Carta aberta em Arruda dos Vinhos pede cuidado na desmatação do Rio Grande da Pipa
Documento dirigido à população pela Comunidade do Alimento Arruda e Arredores avisa para a existência de mais de 50 espécies de flora que podem ficar em risco caso não haja cuidado na hora de cortar as canas do rio.
A vegetação ribeirinha que existe nas margens do Rio Grande da Pipa, em Arruda dos Vinhos, é composta por mais de meia centena de espécies de flora que devem ser preservadas e por isso na hora de cortar a vegetação invasora, como as canas, é importante que nem tudo seja desbastado sem critério. O alerta foi lançado na última semana numa carta aberta pela Comunidade do Alimento Arruda e Arredores (C3A), um grupo informal de moradores do concelho de Arruda dos Vinhos que O MIRANTE já deu a conhecer numa das suas últimas edições.
Na carta emitida, a C3A diz ter tomado conhecimento de várias vozes que têm exercido pressão sobre o executivo camarário para que sejam realizados cortes substanciais na vegetação ribeirinha do rio e por isso lança um apelo. “Consideramos que a vegetação está em equilíbrio, apenas com excepção das canas que são uma espécie exótica invasora e que se encontram em excesso e em expansão. Apelamos a que, a existir algum tipo de intervenção, seja exclusivamente direcionada às canas, com o mínimo de perturbação possível nos restantes elementos do ecossistema do Rio Grande da Pipa”, lê-se no documento.
Um dos projectos desenvolvidos pelo pela C3A tem, como base, o projecto Rios, coordenado em Portugal pela Associação Portuguesa de Educação Ambiental, que visa a participação social na conservação dos espaços fluviais. Nesse âmbito, têm sido feitas pela C3A saídas de campo para observação do Rio Grande da Pipa, no troço que atravessa o Parque das Rotas em Arruda dos Vinhos. Na última saída, em Junho, a comunidade fez um levantamento das espécies botânicas existentes nos taludes e no leito do rio, tendo sido observadas mais de 50 espécies de flora diversa, sendo que destas foram identificadas pelo menos 28 espécies características de zonas ribeirinhas.
“Esta observação revelou-se muito interessante, dado que a biodiversidade presente em apenas 250 metros de troço revelou que o rio, nesta zona, se encontra em franca recuperação de danos causados em anteriores intervenções e em zonas de poluição pontual entretanto resolvidas”, refere a comunidade na mesma carta aberta. A C3A encontra-se a trabalhar na realização de sinalética de divulgação daquele ecossistema central na vila de Arruda, “cuja importância é vital para a mitigação das alterações climáticas”, acrescenta o documento.
O Rio Grande da Pipa, recorde-se, nasce no Sobral de Monte Agraço e atravessa os concelhos de Arruda dos Vinhos, Alenquer e desagua no Rio Tejo, na Vala do Carregado na Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira.