Sociedade | 25-08-2024 12:00

Bombeiros do Cartaxo têm um cão adoptado depois de um resgate animal

Bombeiros do Cartaxo têm um cão adoptado depois de um resgate animal
BREC acompanha a formatura e está presente em exercícios, formações e eventos

BREC nasceu dentro de uma manilha em Vale da Pedra, no concelho do Cartaxo, depois da mãe ter sido abandonada. Os Bombeiros do Cartaxo não só o resgataram como mudaram o seu destino. A 17 de Agosto celebrou-se o Dia Internacional do Animal Abandonado

BREC foi resgatado de uma manilha juntamente com a mãe e os irmãos recém-nascidos pelos Bombeiros Municipais do Cartaxo, que o adoptaram com a autorização do comandante Victor Rodrigues. O cão faz sucesso na sua página de Instagram com cerca de meio milhar de seguidores e até teve direito a uma festa no quartel no seu primeiro aniversário, a 13 de Abril. O MIRANTE quis saber o impacto da sua chegada à corporação a propósito do Dia Internacional do Animal Abandonado, que se assinalou a 17 de Agosto.
O nome BREC remete para a equipa de Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas dos Bombeiros do Cartaxo, presente no dia do resgate em Vale da Pedra. Mas BREC não foi treinado para participar em ocorrências e é um cão “muito meloso”, como descreve a bombeira Alexandra Ferreira, de 28 anos, há uma dezena na corporação. Foi um dos elementos que teve a ideia de adoptarem um animal, uma vez que a corporação já tinha tido outros cães. O bombeiro Fábio Caria conta que só se aperceberem de que adoptaram o rafeiro por causa da ponta da cauda branca que coincidia com uma fotografia. BREC, que se encontrava aos cuidados da APAAC – Associação de Protecção aos Animais Abandonados do Cartaxo, chorava sozinho na cela e houve necessidade de juntar um cachorro para lhe fazer companhia. O regresso do animal para junto da ninhada e da mãe foi o motivo para adoptarem BREC, segundo Alexandra Ferreira.
A bombeira revela que nos primeiros tempos BREC devorava os caixotes do lixo à procura dos copos do café, espalhava o lixo em frente ao quartel e fugia para a porta da sua casa, a poucos metros. Embora não participe em ocorrências, está presente em exercícios, formações e eventos como foi o caso do 25 de Abril no Cartaxo. Acompanha a formatura, sai para recados e serviços não-urgentes como o corte de árvores, e mantém-se sossegado. Tem uma cama debaixo da televisão, mas é na camarata feminina que dorme, aos pés da cama. É alérgico a relva e obcecado por bolas de ténis. Ao pequeno-almoço come patê e ao longo do dia a ração que é comprada por cada um dos bombeiros e biscoitos que estão à mão em qualquer parte do quartel. “Sempre que chegamos temos alguém para nos receber, quando saem os elementos todos fica sempre o operador de central e o BREC começou a fazer-lhe companhia. É uma segurança porque ele ladra a pessoas estranhas”, relata a bombeira. Fábio Caria conta que numa dessas ocasiões em que todos saíram, BREC aproveitou as cadeiras desarrumadas para lhes comer o jantar.

Abandono animal
Alexandra Ferreira revela que há muitos contactos por causa de animais perdidos, mas que nesses casos a responsabilidade é da GNR e APPAC, que conseguem ler o chip. Por norma os animais que salvam têm dono e são geralmente casos de subida a árvores e queda em poços, esclarece. Para Alexandra Ferreira, que tem uma gata, o abandono animal “é a pior coisa que podem fazer porque um animal de estimação é uma pessoa”, dando o exemplo de BREC, que “tem de ir ao médico, comer, tomar banho”.
Estima-se que em Portugal Continental existe quase um milhão de animais errantes, entre os quais 830 541 gatos e 101 015 cães, segundo o primeiro Censo Nacional dos Animais Errantes (2023), um trabalho realizado pela Universidade de Aveiro para o ICNF - Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e financiado pelo Fundo Ambiental.

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