A mágoa de não conseguir construir casas na Parreira
Bruno Oliveira é presidente da União de Freguesias da Parreira e Chouto. Em entrevista a O MIRANTE desabafa o seu lamento nas questões da habitação e da desertificação do território.
Embora tenha sido eleito pelo partido que gere a autarquia, Bruno Oliveira bateu sempre o pé aos poderes instalados e criticou sempre quando se sentiu ignorado pelo município. O caso mais evidente é o facto do autarca estar há anos a tentar que a câmara municipal disponibilize terrenos para construção na Parreira, mas até hoje as preces foram sempre ignoradas. Uma entrevista de O MIRANTE a Bruno Oliveira que, entre outros assuntos, lamenta as consequências para a população do fecho do balcão da Caixa Agrícola da Chamusca.
A perda de população na última década é a grande derrota do actual executivo? Senti-me frustrado quando saíram os Censos em 2021. Não só eu como todos os presidentes de junta. Perder tanta população em tão pouco tempo é preocupante. Tivemos muito trabalho a fazer regulamentos de promoção para a fixação de população e construção de habitação e depois não conseguimos dar a oferta necessária à procura. Nós temos terrenos para fazer construção, as pessoas querem vir para cá, mas não podemos construir.
O que está a falhar? Sinceramente não percebo. Desde 2014 que comecei esta luta para criar e disponibilizar os lotes dos terrenos que são do município para construção porque muita gente me vem dizer que quer vir morar para a nossa freguesia. As respostas são sempre as mesmas. Hoje é falta de um regulamento, amanhã é a falta de cabimento para a infraestrutura, disponibilidade orçamental... Há sempre alguma condicionante. Faço pressão quase todos os meses, mas não sei se vamos conseguir disponibilizar os lotes.
É uma mágoa que fica? Sem dúvida. Estamos a falar de uma freguesia que perdeu 15% de população em 10 anos. Almeirim teve uma expansão a nível industrial muito grande e podíamos ter ganho com isso. As pessoas não se importam de fazer 10 ou 15 quilómetros para uma uma aldeia vizinha, como a Parreira, onde a câmara tem hectares que podia disponibilizar, mas não o faz. A minha maior mágoa é essa.
Isso também contribui para a falta de proximidade que existe entre a freguesia e a sede de concelho? Isso acontece desde há muito tempo, principalmente devido à falta de transportes. A nível escolar actualmente já está muito melhor, mas no passado não havia qualquer base de transportes para a Chamusca. Ainda hoje uma grande parte dos jovens escolhe Almeirim e Alpiarça para prosseguir os estudos. Dou mais um exemplo. Temos crianças, mas não temos creche. Para onde é que vão todas? Para Alpiarça e Almeirim.
Como é que a Chamusca tem apenas uma creche para toda a população? É uma grande lacuna. Posso confidenciar que recentemente estive a conversar com o presidente de uma IPSS do concelho e ambos concordámos que deve haver uma creche a norte, uma no centro e outra a sul do concelho. As creches são indispensáveis para fixar famílias.