Sociedade | 03-09-2024 15:00

“Associação dos Andrés” é uma referência no concelho de Ourém mas não tem palco para os seus espectáculos

“Associação dos Andrés” é uma referência no concelho de Ourém mas não tem palco para os seus espectáculos
TEXTO COMPLETO DA EDIÇÃO SEMANAL
Associação dos Andrés dinamiza a vida cultural da aldeia

A “Associação dos Andrés” nasceu em 2014 na localidade de Andrés, freguesia de Caxarias, concelho de Ourém. Começou por ser um grupo de teatro amador e transformou-se numa associação com diversas actividades. A associação conta actualmente com 50 sócios, cerca de metade da população do lugar, e muitos participantes nas diferentes iniciativas.

A aldeia de Andrés, freguesia de Caxarias, concelho de Ourém, tem muito mais actividade desde que a “Associação dos Andrés” nasceu em 2014, sendo a única associação cultural da freguesia. Antes da fundação da associação, já existia o grupo de teatro amador “Movimento Pró-Palco”. O grupo de teatro continua a funcionar, mas dentro da associação, juntando-se a outras actividades, nomeadamente canoagem, caminhadas e passeios de motorizadas. A associação tenta envolver nas suas actividades toda a população da aldeia nas diferentes iniciativas, mas também recebe pessoas de fora. Uma das razões para a fundação da associação foi o desejo de reabilitar a antiga escola da aldeia, que estava abandonada, sendo actualmente a sede da associação. O MIRANTE visitou a sede da associação e falou com Liliete Matias, a presidente, Gracinda Simões, vice-presidente, e Daniel Simões, um dos sócios e membros do grupo de teatro.
Liliete Matias tem 39 anos e sempre viveu na aldeia de Andrés. Trabalha como docente do ensino superior e como técnica de turismo. Foi a criadora da “Associação dos Andrés”, sendo actualmente a presidente da associação. Uma das suas maiores paixões é o teatro, tendo sido também uma das fundadoras do grupo “Movimento Pró-Palco”, que surgiu na aldeia em 2005. “A paixão pelo teatro começou na escola, quando andava no 5º ano já gostava imenso, pensei em fazer o curso de teatro em 2000, mas acabei por fazer só uma formação em Lisboa em 2004. Decidi não seguir essa área porque sabemos que os actores não vivem muito bem, então eu acho que isto é um hobbie, e está bem assim”, desabafou. O grupo de teatro conta actualmente com 10 elementos, mas há uma envolvência de toda a associação na preparação das peças.
“A escola onde temos a nossa sede é obra do nosso avô e de mais dois ou três senhores aqui da aldeia, e era uma dor de alma para eles ver este espaço abandonado, todos nós aprendemos a ler aqui. Como queriamos um espaço para a associação decidimos reabilitar a escola, conta Liliete Matias. Somos a única associação cultural da freguesia que no activo, não há um palco em Caxarias, é a única freguesia do concelho de Ourém que não tem um palco para uma peça de teatro, para um espectáculo de dança, para receber um concerto. Temos aqui um grupo de teatro e temos muita dificuldade em arranjar espaço para actuar”, lamenta.
Gracinda Simões tem 60 anos e é a vice-presidente da associação. Está no cargo desde a fundaçao. Trabalha numa empresa de produtos agrícolas há 20 anos. Na associação diz que faz de tudo um pouco. “Teatro não faço, nem nunca pensei fazer deixo para os mais novos”, diz. Confessa que o seu trabalho é cansativo e que ser dirigente associativo ser para se distrair. Daniel Simões tem 28 anos e é um dos elementos mais jovens da associação. Trabalha na aldeia na empresa do pai. Inicialmente entrou para o grupo de teatro e agora também faz parte da associação. “Ajudo no que me pedirem, fui para a associação por indicação da família”, explica. “A Liliete levou-me para fazer de figurante numa peça de teatro e ganhei-lhe o gosto”, sublinha. Daniel Simões acredita no futuro da associação embora reconheça que “dá muito trabalho” mas que se não fosse isso não havia pretextos para o convívio, a associação acaba por ser um ponto de encontro”, diz com alma de bairrista.

Um exemplo de associativismo em Andrés, uma aldeia com menos de uma centena de habitantes

O MIRANTE foi à Aldeia de Andrés, um lugar da freguesia de Caixarias, com cerca de uma centena de habitantes, fazer aquilo que mais gostamos: dar voz a dirigentes associativos que fazem a diferença onde muitas vezes não há farmácia, nem padaria, nem uma loja que venda carvão. Neste caso nem há um palco para apresentar um espectáculo, como se pode ler neste texto suportado numa conversa com três dirigentes. A recuperação do edifício da escola primária, onde os dirigentes aprenderam a ler, é o grande segredo deste trabalho associativo na aldeia de Andrés.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1682
    18-09-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1681
    18-09-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo