Sociedade | 29-06-2024 12:01

Aldeias de Torres Novas contestam corte de "caminhos milenares" por proprietários de quinta

Aldeias de Torres Novas contestam corte de "caminhos milenares" por proprietários de quinta
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A população de três aldeias do concelho de Torres Novas contesta o corte com postes e correntes de alguns caminhos em torno da Quinta do Marquês, reivindicando a passagem por “caminhos públicos milenares”.

A população de três aldeias do concelho de Torres Novas contesta o corte com postes e correntes de alguns caminhos em torno da Quinta do Marquês, reivindicando a passagem por “caminhos públicos milenares”. Em declarações à Lusa, Margarida Manteiga, 47 anos, residente no lugar de Casais Sebes, disse que “os novos proprietários da Quinta do Marquês colocaram uns postes e correntes que vedaram o acesso à estrada romana [que liga ao Bom Amor] e à estrada que passa por dentro da quinta”.

Os dois acessos, explicou a cidadã, sempre foram do domínio público e utilizados pelas populações dos Casais Sebes, Gateiras e Valhelhas como acesso a Torres Novas, cidade que fica a cerca de três quilómetros das aldeias. “Estão a impedir a passagem de pessoas e veículos em estradas que são públicas, com correntes e uma placa que diz propriedade privada, e das quais a população destes lugares não abdica e nem foi consultada sobre esse assunto”, afirmou Margarida Manteiga, adiantando que desde 25 de Junho a população dos Casais Sebes está “enclausurada no meio do campo”.

Salientando que a estrada romana é pública desde há dois mil anos” e que, “nas últimas décadas, tem-se tornado um percurso pedestre muito utilizado pelas pessoas destas aldeias e de Torres Novas”, Margarida Manteiga recordou que “nos anos 60 houve uma tentativa por parte do Conde da Foz de vedar a estrada que passa por dentro da propriedade”. Contudo, relatou, a população manifestou-se e impediu o corte do acesso. Agora, a habitante no lugar de Casais Sebes, apela à intervenção dos responsáveis autárquicos. “Queremos que as correntes sejam retiradas e que continuemos a ter o acesso que sempre tivemos às estradas. Vamos apelar à junta de freguesia e à câmara municipal para reporem aquilo que é um direito de sempre aqui das populações”, adiantou.

Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira (PS), confirmou que foi informado sobre a situação pelo presidente da União das Freguesias de Santa Maria, Salvador e Santiago, onde se situa a Quinta do Marquês, tendo pedido aos serviços para verificarem o que se passa. “Para lá de fotografias e do contacto do presidente da União de Freguesias, ainda não tenho uma informação mais completa da parte dos meus serviços que, desde ontem [quinta-feira], começaram a aprofundar o assunto e ir lá inclusivamente aos locais”, disse o autarca, assegurando “compreender a indignação” da população.

Segundo Paulo Ferreira, “a Quinta do Marquês, Quinta de Santo António, faz parte da história de Torres Novas há muitos anos […] e sempre foi um espaço com possibilidade de passagem, utilizado entre as aldeias e os lugares limítrofes”, pelo que “a população habituou-se a utilizar muito aqueles caminhos”. O autarca disse ainda desconhecer “as intenções dos actuais proprietários”, mas que, para lá da intenção, há o direito público, ou não, de utilização daqueles caminhos. “É uma coisa que está a ser averiguada rapidamente, também pelos serviços do município, para tomarmos uma posição em relação a isso”, afirmou, insistindo que o município está a procurar esclarecer e resolver. “Vai tudo certamente correr bem. Sou optimista por natureza e quero acreditar que o bom senso e a força da lei também ajudam a resolver as coisas”, acrescentou.

Na quinta-feira à noite, durante a reunião da assembleia municipal, o presidente da Câmara de Torres Novas indicou que tem agendada uma reunião com os proprietários da Quinta do Marquês para a próxima semana. A agência Lusa tentou obter esclarecimentos sobre a situação junto dos proprietários da Quinta do Marquês, mas sem sucesso.

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