Falta de civismo transforma em lixeiras ruas da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa
Moradores da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa continuam a denunciar a falta de limpeza das ruas, lixo acumulado e a presença de monos na via pública. Uma situação recorrente que degrada a paisagem urbana e para a qual não tem havido resposta eficaz.
Continuam a chover reclamações dos fregueses da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, mas também de Alverca e de Vialonga, por causa da falta de limpeza das ruas, lixo nos ecopontos e contentores e proliferação de monos, com o poder local a denotar dificuldades em eliminar o problema. Todas as semanas chegam à redacção de O MIRANTE queixas, documentadas com fotografias, de pessoas que expressam a sua indignação com o cenário com que se deparam.
É o caso de Tiago Mota, residente na Póvoa de Santa Iria, que reportou imagens de roupa e cartão depositados na Praça Arquimedes Silva Santos. Já na Rua Padre Manuel Duarte, junto à Igreja de Nossa Senhora da Piedade, o sitio onde existiam contentores do lixo é agora local para despejar monos e todo o tipo de tralhas. O mesmo se passa na Rua José Nogueira Vaz, perto do Centro Comercial Serra Nova, onde despejam também detritos de obras como latas vazias de tinta, calhas e azulejos. O cenário é idêntico nas pracetas da Avenida Ernest Solvay, em alguns casos com lixo orgânico à mistura, comida em decomposição, mau cheiro e acumulação de insectos.
“Apesar dos reconhecidos esforços da Câmara de Vila Franca de Xira, com a recente instalação de novos ecopontos e ilhas de reciclagem, a falta de civismo de alguns e a falta de limpeza e de recolha do lixo está a transformar a Póvoa de Santa Iria numa lixeira a céu aberto, como nunca antes visto”, aponta Tiago Mota. Algumas destas situações de lixo acumulado duram há semanas consecutivas, refere.
Junta defende sensibilização mais eficaz
A presidente da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, Ana Cristina Pereira (PS), diz que tem alertado a Câmara de Vila Franca de Xira para a necessidade de uma campanha de informação sobre a recolha de monos, tanto em português como em inglês. A autarca refere que a junta tem sensibilizado os munícipes e sempre que são detectadas deposições ilegais de lixo comunica com a PSP para que sejam realizadas as diligências devidas de identificação e autuação por tais práticas.
Ao abrigo do acordo de execução celebrado entre a junta e a câmara existe uma lista das zonas que estão à responsabilidade de cada uma das entidades. “As zonas verdes da responsabilidade da junta são tratadas pelos trabalhadores desta autarquia, não havendo qualquer empresa contratada pela junta para o efeito”, diz. Este ano, e perante a dificuldade dos trabalhadores da junta limparem todas as vias e espaços públicos, foi contratada uma empresa para limpeza dos passeios nalgumas zonas. Ana Cristina Pereira admite dificuldades na manutenção dos espaços verdes até porque a junta deixou de usar herbicidas.
Em Julho de 2023, perante a falta de meios humanos e materiais, a junta comunicou à câmara que não tinha condições para continuar a recolher os monos e essa competência voltou para o município. A recolha de monos no concelho de Vila Franca de Xira obedece a periodicidade que está disponível no site da câmara, sendo que o cidadão pode contactar o número verde gratuito 800 206 726 para articular a deposição.
O município definiu uma campanha de sensibilização que incide não só sobre a separação de resíduos por tipologia, mas também numa correcta deposição dos monos. “No entanto, os serviços municipais detectam muitas vezes deposições incorrectas fora dos equipamentos, que estão muitas vezes vazios, às quais acrescem deposições de resíduos de grandes dimensões (monos) noutros dias que não os definidos pelo município para cada uma das freguesias”, refere a Câmara de VFX. Quanto à recolha de resíduos urbanos, os serviços municipais desenvolvem diariamente um trabalho, em articulação e colaboração com as freguesias, para garantir a qualidade global do espaço público.
À margem/opinião
Lixeira urbana
Quem reside há vários anos na Póvoa de Santa Iria ou no Forte da Casa repara nas mudanças da paisagem mas para pior, muito pior. Inevitavelmente quem calcorreia as ruas da freguesia vê lixo a voar, sujidade, erva nos passeios, nas escadas, junto aos prédios, folhas das árvores que se acumulam nos passeios e pilhas e pilhas de monos, dia após dia e sem término à vista.
Podem dizer que a culpa é de alguns cidadãos, claro que sim, e até da multiculturalidade. Mas porque é que há cidades no país que conseguem manter as ruas limpas e com melhor aspecto do que esta freguesia cujo cenário se tem vindo a degradar?
Os políticos locais mostram-se acomodados com o problema e dizem que não podem fazer mais nada. As respostas aos jornalistas e munícipes é de que existe falta de motoristas (recolha de lixo), que as empresas contratadas para manter os espaços verdes e fazer a deservagem não cumprem, que não têm meios humanos e materiais, que a culpa é das pessoas, e assim fica tudo na mesma. Assume-se que se vive numa freguesia que parece uma pocilga, com alguns porcos a sujar e os outros que se amanhem, mesmo que tenham comprado uma casa a preço de uma moradia T5 no cu de judas. Um cenário digno de um aterro sanitário com perda de qualidade de vida onde só se vê betão e em que os imóveis continuam a custar uma pipa de massa.