Moradores dos Casais Novos em protesto contra empresa por excesso de velocidade na passagem de camiões
Quem passa nos Casais Novos e olha para as janelas das casas pode ler “Aqui a Santos e Vale não respeita a velocidade e os moradores. Queremos segurança já”. Residentes naquela zona residencial de Alenquer querem medidas imediatas até ser construída a nova estrada que vai acabar com o ruído.
Os moradores dos Casais Novos, Alenquer, intensificaram o protesto contra a passagem de camiões da empresa Santos e Vale na Rua do Batalheiro e Avenida da Juventude. Quem passa naquelas artérias vê lonas penduradas nas janelas com frases como “Aqui a Santos e Vale não respeita a velocidade e os moradores. Queremos segurança já; Não aguentamos mais noites sem dormir, fora camiões”.
O protesto é silencioso, mas serve para sensibilizar a comunidade e sobretudo os camionistas, que já têm abrandado a velocidade à passagem nos Casais Novos.
Recorde-se que os residentes têm a decorrer um processo em tribunal, onde pedem a aplicação de medidas cautelares para impedir a circulação de viaturas pesadas, dia e noite, na zona residencial. O barulho e a insegurança aumentou há cerca de um ano, quando os camiões foram impedidos pelo tribunal de passar na Passinha, também por processo judicial interposto por outro grupo de moradores contra a actividade da Santos e Vale.
A residir há 11 anos nos Casais Novos, Manuela escolheu a moradia por estar numa zona tranquila, mas no último ano tem sido uma dor de cabeça. Alterou a decoração porque os bibelôs começaram a trepidar com a passagem dos camiões e fez alterações nas janelas. O ruído intensifica-se a partir das 17h00 e continua pela noite dentro. “É uma zona em que as pessoas ao final do dia fazem caminhadas, mas não temos passeio nem ciclovias, é uma pista de rally para camiões. Investimos na casa, tempo e dinheiro e cada vez tem mais fissuras porque está junto à estrada que não tem capacidade para circulação de pesados”, afirma.
Isabel Gonçalves reside na rua do Batalheiro há cerca de oito anos e sofre com o mesmo. Lamenta a postura da GNR que diz não poder fazer nada e que não tem equipamento de controlo de velocidade.
Ana Cristina Soares mora na mesma rua, mas as preocupações maiores são com o filho, acompanhado nas consultas de patologia do sono. A falta de descanso e o acordar constante de noite têm agravado as convulsões e os médicos não podem passar mais medicação. “Por isso sou testemunha no processo, pelo meu filho. Eu tenho classe A de isolamento da moradia, que foi a última a ser construída e que já tem os critérios para estas situações”, relata.
Quem sai da porta da casa de Ana Cristina Soares mete logo um pé na estrada, que não tem passeio, sujeita a ser apanhada por um camião. Por causa do filho, a Câmara de Alenquer colocou há pouco mais de um mês dois pilaretes à sua porta que foram mandados abaixo a semana passada e por isso já não cumprem a sua função de sinalizar os peões. Também os jovens que frequentam a escola profissional passam em grupo para o restaurante de fast food que abriu recentemente, sujeitos a serem encostados ao muro por um camião. “O muro já está com marcas de um camião que roçou há pouco tempo e passam ali pessoas. Não é só um problema das pessoas que moram aqui. Os camiões neste momento estão a circular em todo o lado, aqui e na Passinha”, lamenta.
Moradores querem medidas até ser construída a nova estrada
A solução para o problema passa pela construção de uma estrada alternativa, que a Câmara de Alenquer já se comprometeu a pagar e que vai custar cerca de 1 milhão de euros. O presidente do município, Pedro Folgado, já tinha dito que não se compromete com datas, mas que a escritura do terreno para construir a estrada está para breve.
Até a estrada estar construída os moradores querem que sejam tomadas medidas para acabar com o ruído e prometem não baixar os braços. O MIRANTE questionou mais do que uma vez a empresa Santos e Vale, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.