Sociedade | 18-08-2024 21:00

Moradores dos Casais Novos em protesto contra empresa por excesso de velocidade na passagem de camiões

Moradores dos Casais Novos em protesto contra empresa por excesso de velocidade na passagem de camiões
Moradores de Casais Novos penduram lonas em protesto silencioso contra a passagem de camiões

Quem passa nos Casais Novos e olha para as janelas das casas pode ler “Aqui a Santos e Vale não respeita a velocidade e os moradores. Queremos segurança já”. Residentes naquela zona residencial de Alenquer querem medidas imediatas até ser construída a nova estrada que vai acabar com o ruído.

Os moradores dos Casais Novos, Alenquer, intensificaram o protesto contra a passagem de camiões da empresa Santos e Vale na Rua do Batalheiro e Avenida da Juventude. Quem passa naquelas artérias vê lonas penduradas nas janelas com frases como “Aqui a Santos e Vale não respeita a velocidade e os moradores. Queremos segurança já; Não aguentamos mais noites sem dormir, fora camiões”.
O protesto é silencioso, mas serve para sensibilizar a comunidade e sobretudo os camionistas, que já têm abrandado a velocidade à passagem nos Casais Novos.
Recorde-se que os residentes têm a decorrer um processo em tribunal, onde pedem a aplicação de medidas cautelares para impedir a circulação de viaturas pesadas, dia e noite, na zona residencial. O barulho e a insegurança aumentou há cerca de um ano, quando os camiões foram impedidos pelo tribunal de passar na Passinha, também por processo judicial interposto por outro grupo de moradores contra a actividade da Santos e Vale.
A residir há 11 anos nos Casais Novos, Manuela escolheu a moradia por estar numa zona tranquila, mas no último ano tem sido uma dor de cabeça. Alterou a decoração porque os bibelôs começaram a trepidar com a passagem dos camiões e fez alterações nas janelas. O ruído intensifica-se a partir das 17h00 e continua pela noite dentro. “É uma zona em que as pessoas ao final do dia fazem caminhadas, mas não temos passeio nem ciclovias, é uma pista de rally para camiões. Investimos na casa, tempo e dinheiro e cada vez tem mais fissuras porque está junto à estrada que não tem capacidade para circulação de pesados”, afirma.
Isabel Gonçalves reside na rua do Batalheiro há cerca de oito anos e sofre com o mesmo. Lamenta a postura da GNR que diz não poder fazer nada e que não tem equipamento de controlo de velocidade.
Ana Cristina Soares mora na mesma rua, mas as preocupações maiores são com o filho, acompanhado nas consultas de patologia do sono. A falta de descanso e o acordar constante de noite têm agravado as convulsões e os médicos não podem passar mais medicação. “Por isso sou testemunha no processo, pelo meu filho. Eu tenho classe A de isolamento da moradia, que foi a última a ser construída e que já tem os critérios para estas situações”, relata.
Quem sai da porta da casa de Ana Cristina Soares mete logo um pé na estrada, que não tem passeio, sujeita a ser apanhada por um camião. Por causa do filho, a Câmara de Alenquer colocou há pouco mais de um mês dois pilaretes à sua porta que foram mandados abaixo a semana passada e por isso já não cumprem a sua função de sinalizar os peões. Também os jovens que frequentam a escola profissional passam em grupo para o restaurante de fast food que abriu recentemente, sujeitos a serem encostados ao muro por um camião. “O muro já está com marcas de um camião que roçou há pouco tempo e passam ali pessoas. Não é só um problema das pessoas que moram aqui. Os camiões neste momento estão a circular em todo o lado, aqui e na Passinha”, lamenta.

Moradores querem medidas até ser construída a nova estrada

A solução para o problema passa pela construção de uma estrada alternativa, que a Câmara de Alenquer já se comprometeu a pagar e que vai custar cerca de 1 milhão de euros. O presidente do município, Pedro Folgado, já tinha dito que não se compromete com datas, mas que a escritura do terreno para construir a estrada está para breve.
Até a estrada estar construída os moradores querem que sejam tomadas medidas para acabar com o ruído e prometem não baixar os braços. O MIRANTE questionou mais do que uma vez a empresa Santos e Vale, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.

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