Sociedade | 23-07-2024 07:00

Alverca avança com núcleo de empresas à margem da ACIS de Vila Franca de Xira

Alverca avança com núcleo de empresas à margem da ACIS de Vila Franca de Xira
TEXTO COMPLETO DA EDIÇÃO SEMANAL
Cláudio Lotra e João Range

O presidente da Junta de Alverca já tinha manifestado no final do ano passado o seu desagrado com a forma como a associação empresarial ACIS estava a funcionar no sul do concelho de Vila Franca de Xira e decidiu agora apoiar o nascimento de um núcleo da Confederação Portuguesa de Pequenas e Médias Empresas. Presidente da ACIS diz-se surpreendido com as críticas.

A União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho, liderada por Cláudio Lotra (PS), vai apoiar a criação de um núcleo regional com sede em Alverca da Confederação Portuguesa de Pequenas e Médias Empresas (CPPME), passando ao lado da associação empresarial do concelho, que acusou de não ter actividade visível no sul do concelho e ter perdido o seu foco. O projecto conta com o apoio da junta de freguesia e o autarca espera vir a conseguir fazer o trabalho que, diz, a Associação Empresarial dos Concelhos de Vila Franca de Xira e Arruda dos Vinhos (ACIS) não tem conseguido fazer no seu território, a qual acusou de “não existir” no sul do concelho.
O processo de criação e instalação em Alverca de um núcleo da CPPME deverá ficar concluído ainda este ano, naquela que é a freguesia com mais indústria e comércio do concelho de Vila Franca de Xira. Em Novembro do ano passado, Cláudio Lotra já tinha manifestado a sua vontade de ver nascer na cidade uma alternativa de apoio aos empresários que não passasse pela ACIS, associação que acusou de não conseguir cativar ao longo do tempo novos associados e de ser uma entidade que “há muito perdeu o seu foco e o seu público”. Afirmou que se fosse feita uma contagem “se calhar mais de 90% dos empresários e comerciantes de Alverca não sabem quem é (a ACIS)”.
Foi por ver os empresários por sua conta que Cláudio Lotra decidiu acolher a possibilidade de criação de um núcleo regional do CPPME em Alverca, que permitirá que pequenos comerciantes e empresários possam ter apoio institucional, jurídico e de potencialização de candidaturas a fundos comunitários.
Contactado por O MIRANTE o presidente da ACIS, João Range, não esconde a sua surpresa pelas declarações de Cláudio Lotra, que acusa de nunca ter reunido com a ACIS para dar a conhecer o seu descontentamento e tentar encontrar uma solução. “Não sei quais são as bases que usa para ter essa opinião. Obviamente que não corresponde à realidade. Nunca falaram connosco sobre estas situações. Fui apanhado totalmente de surpresa e fiquei muito admirado”, critica.
O dirigente da ACIS lembra que a Junta de Alverca sempre teve boa colaboração com a ACIS, incluindo ter as portas abertas para a associação receber os associados da cidade. Por isso diz não compreender como a CPPME se vai instalar na cidade com o apoio da junta quando a ACIS nunca teve essa facilidade e tem de pagar do seu bolso as rendas das instalações, bem como garantir os pagamentos dos ordenados de quem lá trabalha no atendimento aos empresários.
“A CPPME é uma confederação eminentemente política, conectada com um partido e que tem uma determinada postura política. Nós nunca assumimos essas posições políticas e somos com muito orgulho associados da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal”, lembra o dirigente. O presidente da ACIS, João Range, lembra ainda a O MIRANTE que no passado Alverca também teve uma outra associação de empresários que faliu pouco depois de ser criada e, já nessa altura, “se ouviam estas queixas que não correspondem de todo à verdade”.

À margem/opinião

O estatuto da ACIS é importante mas não chega

"Quem não comunica não trumbica". Guardamos de memória a frase que é título de um artigo publicado em O MIRANTE há muitos anos da autoria do agora ex -administrador da Rodoviária do Tejo, Orlando Ferreira. Não é difícil explicar porque a aplicamos a este caso entre a Junta de Alverca e a ACIS. Temos vontade de ficar do lado do político que resolveu fazer frente ao líder associativo, metendo as mãos na massa. E a explicação é simples: a ACIS não comunica, uma associação empresarial tem que dinamizar o sector, tem que organizar iniciativas que mexam com a comunidade, tem que procurar parcerias, tem que fazer tudo para ser notícia, tem que dar a cara indo ao encontro dos seus associados e potenciais associados. O estatuto da ACIS não é suficiente para a sua sobrevivência e para o cumprimento dos seus objectivos. Talvez este abanão do político ao dirigente associativo dê resultados. Fazer queixinhas de quem é que devia procurar quem não é a melhor forma de enfrentar o problema. O MIRANTE está do lado de quem incomoda quem se acomoda.

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