Petição contra ruído dos aviões mobiliza moradores da Póvoa de Santa Iria e Alverca
Sem respostas visíveis da parte dos autarcas, a população da Póvoa de Santa Iria e de Alverca decidiu lançar a luta contra o ruído dos aviões sobre o seu território e quer juntar assinaturas suficientes para levar o assunto a discussão no Parlamento.
Os moradores da zona sul do concelho de Vila Franca de Xira não se conformam com o ruído dos aviões que as alterações promovidas pela NAV no tráfego aéreo vieram causar no território e por isso lançaram uma petição online visando exigir soluções rápidas que acabem com o problema.
À data de fecho desta edição, a petição online contava com 817 assinaturas e o objectivo dos promotores é reunir as cinco mil assinaturas necessárias para levar o assunto a discussão no Parlamento. A petição é dirigida ao presidente da Assembleia da República e aos deputados e é pedida a redução do ruído dos aviões no concelho, em especial na Póvoa de Santa Iria, Forte da Casa, Vialonga e Alverca.
Consideram os moradores na petição que, antes da alteração promovida pela NAV a 15 de Maio, e durante muitos anos, “os corredores aéreos utilizados nas partidas com direcção Norte eram, na grande maioria das vezes, via Mouchão da Póvoa ou Vale de Loures, e os aviões que se dirigiam para Oeste (Madeira, Canárias, Açores, Américas do Norte, Central e América do Sul), bem como na direcção Sul (Norte de África, Centro e Sul de África) eram colocados logo após a descolagem a sobrevoar o estuário do Tejo, onde o impacto era francamente reduzido”, subscrevem.
De um cenário de só esporadicamente, os moradores serem confrontados com o ruído dos aviões, passou-se para um “flagelo com intervalos, por vezes inferior a três minutos, que acontece diariamente, com início na madrugada e prolongando-se por todo o dia até pelo menos à meia-noite, dia após dia, castrando a possibilidade de descanso físico e mental da população”, lê-se no documento.
Os subscritores da petição falam de um “aumento brutal” de aviões a sobrevoar a zona, até seis vezes mais que no passado, transformando a vida num inferno e com impactos na saúde pública - “quer pelo ruído agressivo constante, muito provavelmente acima do que é permitido por lei, como também pelas partículas ultrafinas libertadas pelos aviões”, notam. Os subscritores pedem a reposição da anterior situação, “para protecção de uma população exposta e indefesa, sem culpa e merecedora de todo o respeito e consideração”.
Nem na reunião há descanso
As explicações que a empresa de navegação aérea NAV, que gere o tráfego no aeroporto de Lisboa, deu ao município de Vila Franca de Xira, não batem certo com os relatos que estão a ser sentidos pela comunidade e por isso o presidente da câmara, Fernando Paulo Ferreira (PS), voltou a oficiar a empresa para que esta explique melhor o que está a acontecer, não tendo ainda recebido resposta.
Tal como O MIRANTE já tinha noticiado, o autarca criticou publicamente a NAV, dizendo que esta não pode estar a dizer a verdade ao município quando diz que a medida não trouxe novos impactos que possam estar a gerar tanto alarido social. E, por isso, além da nova missiva que Fernando Paulo Ferreira escreveu à empresa, foi deixado um aviso, de levar o assunto directamente à tutela ministerial se nada for feito entretanto.
Isto, precisamente, numa reunião de câmara realizada na zona ribeirinha da Póvoa de Santa Iria em que de poucos em poucos minutos o ruído dos aviões quase abafava o diálogo dos autarcas.
Novo sistema de gestão de tráfego aéreo dá dores de cabeça
O problema, recorde-se, ganhou dimensão depois de O MIRANTE noticiar as queixas que começaram a surgir no sul do concelho desde que a NAV implementou, em Maio, um novo sistema de gestão do tráfego aéreo. A NAV diz ter implementado o novo sistema de sequenciação para melhorar e reorganizar o tráfego no aeroporto da Portela, mas a medida está a dar dores de cabeça a quem vive no sul do concelho.