Sociedade | 25-08-2024 07:00

Santarém gasta mais com os Bombeiros Sapadores do que com as três corporações de voluntários

A Câmara de Santarém gasta muito mais com a sua corporação de bombeiros sapadores do que com os outros três corpos de bombeiros voluntários do concelho juntos.

Mas em termos de operacionalidade os Voluntários de Santarém garantem um número de emergências seis vezes superior, enquanto a de Alcanede faz mais do dobro dos serviços e Pernes o triplo. O município mandou fazer um estudo de operacionalidade das corporações, mas o presidente da câmara reconhece que com menor investimento nas corporações de associações humanitárias teria mais operacionalidade.

A corporação de bombeiros sapadores na dependência da Câmara de Santarém é a que vai a menos ocorrências de emergência de todos corpos de bombeiros da Lezíria do Tejo. Segundo os dados das ocorrências no primeiro semestre deste ano, os sapadores fizeram menos 249 serviços de emergência que os Municipais de Alpiarça e menos 139 que os Voluntários de Alcoentre (Azambuja) que têm dispositivos mais pequenos e populações muito menores. Mas a grande diferença é que os Voluntários de Santarém fazem seis vezes mais serviços de emergência que custam ao município menos de um terço do que gasta com os sapadores. Perante a fraca operacionalidade, a autarquia mandou fazer um estudo de operacionalidade das corporações que permitirá perceber o que pode fazer com a sua corporação. O presidente dos voluntários, Diamantino Duarte, diz que os dados são a prova de que os sapadores não são imprescindíveis ao socorro na cidade.
Nos primeiros seis meses de 2024 os Voluntários de Santarém fizeram 2633 serviços de emergência, enquanto os sapadores fizeram 458. As outras duas corporações do concelho, Pernes e Alcanede, ambas de associações, fizeram entre mil e 1850 emergências. A câmara investe anualmente mais de 1,4 milhões de euros nos quatro corpos de bombeiros, sendo que a de sapadores custa mais que as três corporações voluntárias juntas. O valor investido no sector inclui apoios protocolados, apoios extraordinários e co-financiamento das Equipas de Intervenção Permanente no valor de aproximadamente 215 mil euros a cada corporação de bombeiros voluntários e o restante correspondente à remuneração dos 32 elementos da Companhia Sapadores de Bombeiros de Santarém.
Questionado por O MIRANTE, o presidente da câmara diz que os municípios que têm bombeiros sapadores têm custos muito mais elevados do que aqueles que só têm bombeiros voluntários. Mas Ricardo Gonçalves salienta que “é um facto indesmentível que se o município não tivesse sapadores (antigos bombeiros municipais), poderia apoiar muito mais as associações de bombeiros voluntários, e com menor investimento do orçamento municipal teria mais operacionalidade. O autarca acrescenta que se tiver de contratar mais 40 sapadores iria gastar mais um milhão de euros, atendendo a que cada dez bombeiros afectos ao quadro do município custam em média 250 mil euros anuais, o que, realça, é incomportável.
Ricardo Gonçalves reconhece que se reforçar as verbas atribuídas às corporações de voluntários, em 300 mil euros anuais, teria um ganho de operacionalidade equivalente ao investimento de um milhão nos sapadores. O autarca já não acredita na eficácia de um reforço de competências da corporação que tutela, que chegou a defender, mas que, sublinha, teve uma grande oposição por parte de vários bombeiros. “Hoje defendo o contrário, acreditando que as associações humanitárias de bombeiros voluntários devem ver reforçadas as suas competências e os seus apoios”, refere, salientando, num recado para o seu quartel, que “as corporações de voluntários têm muitos e bastante qualificados bombeiros profissionais”.
Abordado sobre as reivindicações laborais e sindicais dentro do quartel municipal, Ricardo Gonçalves responde que “os sindicatos são importantes, mas há um sindicato que tem feito muitos disparates, até exigir coisas impossíveis de concretizar aos executivos”, acrescentando que colocou várias vezes o Município de Santarém em tribunal e perdeu sempre”.

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