Câmara da Golegã duvida da gestão de Veiga Maltez na Lusitanus da qual é accionista
O Município da Golegã e a associação que organiza a Feira Nacional do Cavalo, que por inerência é liderada pelo presidente da câmara, votaram pela segunda vez contra as contas da empresa Lusitanus.
Agora as duas entidades conseguiram mesmo a reprovação do relatório de contas por terem o apoio de outros accionistas, levantando dúvidas sobre a gestão do presidente da sociedade, Veiga Maltez, que nas últimas autárquicas foi destronado da presidência da câmara por António Camilo.
As contas da Lusitanus – Turismo Equestre S.A. de 2023 foram reprovadas pela Câmara da Golegã que é a maior accionista, com a ajuda da Associação Feira Nacional do Cavalo (AFNC), liderada pelo presidente da autarquia António Camilo. A decisão é justificada com queixas de alegada falta de informação financeira, mas em causa poderá estar uma guerra pelo controlo da sociedade presidida pelo anterior presidente da câmara, Veiga Maltez, que alega que as contas são feitas por uma empresa de contabilidade e analisadas por um revisor oficial de contas que é o mesmo do município.
O município é o maior accionista com cerca de 30% e juntamente com a AFNC têm praticamente metade da sociedade, mas não lhes é atribuído mais de 10% de direito de voto. Ou seja, a câmara e a associação não têm poder na estrutura accionista. No ano passado a autarquia e a associação já tinham votado contra o relatório de contas. Este ano a autarquia conseguiu ter do seu lado outros accionistas, pelo facto de invocar a falta de clareza das contas e ter dúvidas relativamente à forma como a sociedade tem sido gerida, mas Veiga Maltez garante, em declarações a O MIRANTE, que o relatório de contas corresponde ao que é exigível pelo Código das Sociedades Comerciais e que a sociedade é economicamente saudável e viável.
A Lusitanus, criada no tempo em que José Veiga Maltez era autarca, aluga espaços da Feira Nacional do Cavalo, que por sua vez é organizada pela Associação Feira Nacional do Cavalo, cujo presidente da direcção é por inerência, desde que foi criada em 1995, o presidente da câmara. E esse controlo de alguns espaços da feira é também um dos motivos que pode estar na base da discórdia dos actuais autarcas que gerem a câmara, eleitos pelo movimento independente 2021ÉOANO que destronou o PS de Veiga Maltez, uma vez que essas receitas não vão para a câmara, tal como o arrendamento de um restaurante.
Com a reprovação das contas foi deliberado marcar uma nova assembleia geral, depois de revistos os documentos apresentados. No entanto José Veiga Maltez realça que o revisor oficial de contas apenas refere que é necessário um aumento dos capitais próprios, não identificando incorrecções materiais. A questão do aumento de capital é outro ponto de discórdia entre a empresa e a câmara.
Na assembleia geral da sociedade de Maio de 2023 foi aprovado um aumento de capital para 900 mil euros, mediante a emissão de novas acções. Na altura a AFNC e a câmara, que representam 32.464 acções, abstiveram-se, tendo o ponto sido aprovado por accionistas representantes de 41.750 das acções. Só que até agora, passado mais de um ano, não se concretizou esse aumento de capital. A Lusitanus teve um rendimento em 2023 de 98 mil euros, segundo o presidente da direcção, sendo que o resultado líquido é negativo, mas segundo Veiga Maltez com os resultados positivos da exploração essa situação tem vindo a ser reduzida.