Marcas dos incêndios de 2022 ainda são visíveis em Ourém
O Município de Ourém, um dos mais afectados pelos incêndios em Julho de 2022, já despendeu mais de um milhão de euros para fazer face aos prejuízos decorrentes desses fogos, mas ainda há cicatrizes dessa tragédia. A reconstrução de uma habitação que ardeu ainda está por concluir, porque o apoio do Estado tarda em chegar.
O Município de Ourém, um dos mais afectados pelos incêndios em Julho de 2022, já despendeu mais de um milhão de euros para fazer face aos prejuízos decorrentes daqueles fogos, disse o presidente da câmara, Luís Albuquerque. “Só em estradas municipais é cerca de um milhão de euros”, afirmou o autarca, esclarecendo que há apoios que não foram contabilizados, destacando neste âmbito o trabalho do serviço de Ação Social da Câmara a famílias afectadas.
Quanto à reconstrução, orçada em 140 mil euros, da casa de primeira habitação que ardeu na aldeia de Santa Teresa fez no dia 12 de Julho dois anos, Luís Albuquerque admitiu que este processo tem sido um “romance grande”. “O IHRU [Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana] comparticipa com cerca de 80 mil e o município com a parte restante. O município já adiantou uma parte da verba, o IHRU ainda não pagou nada”, assinalou o autarca, referindo que se aguarda pela assinatura de um protocolo entre o IHRU e os proprietários da casa.
Segundo o presidente da câmara, “a casa está a avançar, mas o construtor apenas recebeu o dinheiro” que o município disponibilizou, tendo, ainda assim, a expectativa de que a reconstrução esteja concluída “no final do Verão”, caso não se registem mais atrasos e se o IHRU, que não respondeu à Lusa, “rapidamente disponibilizar a parte da verba a que se comprometeu”, precisou. Há dois anos O MIRANTE contou a história dos irmãos Luís e Jorge Marques que viram a casa onde moravam com o pai, já idoso, ser arrasada pelo fogo, na Aldeia de Santa Teresa. Na altura a empreitada contávamos que até a reconstrução estar finalizada, a família deveria ficar instalada numa casa, então em requalificação, cuja renda seria paga pela Câmara de Ourém durante o período de reconstrução.
Apoios a conta-gotas
Questionado sobre os apoios do Estado, o presidente do município reconheceu que, dentro dos condicionalismos e burocracias, “se está a conseguir minimizar os prejuízos que se fizeram sentir em 2022”. “[Estou] muito longe de estar satisfeito, mas conformado com aquilo que se foi conseguindo obter e que, obviamente, ajuda a minimizar os prejuízos causados”, declarou. Quando passam dois anos sobre os incêndios, Luís Albuquerque explicou que se está a recuperar, em várias freguesias, “estradas, caminhos municipais que ficaram muito afectados pelos incêndios”. Este é um investimento na ordem de “1,5 milhões de euros comparticipado com cerca de 600 mil euros” pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.
Algumas linhas de água foram também reabilitadas, um valor de 700 mil euros, totalmente suportado pela Agência Portuguesa do Ambiente, referiu o presidente da Câmara de Ourém, explicando que a autarquia se prepara para consignar uma última empreitada, de 1,2 milhões de euros, financiada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, que “permitirá recuperar os caminhos vicinais, caminhos florestais, que também ficaram deteriorados” pelos fogos.
“Além disto, tivemos também diversos programas de apoio a particulares”, declarou o autarca, lamentando, contudo, que só recentemente tenham sido desbloqueadas algumas verbas. Neste caso, os apoios são de 132 mil euros para um prejuízo apresentado de 378 mil euros. Luís Albuquerque reconheceu ainda que preparar melhor os territórios para que situações como a do Verão de 2022 não voltem a acontecer exigem “processos que não são feitos de um dia para o outro”, como a Área Integrada de Gestão da Paisagem das Serras do Norte de Ourém, para aumentar a resiliência aos incêndios com melhor ordenamento e promoção da economia rural, ou o cadastro. “Temos neste momento quase 21 mil terrenos identificados [através do Balcão Único do Prédio]”, adiantou, admitindo que o número ainda é longe daquilo que a autarquia pretende.