Moradores da Coutada Velha exigem solução para cortes constantes no abastecimento de água
Residentes da Coutada Velha, em Benavente, enfrentam há semanas interrupções frequentes no fornecimento de água, situação que tem gerado indignação e apelos por respostas concretas das autoridades competentes.
Os habitantes da Coutada Velha, no concelho de Benavente, têm enfrentado cortes sistemáticos no abastecimento de água, uma situação que se prolonga há cerca de três semanas. As falhas têm ocorrido de forma imprevista, deixando a população revoltada. No domingo, 11 de Agosto, uma das habitantes viu mesmo água a correr por uma das portas do depósito da Coutada Velha, coincidindo com a “avaria grave no pólo de abastecimento de Vale Tripeiro”, conforme avançou a empresa Águas do Ribatejo.
Ana Paula Silva Jesus, residente na Rua dos Anjos, expressou a sua indignação, sublinhando que, apesar de eventuais avarias ou rupturas na rede, a situação tem vindo a agravar-se desde Maio, com cortes dia sim, dia não. “A Câmara de Benavente também pertence às Águas do Ribatejo, alguém tem que fazer pressão para resolver o problema”, afirma Ana Paula, que questiona ainda se os moradores terão direito a descontos nas facturas pelos dias sem água. A moradora, de 57 anos, conta episódios de menor pressão, falhas no abastecimento e interrupções sistemáticas nas últimas três semanas. A moradora remediou-se com garrafões de água, uma vez que o furo que dispõe não está a funcionar e elogiou a presença, em duas ocasiões, do auto-tanque dos bombeiros para colmatar as falhas no abastecimento. Ana Paula Jesus lamenta que a localidade esteja a ser ignorada pelos responsáveis. “A meio deste ano prometeram que iam arrancar com as obras do saneamento e nada”, lembrou.
Para Graça Gonçalves, que vive na Rua Domingos Caridade Durães, a situação é “inconcebível” e digna de “um país do terceiro mundo”. A moradora lamenta a falta de comunicação por parte da Águas do Ribatejo, que não informa com rigor o restabelecimento do abastecimento de cada vez que o mesmo é interrompido. “Exigimos que nos respeitem”, apela, dirigindo-se ao presidente da Câmara de Benavente. A empregada de escritório, de 56 anos de idade, que reside na Coutada Velha desde os 25 anos, classifica a questão da água na localidade como “um trinta e um”. “Isto já se arrasta, intensamente, há três semanas. As pessoas querem tomar banho, querem mudar a água aos animais ou fazer as coisas e nunca sabemos com que contamos”, desabafa.
Auxiliar de infância, Joana Silva, que reside na Rua da Primavera, partilha da mesma revolta, considerando a situação “uma vergonha”. Segundo a habitante, as falhas no abastecimento não são novas, mas têm sido constantes nas últimas semanas. “Todos os dias ao longo de três semanas a água andou a falhar”, desabafa a O MIRANTE, referindo ainda que o problema afecta não só o tempo sem água, mas também a qualidade da água. Com um bebé e um menino de cinco anos de idade, a residente de 28 anos lamenta que os responsáveis não tenham ligado “aos avisos e sinais” que a infraestrutura foi dando até ao agudizar a situação no dia 11 de Agosto. “Deixaram a situação chegar a este ponto quando estavam a existir avisos sobre avisos. Gastam dinheiro noutras coisas e não para ter bombas como deve ser e assegurar o abastecimento sem problemas”, frisa.
Andreia Correia, de 31 anos e também residente na Rua da Primavera, reforça a necessidade de obras urgentes na infraestrutura. “Ficar 26 horas sem água, como aconteceu, é impossível”, declarou, sublinhando a gravidade da situação. “Ainda consegui agilizar o furo, mas muita gente não tem essa hipótese”, concluiu a residente que cresceu e mora na Coutada Velha.
Avaria em pólo de abastecimento causou falhas de água
Uma avaria grave no pólo de abastecimento de Vale Tripeiro, que ocorreu no domingo, 11 de Agosto, provocou constrangimentos no fornecimento de água às localidades de Benavente, Coutada Velha, Samora Correia, Porto Alto e Arados. “Verificou-se o rebentamento de uma conduta, de grande dimensão, dentro da Estação de Tratamento de Água em Vale Tripeiro. Essa conduta alagou todo o espaço onde estão as bombas que garantem o abastecimento a todas estas localidades”, confirmou fonte da empresa Águas do Ribatejo. Os meios de emergência foram mobilizados e os sistemas de reserva foram activados para mitigar a situação. No entanto, fonte da empresa garantiu que “os sistemas de reserva não possuem a mesma capacidade que os principais e, face ao elevado consumo típico desta época do ano, foram insuficientes para assegurar o abastecimento em condições normais”.
As equipas das Águas do Ribatejo continuaram a trabalhar para reparar a avaria e restabelecer a normalidade no fornecimento de água. “Na segunda-feira, 12 de Agosto, resolvemos uma situação crítica, na Coutada Velha, que já ficou abastecida com três quilos de pressão, ainda abaixo dos quatro quilos habituais”, garantiu a mesma fonte.
Nesse mesmo dia, a empresa admitia estar a lidar com “um problema grave” no Porto Alto. “É nessa zona que se localiza um sistema alternativo que, devido à sobrecarga, colapsou. A avaria ainda se encontrava a ser reparada e no Porto Alto era a única situação onde existiam ainda pessoas sem água”, concluiu.