Sociedade | 10-09-2024 10:00

Governo afasta Francisco Madelino da presidência da Fundação Inatel

Governo afasta Francisco Madelino da presidência da Fundação Inatel
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Francisco Madelino

Resolução do Conselho de Ministros exonerou o militante socialista de Salvaterra de Magos da presidência do conselho de administração da Fundação Inatel, onde estava há nove anos. Durante o seu consulado, Francisco Madelino foi alvo de suspeitas de má gestão e favorecimento político, entre outras acusações.

Francisco Madelino foi afastado do cargo de presidente do conselho de administração na Fundação Inatel, onde esteve durante nove anos. A exoneração do militante socialista, que é também presidente da Assembleia Municipal de Salvaterra de Magos, foi publicada em resolução do Conselho de Ministros aprovada a 22 de Agosto que designou o novo conselho de administração para os próximos três anos. José Manuel da Costa Soares e Eduarda Maria Gomes Marques são os novos presidente e vice-presidente da Fundação INATEL, personalidades com ligações políticas ao PSD.
“A alteração é normal e um direito tutelar. Velhos ciclos se fecharam, novos se vão abrir”, afirmou em comunicado nas redes sociais Francisco Madelino. Na sua página no LinkedIn, Francisco Madelino descreve-se como docente universitário, investigador, técnico, perito e consultor em domínios como a economia de trabalho, a contratação colectiva, a formação profissional, as políticas activas de emprego educação e políticas macroeconómica e sectoriais.
Mas não foi por esses atributos que inspirou notícias enquanto esteve em funções na Inatel. Em 2022, Francisco Madelino foi investigado por suspeitas de má gestão, favorecimento político e por beneficiar pessoas que conhece, além de usar meios da fundação pública para comprar os sindicatos. As acusações constavam de uma carta enviada ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, por um grupo de trabalhadores que não se identificou, mas que mencionava as situações com pormenores de quem conhece bem a gestão da Inatel.
Marcelo Rebelo de Sousa mandou a denúncia para o anterior primeiro-ministro e António Costa determinou que o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social investigasse a gestão de Madelino, suspeito também de favoritismo e despesismo ao fazer várias viagens ao estrangeiro e comprar serigrafias de valor avultado. Francsico Madelino foi acusado de favorecer um arquitecto com uma prestação de serviços de 1580 euros mensais para acompanhar obras, quando se referia na carta que há pessoal no Inatel para executar essas funções.
O socialista foi também acusado de ter comprado as centrais sindicais para obter o acordo de empresa com os trabalhadores. Os denunciantes diziam que o socialista Francisco Madelino permitiu a utilização e a compra de parte das instalações no Porto por parte da CGTP e contratou como assessora jurídica e para dar apoio à contratação colectiva a secretária-geral adjunta da UGT.
A gestão da Inatel pelo político socialista, que foi também presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional, esteve envolta em polémica. Em 2021 a Unidade de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária fez buscas nas instalações da fundação em Lisboa no âmbito de uma investigação por abuso de poder e peculato, que envolvia também antigos funcionários. Os inspectores recolheram vários documentos e elementos sobre contratos suspeitos que foram feitos por ajuste directo a uma empresa de brindes. Francisco Madelino foi contactado por O MIRANTE na altura, mas sem sucesso. À revista Visão, o ex-presidente da fundação negou ter cometido qualquer irregularidade.

“Um político com o rei na barriga”

Dois funcionários da instituição com quem O MIRANTE conversou em 2022, e que se demarcaram das denúncias que chegaram ao primeiro-ministro e ao Presidente da República, descreveram Francisco Madelino como “um político com o rei na barriga na gestão da Inatel”. “Confirmo que ele só faz asneiras, que se meteu a jeito para ser contestado, que é uma pessoa sombria, e que embora fale pouco é arrogante no trato, tem tiques de má educação”, disse um dos funcionários, acrescentando esperar a sua saída, como outras pessoas dentro da Fundação.

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