Sociedade | 08-07-2024 15:00

O desafio de pôr a crescer uma região em declínio populacional e com falta de mão-de-obra

O desafio de pôr a crescer uma região em declínio populacional e com falta de mão-de-obra
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Paulo Madruga diz que esta região enfrenta a dificuldade de não conseguir atrair população nem convergir com a média nacional no que toca aos indicadores económicos

O território do distrito de Santarém não consegue atrair população nem convergir com a média nacional no que toca aos indicadores económicos. É urgente envolver as chamadas forças vivas e traçar uma estratégia para dar a volta por cima. Conclusões extraídas de uma recente conferência da SEDES em Santarém.

As comunidades intermunicipais (CIM) da Lezíria do Tejo e do Médio Tejo deparam-se com um grave problema de declínio e envelhecimento da população e têm escassez de mão-de-obra qualificada e indiferenciada, o que impacta negativamente a actividade económica. Não surpreende por isso que estejam no vermelho por serem as sub-regiões que piores indicadores económicos apresentam, em contraponto com as CIM das zonas de Braga, Leiria ou Aveiro, as que mais se têm desenvolvido e estão acima da média nacional no que toca ao PIB (produto interno bruto) per capita.
Essa constatação foi deixada por Paulo Madruga, da Ernst & Young Portugal, na conferência “Que Centralidade para o Ribatejo? Principais vetores de desenvolvimento”, promovida em Santarém pela SEDES - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social. O orador referiu que esta região enfrenta uma dificuldade e um desafio, pois não consegue atrair população nem convergir com a média nacional no que toca aos indicadores económicos.
Afirmando que se trata de uma “situação complexa”, Paulo Madruga considera que o grande desafio passa por perceber quais os sectores que acrescentam valor à economia e apostar neles. Ou seja, traçar o diagnóstico e definir a terapêutica. A constituição da nova unidade territorial que vai unir os municípios da Lezíria, Médio Tejo e Oeste deve constituir um estímulo adicional para pôr mãos à obra e tentar reverter a dura realidade, também induzida pelo arrefecimento da economia da Área Metropolitana de Lisboa.
“Este é o grande desafio que este território tem pela frente. Podemos claramente dizer que é a primeira vítima da anemia de desenvolvimento de Lisboa. Mas é também parte da solução de Lisboa. Porque Lisboa precisa destes territórios. Senão, não sai desta anemia. Lisboa precisa que os turistas aumentem o seu tempo de permanência por cá. E como é que podem aumentar? Visitando estes territórios e usufruir deste imenso património natural e arquitectónico”, considera.

Organizem-se!
Paulo Madruga defende uma cooperação estreita entre os vários protagonistas da região no delinear da estratégia para o próximo quadro comunitário de apoio, após 2027, e soluções diferenciadas para cada território, rejeitando que se trate de forma igual o que é diferente. “É a pior forma de coesão possível. Uma das maiores fontes de divergência é tratar de forma igual. (…) Este território tem desafios específicos e tem de se organizar para ser tratado de forma diferente. Há uma oportunidade para o fazer assim tenham a capacidade de se organizar e arranjarem um processo colaborativo”, enfatizou.
Antes, a presidente do Conselho Coordenador da SEDES/Santarém, Salomé Rafael, já tinha aludido ao problema com que se confronta o tecido empresarial da região devido à falta de mão-de-obra. Refere que tem conhecimento de empresários que pretendem investir e que se queixam da dificuldade em encontrar pessoas qualificadas e mesmo com menos competências. A também directora da Escola Profissional do Vale do Tejo sublinha que é necessário pensar numa solução para o problema que a região enfrenta, dando o bom exemplo do município do Fundão, que implementou um projecto para atrair e fixar quadros que tem sido um sucesso.
O assunto cruzou as várias intervenções e o presidente da Câmara de Santarém constatou, logo a abrir, que o Ribatejo tem uma desvantagem comparativamente a outras regiões, que é contar com uma população envelhecida e onde a mão-de-obra escasseia. Mas diz haver grandes oportunidades de investimento, nomeadamente a nível da logística, que poderão ajudar a reverter o cenário.

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