Sociedade | 08-07-2024 07:00

Festa da Amizade celebrada com sardinhas de Peniche e críticas de comerciantes

Festa da Amizade celebrada com sardinhas de Peniche e críticas de comerciantes
Nuno Rodrigues, presidente Comissão Sardinha Assada 2024

Fornecedor do Porto Alto adquiriu 5 mil quilos de sardinha na lota de Peniche para ser assada na Festa da Amizade, em Benavente. À margem da festa, comerciantes não querem concorrência à porta e realçam quebras nos negócios durante o evento.

A tradicional Festa da Amizade em Benavente, conhecida pela famosa sardinha assada, teve este ano um clima adverso, com a chuva a marcar presença e a influenciar o primeiro dia de celebrações. Nuno Rodrigues, presidente da Comissão da Sardinha Assada 2024, afirmou que, apesar das condições meteorológicas desfavoráveis, o espírito da festa manteve-se firme. “Este ano fomos atraiçoados pelo tempo. O primeiro dia da Festa da Amizade ficou um pouco estragado pela chuva, mas ninguém pode controlar. O nosso único objectivo foi ter a sardinha, o vinho e o pão na rua, com toda a gente a festejar a amizade”, declarou Rodrigues.
A logística da festa envolveu a disponibilização de 5 mil quilos de sardinhas, 10 mil unidades de pão e 5 mil litros de vinho caseiro. As sardinhas, provenientes de um fornecedor do Porto Alto, foram adquiridas na lota de Peniche, e custaram cerca de 10 mil euros. O orçamento total da festa, organizado por uma comissão sem fins lucrativos, ascendeu a 120 mil euros. Mil quilos de sardinhas foram vendidos à população de Benavente nas primeiras horas da manhã de 29 de Junho, enquanto um novo carregamento de quatro toneladas foi oferecido à população na noite de sábado. “A Câmara Municipal de Benavente cedeu-nos o espaço do estaleiro para vendermos a quem se mostrou interessado”, explicou Nuno Rodrigues.

Críticas e impacto no comércio local
A festa, contudo, não esteve isenta de críticas. Um comerciante local, que preferiu manter o anonimato, expressou o seu descontentamento com a configuração do evento, destacando que os comerciantes locais são colocados de lado. “É preciso adaptar o negócio face à Festa da Amizade. Até fazemos mais negócio, mas fico indignado porque pagamos impostos durante todo o ano e outros vêm para cá explorar a festa, colocando casetas em frente aos cafés”, afirmou, apontando também responsabilidades ao presidente da câmara.
“A autarquia reúne com a comissão da festa o ano inteiro e os comerciantes ficam de lado. Não queremos que a festa seja só para os comerciantes, porque nós também não conseguimos dar resposta a esta gente toda, contudo nós pagamos os nossos impostos, viemos de dois anos de pandemia e durante as festas põem estas casetas à porta dos cafés. Esta terra é governada durante um mês pela comissão da sardinha assada”, lamentou o trabalhador da pastelaria D. Urraca.
Susana Belga, sub-gerente do restaurante Pizzas da Praça, notou uma diminuição no movimento da esplanada devido à chuva, mas referiu que o restaurante esteve cheio. “A festa da sardinha assada traz sempre gente ao nosso concelho, e como tal ficam a conhecer a zona e sempre dão um passeio no comércio local”, comentou. Já Paula Silva, técnica de vendas na Óptica Central, observou que a afluência não aumentou durante os dias da festa. “O ambiente é diferente nas ruas de comércio, mas durante estes dias a afluência não aumenta, exceptuando um ou outro cliente que procura os nossos serviços por causa de uma urgência”, disse.
Eduardo Sousa, da Loja do Eduardo, relatou uma queda de 50% no negócio durante a semana da Festa da Amizade. “As pessoas retraem-se mais porque precisam de gastar mais dinheiro para comer e receber quem vem”, explicou, atribuindo a redução de vendas ao aumento dos gastos dos consumidores em alimentação durante a festa e às dificuldades de trânsito.

Paula Silva, técnica de vendas e oficina na Óptica Central
Susana Belga, sub-gerente Pizzas da Praça

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