Novo aeroporto pode comprometer construção do IC3 entre Almeirim e Barquinha
José Eduardo Carvalho considera que a conclusão do IC3/A13 no troço que atravessa o Ribatejo pode estar comprometida pelos meios alocados para o novo aeroporto, mas exorta os autarcas a lutar por essa via e a não deixarem sair o assunto da agenda.
A conclusão do IC3/A13 entre Almeirim e Vila Nova da Barquinha “tem o futuro muito comprometido face à dimensão dos recursos públicos que irão ser mobilizados para o novo aeroporto”, mas os autarcas da região ribatejana não podem baixar os braços e deixar cair essa reivindicação. A afirmação é de José Eduardo Carvalho, presidente da direcção Associação Industrial Portuguesa (AIP) e ex-líder da Nersant, que exorta os autarcas a lutarem pela concretização dessa via e de outras acessibilidades, como a ligação entre Alcanede, Amiais e Santarém.
“É um desafio difícil mas não pode sair da agenda dos autarcas, para que esta região melhore”, declarou José Eduardo Carvalho numa conferência promovida em Santarém, na tarde de 20 de Junho, pela SEDES - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, onde foi um dos oradores. Sobre a conclusão do IC3, o presidente da AIP fez um breve historial de um projecto que está na agenda há mais de duas décadas, lembrando que “não arrancou no período fontista descontrolado do Governo de Sócrates; a seguir veio a suspensão devido ao resgate financeiro da troika; depois ficou condicionado pela contenção e pelo equilíbrio orçamental e pela redução do investimento público dos governos de António Costa; e agora é penalizado pelas restrições da Comissão Europeia que não deixa Portugal gastar nem mais um cêntimo em investimentos no sector rodoviário”.
Na sessão de abertura, o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, também criticou a falta de investimento público em infraestruturas na região nas últimas décadas, dizendo que a última grande obra que teve efeito multiplicador de que se recorda foi a construção da ponte Salgueiro Maia, que liga Santarém a Almeirim, inaugurada no início deste século. No Plano Nacional de Investimentos (PNI) 2030 não há um único projecto para o distrito de Santarém, enfatizou, acrescentando que é preciso pressionar Lisboa. “Temos que demonstrar também as dificuldades que temos, o que falta fazer, porque não está tudo bem”, afirmou o autarca sublinhando que a Lezíria do Tejo e o Médio Tejo têm dos piores indicadores económicos do país e muitos desafios pela frente.
Ricardo Gonçalves entende que o Governo deve olhar de outra forma para esta região e fazer mais investimentos indutores de desenvolvimento e que a ajudem a crescer. O aeroporto em Santarém poderia ser um importante impulso, tendo o autarca recordado que o relatório da Comissão Técnica Independente considerava essa a melhor opção para a coesão territorial do país, mas não a melhor para Lisboa. “São estes paradigmas que não nos fazem avançar”, lamentou.