Sociedade | 27-08-2024 18:00

Antiga sede do Atlético Povoense é abrigo improvisado e sem condições para trabalhadores imigrantes

Antiga sede do Atlético Povoense é abrigo improvisado e sem condições para trabalhadores imigrantes
TEXTO COMPLETO DA EDIÇÃO SEMANAL
Na antiga sede do Povoense têm sido vistos imigrantes a pernoitar

A antiga sede do União Atlético Povoense, situada na Rua da República, na Póvoa de Santa Iria, foi transformada num albergue improvisado para mais de 12 trabalhadores imigrantes.

O imóvel foi arrendado há cerca de um ano para a exploração do bar, mas sócios e comerciantes relatam que entram e saem imigrantes todo o dia e que vivem ali em condições de insalubridade.

A antiga sede do União Atlético Povoense (UAP) está transformada num albergue para trabalhadores imigrantes. O edifício, propriedade do clube, está localizado na Rua da República, na Póvoa de Santa Iria, e foi arrendado há cerca de um ano a um imigrante para exploração do bar. Mas a O MIRANTE os sócios mais antigos do UAP relatam que o piso de cima do prédio tem dado dormida a mais de 12 imigrantes, que vão entrando e saindo do edifício à socapa, depois de espreitarem para a rua.
Os comerciantes locais também já se aperceberam do que se passa e contam que ao longo do dia entram e saem imigrantes aos dois e três de cada vez. “Vivem ali sem condições e se calhar nem têm luz nem água. É uma tristeza e não se admite”, desabafa uma comerciante.
A antiga sede do clube funcionou muitos anos como café e era um ponto de encontro dos sócios. Com o passar dos anos deixou de ser viável manter o negócio que só dava prejuízo. O prédio está numa rua da chamada Póvoa “velha”, junto à estação de comboio, onde não se pode estacionar e onde é difícil arranjar lugar para o carro.
O UAP arrendou o imóvel, que continuou a ter o bar aberto ao público, mas quem lá estava deixou de pagar renda. Há um ano o clube arrendou o espaço ao actual inquilino, mas com contrato de exploração de bar e apenas com essa finalidade. O presidente do UAP, António Fonseca, lamenta a situação, que acaba por ser o reflexo do que se passa um pouco por todo o país e garantiu que ia tomar medidas. Numa das visitas que fez à antiga sede diz que viu um colchão no chão e na ocasião avisou o inquilino.
A renda mensal de aluguer do imóvel são 500 euros que foram pagos antecipadamente pelo actual inquilino imigrante. António Fonseca diz que ninguém quer ir para aquele espaço porque só dá prejuízo e que os sócios têm de perceber isso. “Os sócios que se cheguem à frente, juntem-se e vão para lá. Não é só criticar o clube. Nas assembleias gerais ninguém quer saber e aparecem dois ou três sócios e nós temos de tomar decisões. Falou-se do arrendamento numa reunião e ninguém apareceu”, lamenta.

À Margem/Opinião

Um problema que se está a tornar crónico

O que se passa na antiga sede do União Atlético Povoense vem pôr o dedo na ferida de uma realidade que é cada vez mais comum na cidade da Póvoa de Santa Iria. Na rua, as pessoas comentam o assunto e até dizem que no prédio onde vivem se passa o mesmo. Dezenas de imigrantes enfiados num T1.
As casas são arrendadas a um imigrante que por sua vez cobra as dormidas aos seus pares, em condições miseráveis e muitas vezes sem água e luz. O mesmo colchão serve para três e quatro homens que saem para trabalhar e regressam para dormir. Acordam, vão trabalhar, dão a vez ao próximo e assim sucessivamente. Em negócios espalhados pela cidade as pessoas sabem que o colchão é colocado no chão da cozinha ou da mercearia e que servem de albergue quando as portas ao público se fecham. “Já fiz queixa à PSP mas eles ainda lá estão”, disse ao nosso jornal uma testemunha com 86 anos.

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