Atraso nas obras da Escola Mestre Martins Correia causa rombo nas finanças da Câmara da Golegã
A Escola Mestre Martins Correia, na Golegã, encontra-se a ser requalificada em duas fases, tendo a primeira sido inaugurada recentemente. A obra atrasou no tempo e derrapou no orçamento, o que levou o município a perder fundos comunitários e a ter de arcar com despesas extraordinárias.
A primeira fase da requalificação da Escola Básica e Secundária Mestre Martins Correia, na Golegã, foi inaugurada a 28 de Agosto. Os blocos A e B foram os primeiros a ser intervencionados, num investimento de um milhão e 80 mil euros, destacando-se as melhorias no conforto térmico e na eficiência energética.
Numa obra adjudicada por 874 mil euros, com trabalhos a mais e revisão de preços que encareceram a empreitada em mais 215 mil euros, a Câmara da Golegã está em risco de ter de entrar com cerca de 630 mil euros. O presidente da autarquia, António Camilo, revelou no seu discurso alguns dos percalços da obra, que devia ter ficado concluída no final de 2023, devendo-se os atrasos ao processo de adjudicação e obtenção do visto do Tribunal de Contas, com as facturas após 31 de Dezembro de 2023 a não serem comparticipadas por fundos europeus.
Dos 874 mil euros inicialmente previstos, 651 mil seriam à partida comparticipados pelo FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, mas desse bolo não vão chegar 200 mil euros. “São situações complexas que deixam a Câmara da Golegã aflita de tesouraria”, admitiu António Camilo. Pedro Florêncio, delegado regional de educação de Lisboa e Vale do Tejo, prometeu ao autarca falar sobre o assunto com o ministro da Educação, Ciência e Inovação, de forma a obter mais financiamento.
Segunda fase envolve quase dois milhões de euros
A candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para a segunda fase, nos blocos C e D, refeitório, pavilhão desportivo, campo de jogos, zona envolvente, estacionamento e todo o mobiliário escolar já foi aprovada, no valor total de 1 milhão e 800 mil euros.
Inaugurados em 1977, os edifícios não tinham sido objecto de qualquer intervenção de fundo à excepção da remoção das placas de fibrocimento, estando também prevista a requalificação da escola primária, onde chove. “A conservação deveu-se ao empenho de sucessivas gerações de assistentes operacionais que foram realizando pequenas obras de conservação, como pinturas e outros pequenos arranjos”, afirmou o director do Agrupamento de Escolas Golegã, Azinhaga e Pombalinho, Mário Ferreira, no seu discurso.
Num universo de cerca de 650 alunos e 80 professores, há também a preocupação com os espaços verdes e é possível que as aulas na natureza, como aconteceu já na Reserva Natural do Paul do Boquilobo, regressem, estando a escola a concorrer ao programa Escolas2030 da Fundação Aga Khan, não só no âmbito das ciências, mas alargar à matemática, ao desenho, por exemplo, como ambiciona Mário Ferreira, que leccionou História durante duas décadas. O dirigente revelou ainda que haverá uma nova bibliotecária no próximo ano lectivo e que o espólio será melhorado. A menos de um ano de acabar o mandato, fala de “um cargo de muito trabalho” e ainda não sabe se irá recandidatar-se.
Oferta educativa adaptada à realidade local
O agrupamento procura ter uma oferta diversificada de cursos e adaptada à região, sobretudo no ensino profissional, nomeadamente com o curso de Técnico de Gestão Equina, desde o ano passado, e no próximo ano lectivo com o curso de Mediador Intercultural, colmatando uma lacuna nas escolas que têm dificuldade em integrar os alunos estrangeiros. Outras possíveis saídas são câmaras municipais e empresas, revela o director, que não esquece o curso de Técnico de Produção Agropecuária a funcionar há décadas no agrupamento.
Aproveitando o momento, O MIRANTE questionou sobre a nova disciplina de Literacias, que vai ser testada em sete escolas do país no próximo ano lectivo, na região em Alcanena, debruçando-se essencialmente sobre literacia financeira, política, democrática e análise de dados. Mário Ferreira defende que os conteúdos da disciplina podiam ser introduzidos nas disciplinas já existentes. “Quando há certos problemas na sociedade criam-se disciplinas, o que significa sobrecarga para os alunos e redução de horas de outras disciplinas”, considera.