Explicações da NAV sobre ruído de aviões em VFX não convencem autarcas
Queixas de moradores do concelho de Vila Franca de Xira por causa do ruído causado pelo tráfego aéreo continuam a chegar ao município e às juntas de freguesia. O presidente da câmara diz que as explicações que a NAV deu “não podem estar correctas”.
As explicações que a empresa de navegação aérea NAV, que gere o tráfego no aeroporto de Lisboa, deu ao município de Vila Franca de Xira não batem certo com os relatos que estão a ser sentidos pela comunidade e por isso o presidente da câmara, Fernando Paulo Ferreira (PS), voltou a oficiar a empresa para que esta explique melhor o que está a acontecer.
“Temos observado com a população que a rota que os aviões fazem e a altitude a que voam não é realmente a mesma que faziam antigamente. A informação que a NAV nos deu não pode estar certa. Não quer dizer que a NAV nos tenha mentido, mas informou mal de certeza. Já insisti para que nos expliquem bem o que se passou e tomem medidas para reduzir estes impactos”, criticou o autarca durante a última assembleia municipal, onde voltaram a ouvir-se queixas sobre o assunto.
A posição surge depois de, num primeiro momento, Fernando Paulo Ferreira ter dito que a justificação para o aumento de ruído seria a posição dos ventos dominantes nesta altura do ano, o que estaria a deixar a população com uma “sensação” de que o ruído estaria a aumentar. Declarações que não caíram bem junto de alguns moradores que continuam a lamentar o aumento do ruído, especialmente no período nocturno.
No portal Flight Radar, que cataloga todos os voos em curso nos vários aeroportos mundiais, é possível ver que da Portela estão a descolar perto de 320 aviões por dia e alguns moradores, como António Félix, da Póvoa de Santa Iria, conseguiram mesmo registar as diferenças das rotas que se sentiram desde que a NAV alterou o sistema de gestão de tráfego. “É licito concluir que temos agora diariamente a passar por cima da Póvoa de Santa Iria pelo menos mais 200 aviões, o que a juntar ao número dos que já o faziam, dará qualquer coisa como pelo menos 250 aviões por dia, 7.500 por mês, ou 75.000 aviões por ano, já deduzindo os dias do ano em que o vento não o permita fazer”, lamentou o morador na Assembleia de Freguesia da União de Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa.
António Félix quis saber o que a presidente da junta pensa fazer para ajudar a resolver o problema. “Como triste curiosidade, durante o dia 25 de Junho, levantaram de Lisboa 330 aviões e desde as 04h15 até às 09h00 já aqui tinham passado 70 aviões. Portanto, multiplicou-se por seis o número de aviões que sobrevoam a Póvoa e o Forte da Casa. E ainda pode piorar”, avisou.
Também na última assembleia de freguesia da vizinha União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e do Sobralinho o problema foi tema de conversa, com o presidente da junta, Cláudio Lotra, a juntar a sua voz ao coro de protestos, dizendo não ter ficado “nada descansado” com as explicações que a NAV deu aos eleitos e à câmara.
O problema, recorde-se, ganhou dimensão depois de O MIRANTE noticiar as queixas que começaram a surgir no sul do concelho desde que a NAV implementou, em Maio, um novo sistema de gestão do tráfego aéreo. A NAV diz ter implementado um novo sistema de sequenciação para melhorar e reorganizar o tráfego no aeroporto da Portela, mas a medida está a dar dores de cabeça a quem vive no sul do concelho.