Paul do Boquilobo merece ser mais conhecido e valorizado
O MIRANTE conversou com os autarcas com o pelouro do turismo da Câmara da Golegã e de Torres Novas, Diogo Rosa e Joaquim Cabral, respectivamente, sobre algumas das questões levantadas no 44º aniversário da Reserva Natural do Paul do Boquilobo. A conclusão é que ainda há muito a fazer pela promoção e valorização dessa zona protegida.
O turismo na Reserva da Biosfera do Paul do Boquilobo foi um dos temas discutidos no 44º aniversário da reserva natural. O MIRANTE questionou, à margem do fórum comemorativo, os autarcas da área de abrangência do Paul do Boquilobo e municípios co-gestores, com o pelouro do turismo, Diogo Rosa, da Câmara da Golegã, e Joaquim Cabral, da Câmara de Torres Novas, a partir de algumas conclusões e questões levantadas no painel.
Diogo Rosa afirma que existem investimentos que podem ser feitos para melhorar a visitação sem prejudicar a preservação e protecção das espécies, como a aquisição de um terreno privado em frente ao centro interpretativo: “No Verão é utilizado para pastorícia e no Inverno está alagado. Se o Estado o comprar facilmente se consegue abrir um dos canais do Almonda e alagá-lo durante todo o ano”. Joaquim Cabral acrescenta que o alargamento da área alagada servirá para facilitar a formação, informação e educação para os visitantes. Diogo Rosa discorda com o excesso de visitação, argumentando que são necessários dados concretos sobre a altura do ano e como pode ser limitada.
O autarca da Golegã discorda também que a actividade desportiva na área da reserva seja prejudicial, dizendo que são necessárias evidências, por exemplo, no que toca aos avistamentos de aves no dia a seguir ao evento. “Durante muito tempo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) pediu aos municípios para fazerem actividades relacionadas com a reserva e actividades desportivas porque era necessário para obter financiamento e mostrar que as estruturas de gestão estavam a funcionar na promoção do território; agora parece que se muda a estratégia de uma maneira radical sem que haja, na minha opinião, evidências”, revela.
Na opinião do presidente da OngaTejo – organização não-governamental do Ambiente que preside ao órgão de cogestão da Reserva da Biosfera do Paul do Boquilobo, Mário Antunes, “ainda estamos longe da carga máxima” e “um dos contributos do turismo tem sido a componente desportiva de eventos como a Feira Nacional do Cavalo, Xterra e Corrida da Biosfera, que passam pela Reserva Natural e da Biosfera e levam o conhecimento da região a outros pontos do país e do mundo”.
Promover e valorizar a marca
Um técnico referiu durante a sessão que muitos habitantes locais não conhecem o Paul do Boquilobo, nomeadamente os de Torres Novas. O vereador Joaquim Cabral reconhece esse problema, mas garante que o mesmo acontece com a Gruta das Lapas e o Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém e Torres Novas, o monumento mais visitado no concelho de Torres Novas, com cerca de 25 mil visitantes/ano. O autarca alerta para a necessidade de “um bom filme de promoção” do Paul do Boquilobo que dê enfâse à actividade económica e social e não apenas à reserva natural. “Há trabalho a fazer no sentido de valorizar cada vez mais a nossa marca da Reserva da Biosfera. De colocar o selo nas actividades socio-económicas do território”, refere. Joaquim Cabral acrescenta que as visitas guiadas são uma mais-valia e alerta também para a necessidade de vigilância e fiscalização, dado que pontualmente têm existido actos de vandalismo.
Conhecer as aves do paul
Durante as comemorações foi apresentado o projecto e a aplicação “Observação de Aves no Paul do Boquilobo e Rotas dos 5 Rios em eBike”, pelo coordenador geral da ADIRN – Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte, Jorge Rodrigues. A aplicação oferece um conjunto de mais de 50 fichas com as principais aves que se podem avistar e permite registar as observações, além de oferecer um jogo de identificação de aves para crianças.
A praga dos jacintos de água
Diogo Rosa defende, em declarações a O MIRANTE, que o Estado tem de olhar de maneira diferente para a Reserva Natural do Paul do Boquilobo, uma vez que o maior problema que existe de momento são as plantas infestantes como os jacintos de água. O autarca da Golegã diz que os municípios não têm capacidade técnica, financeira, nem sequer competência para resolver o problema dos jacintos. “Se o ICNF atesta que é o maior problema, o Estado tem de confiar naquilo que os seus serviços dizem”, vinca.