Bombeiros do Cartaxo têm um cão adoptado depois de um resgate animal
BREC nasceu dentro de uma manilha em Vale da Pedra, no concelho do Cartaxo, depois da mãe ter sido abandonada. Os Bombeiros do Cartaxo não só o resgataram como mudaram o seu destino. A 17 de Agosto celebrou-se o Dia Internacional do Animal Abandonado
BREC foi resgatado de uma manilha juntamente com a mãe e os irmãos recém-nascidos pelos Bombeiros Municipais do Cartaxo, que o adoptaram com a autorização do comandante Victor Rodrigues. O cão faz sucesso na sua página de Instagram com cerca de meio milhar de seguidores e até teve direito a uma festa no quartel no seu primeiro aniversário, a 13 de Abril. O MIRANTE quis saber o impacto da sua chegada à corporação a propósito do Dia Internacional do Animal Abandonado, que se assinalou a 17 de Agosto.
O nome BREC remete para a equipa de Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas dos Bombeiros do Cartaxo, presente no dia do resgate em Vale da Pedra. Mas BREC não foi treinado para participar em ocorrências e é um cão “muito meloso”, como descreve a bombeira Alexandra Ferreira, de 28 anos, há uma dezena na corporação. Foi um dos elementos que teve a ideia de adoptarem um animal, uma vez que a corporação já tinha tido outros cães. O bombeiro Fábio Caria conta que só se aperceberem de que adoptaram o rafeiro por causa da ponta da cauda branca que coincidia com uma fotografia. BREC, que se encontrava aos cuidados da APAAC – Associação de Protecção aos Animais Abandonados do Cartaxo, chorava sozinho na cela e houve necessidade de juntar um cachorro para lhe fazer companhia. O regresso do animal para junto da ninhada e da mãe foi o motivo para adoptarem BREC, segundo Alexandra Ferreira.
A bombeira revela que nos primeiros tempos BREC devorava os caixotes do lixo à procura dos copos do café, espalhava o lixo em frente ao quartel e fugia para a porta da sua casa, a poucos metros. Embora não participe em ocorrências, está presente em exercícios, formações e eventos como foi o caso do 25 de Abril no Cartaxo. Acompanha a formatura, sai para recados e serviços não-urgentes como o corte de árvores, e mantém-se sossegado. Tem uma cama debaixo da televisão, mas é na camarata feminina que dorme, aos pés da cama. É alérgico a relva e obcecado por bolas de ténis. Ao pequeno-almoço come patê e ao longo do dia a ração que é comprada por cada um dos bombeiros e biscoitos que estão à mão em qualquer parte do quartel. “Sempre que chegamos temos alguém para nos receber, quando saem os elementos todos fica sempre o operador de central e o BREC começou a fazer-lhe companhia. É uma segurança porque ele ladra a pessoas estranhas”, relata a bombeira. Fábio Caria conta que numa dessas ocasiões em que todos saíram, BREC aproveitou as cadeiras desarrumadas para lhes comer o jantar.
Abandono animal
Alexandra Ferreira revela que há muitos contactos por causa de animais perdidos, mas que nesses casos a responsabilidade é da GNR e APPAC, que conseguem ler o chip. Por norma os animais que salvam têm dono e são geralmente casos de subida a árvores e queda em poços, esclarece. Para Alexandra Ferreira, que tem uma gata, o abandono animal “é a pior coisa que podem fazer porque um animal de estimação é uma pessoa”, dando o exemplo de BREC, que “tem de ir ao médico, comer, tomar banho”.
Estima-se que em Portugal Continental existe quase um milhão de animais errantes, entre os quais 830 541 gatos e 101 015 cães, segundo o primeiro Censo Nacional dos Animais Errantes (2023), um trabalho realizado pela Universidade de Aveiro para o ICNF - Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e financiado pelo Fundo Ambiental.