Sociedade | 17-07-2024 07:00

Oliveiras e medronheiros ganham terreno ao pinheiro e eucalipto no Sardoal

Oliveiras e medronheiros ganham terreno ao pinheiro e eucalipto no Sardoal
FOTO ARQUIVO

Começa a haver uma maior sensibilização dos proprietários florestais para a substituição de espécies consideradas mais inflamáveis

Os eucaliptos e pinheiros estão a ser substituídos, nas aldeias do concelho de Sardoal por oliveiras e medronheiros, espécies mais eficazes na contenção dos incêndios, alterando a paisagem e, de caminho, também “a questão cultural”. Os eucaliptos e pinheiros que estavam demasiado próximos da estrada estão agora reduzidos a cotos de tronco. São as faixas de contenção secundária, da responsabilidade das autoridades locais (as primárias são desbravadas pelo Estado central e também há algumas por ali).

Ainda assim, é difícil manter o terreno totalmente limpo daquelas duas espécies muito inflamáveis, que renascem rapidamente e custam a eliminar, explica Nuno Morgado, comandante dos bombeiros municipais e coordenador municipal da protecção civil no concelho de Sardoal, enquanto guia a Lusa pelo território. “Ainda há três semanas mandei cortar isto e vejam como está”, desabafa, apontando para a erva que já desponta na berma. “Este está a ser um ano terrível”, diz.

Ainda que permaneça “a questão cultural” da posse dos terrenos, muitas vezes herdados, Miguel Borges diz que começa a haver uma maior sensibilização dos proprietários para a substituição de espécies prejudiciais. A cumprir o último mandato, Miguel Borges fala-nos junto a uma plantação de cactos, com a qual o proprietário fez uma faixa de contenção, retirando agora “algum rendimento” da produção de figos-da-Índia. “Tentamos sensibilizar as pessoas para que substituam por espécies agrícolas”, que evitam a perda de rendimento e, simultaneamente, protegem pessoas e bens, porque “podem retardar a evolução do incêndio”, realça, mencionando “uma grande vinha no Sardoal que impediu que o último incêndio chegasse às habitações”.

Outro caso de sucesso, que a Lusa observou no terreno, é o medronheiro, uma das plantas mais resistentes ao fogo, porque a seiva que liberta impede o crescimento de mato rasteiro. “Se as aldeias estiverem mais protegidas, os meios, quando há uma catástrofe, um incêndio, podem ir mais para a frente de fogo e não se preocuparem tanto com as aldeias e as pessoas e os bens”, assinala Paulo Pedro, presidente da Junta de Freguesia de Alcaravela, no poder local há quase 18 anos.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1694
    11-12-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1694
    11-12-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo