum esforço é acessível” explica o jovem.
Na opinião de André Esteves, a sazonalidade da profissão, muitas vezes procurada por jovens para trabalhar no Verão, é um dos principais motivos para a falta de nadadores-salvadores no país. “A legislação não protege os jovens nesse sentido. O trabalho é mais procurado no Verão e sobretudo por estudantes, mas muitos que têm direito a bolsa de estudo ao virem trabalhar podem perder esse direito, e o rendimento do trabalho não chega para todo o ano lectivo” lamenta o nadador-salvador. Acrescenta que a remuneração pouco atractiva é outra das lacunas. Com 10 anos de serviço, recorda o primeiro salvamento que fez, a uma criança. “Estava a ficar cansada dentro de água e algo aflita. Já tinha identificado a situação e foi possível agir rápido e não exigiu grande esforço, apenas acalmar a criança e retirá-la de água” explica.


A boa sensação de ajudar quem está em risco
O mês de Agosto é o de maior afluência à praia fluvial. Julho e, principalmente, Junho são meses com poucos banhistas, registando-se maior concentração apenas durante os fins de semana. Nos dias menos movimentados, aproveitam para fazer um reconhecimento das várias zonas da praia fluvial, verificar o estado dos equipamentos e necessidades materiais. Nas alturas de maior afluência, os dois nadadores dividem a zona balnear entre si, identificando as pessoas que parecem mais vulneráveis a riscos, dedicando-lhes mais tempo de observação, mas sem perder a noção de tudo o que está em redor.
Questionados sobre o que mais gostam na profissão, a resposta é unânime: ajudar os outros. Luís Costa gosta do sentimento de responsabilidade inerente à função e da possibilidade de salvar vidas. André Esteves afirma que a sensação de ajudar as pessoas não se consegue explicar por palavras e os dois nadadores salvadores defendem que é o mais enriquecedor da profissão. Para os dois jovens há características fundamentais ao exercício da função. “É preciso ser comunicativo e acessível. Estamos a trabalhar com pessoas e devemos saber como chegar a elas. Além da responsabilidade e da exigência de atenção que é preciso durante a vigia para identificar possíveis pessoas ou situações de risco” explica Luís Costa. André Esteves aponta a tomada de decisão e coragem de entrar dentro de água para salvar vidas como principais características.

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