Obrigado a usar guarda-chuva na sanita em casa da Câmara de VFX
Morador em Povos sofre há um ano de infiltrações de esgotos na casa de banho que estão a destruir a sua habitação e a afectar a qualidade de vida. Augusto Machão diz que já se queixou há quase um ano à Câmara de Vila Franca de Xira, proprietária do imóvel, mas até à data não houve solução. A autarquia promete obras.
Já lá vai quase um ano desde que Augusto Machão, de 82 anos, se queixou à Câmara de Vila Franca de Xira, dona da habitação onde vive, em Povos, de infiltrações de esgoto na casa de banho, vindas do apartamento do piso de cima, mas continua sem respostas para o problema. A situação obriga-o a abrir um guarda-chuva dentro de casa sempre que precisa de usar a sanita, uma situação incómoda que classifica como “indigna e revoltante”, pois diz pagar a renda a tempo e horas e nunca falhar com as responsabilidades que lhe são exigidas.
A casa de onde caem as infiltrações também é propriedade municipal, o que deixa o morador ainda mais estupefacto quanto ao motivo pelo qual a câmara demora tanto em arranjar solução para o problema. As infiltrações estão a impedir o uso em condições da casa de banho e também e a destruir uma parede e a deixá-la cheia de bolores verdes e tinta a cair. “Há dias em que a água é tanta que escorre para a marquise e já me avariou a máquina da roupa”, lamenta o morador a O MIRANTE, mostrando um estrado improvisado de madeira que foi obrigado a colocar para elevar a máquina e não a deixar em contacto com as águas de esgoto que caem do tecto. Entretanto as infiltrações já chegaram a um dos quartos, deixando-o com um irrespirável cheiro a bolor e mofo.
Perdeu tudo nas cheias de 1967
Augusto Machão nasceu em Vila Franca de Xira e passou a sua infância na casa de família perto do antigo tanque das lavadeiras. Começou a trabalhar aos 15 anos na serventia a pedreiros e depois trabalhou no Porto de Lisboa como estivador. Aos 26 anos, quando ainda morava com a mãe, foi vítima das cheias de 1967, onde perdeu as poucas coisas que tinha. “Éramos cinco em casa e de um momento para o outro ficámos com a cabeça encostada ao tecto com a água. Só me lembro de ouvir uma senhora de idade a tentar bater-nos à porta a pedir socorro”, recorda a O MIRANTE. Sobreviver a essa noite foi um milagre. “No meio da água apareceu-me uma tábua com um bico saído que me permitiu esgravatar o tecto e ir respirando”, conta, emocionado, o morador que dias depois teve de ir trabalhar para Lisboa com calças emprestadas. “Perdi as poucas coisas que tinha, foi tudo”, recorda.
Foi pouco depois que nasceram os seis blocos habitacionais onde hoje reside, na altura pela mão da Fundação Gulbenkian, que dá nome à rua. As habitações foram depois compradas pelo município. Augusto Machão tem três filhos, cinco netos e dois bisnetos. Vive sozinho desde que a mulher faleceu. “Já pedi ajuda à câmara para resolver isto mas nunca me responderam, gostava que me ajudassem e colocassem a casa em condições. Eu arranjava mas a casa não é minha”, lamenta.
Contactada por O MIRANTE a Câmara de Vila Franca de Xira confirma já ter efectuado uma vistoria técnica à habitação para aferir as condições de habitabilidade e as obras necessárias, “bem como apurar outras necessidades do morador”. O município promete ao nosso jornal priorizar a realização das obras na habitação, estando a empreitada já em fase de adjudicação.