Sociedade | 24-07-2024 10:00

Valorsul vai explorar até poder o aterro de Mato da Cruz

Valorsul vai explorar até poder o aterro de Mato da Cruz
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Autarcas e população não têm desarmado na luta pelo encerramento do aterro sanitário e com autárquicas à porta o assunto promete ganhar maior visibilidade

A empresa Valorsul pretende explorar o aterro sanitário situado na freguesia de Alverca até ao último momento que a legislação permitir. O plano de encerramento do aterro já está pronto mas só quando tiver aprovação das entidades responsáveis é que avançará.

A “montanha de lixo de Arcena”, como é conhecido entre os moradores de Alverca o aterro sanitário de Mato da Cruz da empresa Valorsul, que transformou a paisagem da zona e passou de um vale para uma montanha em 26 anos de actividade, vai continuar a ser utilizado até ao último centímetro e de acordo com a licença ambiental em vigor, válida até 2026.
Na sequência da notícia avançada por O MIRANTE há uma semana, de novamente se estarem a ouvir queixas da comunidade e dos autarcas por causa dos impactos do aterro sanitário, a Valorsul explica que não existiu qualquer alteração à operação de Mato da Cruz recentemente. Nomeadamente no que se refere à recepção de resíduos ou transporte e tratamento de escórias que pudesse fundamentar os maus odores ou a queda de pequenos flocos sobre Arcena nos dias de vento. Uma explicação que não bate certo com as queixas de quem ali vive.
“Temos equipas em permanência na instalação para garantir o normal funcionamento e manutenção do aterro”, garante a Valorsul, lembrando que a requalificação paisagística do espaço é parte integrante do processo de encerramento e selagem faseada, mas que essa será apenas “a última fase do processo”. O plano de encerramento do aterro, garante a empresa, já foi elaborado, mas está a aguardar aprovação por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo. “Após a sua aprovação será dado início ao processo de consulta e contratação das empreitadas referentes às selagens faseadas das células do aterro, que incluirão a requalificação paisagística”, explica a empresa.
Recorde-se que, como O MIRANTE noticiou, o aterro sanitário de Mato da Cruz, situado no alto de Arcena, Alverca, continua a provocar incómodos à comunidade e em especial nos dias de vento. Os autarcas confirmam que é preciso que a empresa que o explora, a Valorsul, faça alguma coisa para minimizar os problemas. No topo das queixas da população que vive perto do aterro estão os maus cheiros que, diz quem ali reside, estão a ficar mais intensos com o passar dos anos e são particularmente sentidos em dias de vento. No início do mês houve também quem se queixasse de estar a ver cair nos quintais e nos passeios flocos cinzentos semelhantes a escórias.
“A Valorsul diz-nos que toma medidas de mitigação sempre que os problemas acontecem mas nem sempre isso foi efectivo e as pessoas de Arcena sofrem com isso. É tudo pensos rápidos e (os problemas) vão continuar a acontecer enquanto o aterro existir, porque estamos a lidar com lixo”, criticou o vereador David Pato Ferreira, da Coligação Nova Geração (PSD/PPM/MPT). Também o vereador do Chega, Barreira Soares, entendia que a Valorsul “tem de cumprir a lei” e lamenta que até agora, a dois anos do fim da licença ambiental, se continue sem saber onde vai nascer o sucessor de Mato da Cruz. E Anabela Barata Gomes, vereadora da CDU, alerta para os riscos de uma eventual contaminação de solos. “As respostas são sempre evasivas”, diz, lamentando a postura da Valorsul.

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