Samora Correia sem corrida de toiros com polémica acesa entre a ARCAS e Pedro Espinheira
Divergências sobre apoios financeiros e a coincidência com um concerto de 2023 estão no centro da controvérsia, com ambas as partes a trocarem acusações.
A tradicional Corrida de Toiros de Samora Correia, integrada nas Festas de Nossa Senhora da Oliveira e de Guadalupe, não se realiza este ano, o que gerou burburinho entre a população seguida de uma troca de galhardetes entre a Associação Recreativa e Cultural Amigos de Samora (ARCAS), responsável pela organização das festividades, e Pedro Espinheira, organizador da corrida nos anos anteriores.
Pedro Espinheira, que em parceria com a empresa Tauroleve tem promovido as corridas nos últimos anos, expôs, primeiramente, as razões da ausência do evento em 2024.
Segundo Pedro Espinheiro, a ARCAS nunca prestou apoio financeiro à organização das corridas, exigindo, contudo, o pagamento de um terrado, a entrega de convites e a entrada gratuita para campinos fardados. O ponto de discórdia emergiu em 2023, quando a corrida coincidiu com um concerto do artista Pedro Mafama, o que, de acordo com Pedro Espinheira, resultou num “prejuízo imenso” devido ao conflito de horários entre os eventos.
Pedro Espinheira afirma que o presidente da ARCAS, Ruben Vicente, teria assegurado que o concerto se realizaria apenas depois da corrida. No entanto, a apresentação de Pedro Mafama decorreu à mesma hora, o que Pedro Espinheira considerou ter sido um acto de “má fé”. Em consequência, o organizador pediu à ARCAS que não fosse cobrado o terrado referente a 2023, pedido que não terá sido aceite, e que terá sido a origem da não realização da corrida este ano.
Pedro Espinheira ainda alega que Ruben Vicente afastou a Tauroleve da organização de eventos tauromáquicos em Samora Correia. Apesar do impasse, Pedro Espinheira afirma que está disponível para promover a corrida em 2025, expressando o desejo de que a tradição seja preservada.
Por sua vez, a ARCAS reagiu refutando as acusações feitas por Pedro Espinheira. A associação afirma que a corrida de toiros nunca foi organizada por si, sendo sempre responsabilidade de empresas tauromáquicas. Este ano, a proposta apresentada por uma empresa foi considerada financeiramente inviável, levando à recusa da sua organização.
A ARCAS nega ainda ter sido contactada por Pedro Espinheira para a organização da corrida de 2024, classificando as suas declarações como “totalmente falsas”. A associação explica que o concerto de Pedro Mafama, realizado em 2023, estava planeado com antecedência e que os horários dos eventos foram ajustados para evitar sobreposição, com o concerto a começar perto da meia-noite. As alegações de “má fé” são, por isso, consideradas “incompreensíveis” pela direcção da ARCAS.
A associação esclarece ainda que Pedro Espinheira tem dívidas relativas aos anos de 2022 e 2023, o que também não terá sido resolvido. A ARCAS conclui que não há qualquer motivação pessoal ou interesse particular na sua decisão, reafirmando o compromisso da direcção em manter as tradições da cidade, incluindo a tauromaquia, em prol da comunidade de Samora Correia.