Vila Franca de Xira paga 386 mil euros ao FC Alverca por bacia de retenção
Presidente do FC Alverca, Fernando Orge, torceu o nariz ao valor proposto pelo município e na hora da proposta de compra ser discutida e votada em reunião de câmara o dirigente não apareceu, o que mereceu reparo de um vereador.
O Futebol Clube de Alverca (FCA) está em vias de receber, caso os sócios do clube aprovem em assembleia-geral, 386.000€ da Câmara de Vila Franca de Xira para esta ficar na posse da bacia de retenção de águas que o clube construiu em 2008. A construção dessa infraestrutura foi imposta pelo INAG - Instituto da Água, para que pudesse avançar a construção do centro de estágios do FCA. A bacia de retenção tem sido considerada fundamental ao longo dos últimos 16 anos para evitar cheias que, até então, assolavam a zona baixa da cidade, em particular a rua da estação.
Antes da construção do centro de estágios, existia no local uma linha de água que era destino final de um colector de águas pluviais, que o clube teve de intervencionar, mantendo-se a ligação do colector à bacia de retenção. Na prática, o município esteve a usar a bacia de retenção do clube para nele concentrar o saneamento pluvial sem nunca ter comparticipado o FCA, tendo os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) acabado por integrar a bacia no sistema de drenagem público.
A construção da bacia de retenção custou ao FC Alverca 772.000€ e o município pediu um parecer jurídico externo sobre como proceder para poder chegar a um valor “justo, adequado, equilibrado, lógico e racional” e negociar a compra da bacia de retenção ao clube, segundo a proposta que foi agora aprovada por unanimidade em reunião de câmara. No entender do município, a bacia foi positiva para ambas as partes: para o município que limitou o risco de cheias na cidade e para o clube que passou a poder construir o seu centro de estágios. Por esse motivo a câmara deliberou pagar 386.000€ dos 772 mil que o FCA pagou.
Presidente do FC Alverca torceu o nariz
O município realizou uma reunião negocial preparatória com os dirigentes do Futebol Clube de Alverca antes de levar a proposta a discussão em reunião de câmara e, apurou O MIRANTE, o presidente do clube, Fernando Orge, não gostou dos números apresentados, tendo exigido que a câmara pagasse no mínimo meio milhão de euros, devido aos custos directos que o clube teve com a obra. Dinheiro que o clube esperava poder vir a ajudar a pagar os custos que teve com a construção do centro de estágios.
Os autarcas recusaram, tendo os dirigentes acabado por se resignar com o valor proposto. Na reunião de câmara de 4 de Setembro, em que a proposta foi sujeita a votação, o presidente do FCA, Fernando Orge, não apareceu. O vereador David Pato Ferreira, da Coligação Nova Geração (PSD/MPT/PPM), criticou a ausência dos dirigentes do FC Alverca e de Fernando Orge na sala, num momento que, considerou, foi muito importante para fechar um problema que estava por resolver há 16 anos. “É um acordo justo”, defendeu.
Já o presidente do município, Fernando Paulo Ferreira (PS), lembrou que a integração da bacia na rede municipal permitiu resolver um problema importante para a cidade. “Após negociação foi possível chegar a este acordo no sentido de a câmara poder compensar o FCA pelos gastos que teve com a sua construção, tendo em conta que essa construção está hoje integrada no sistema público de saneamento do concelho de VFX”, notou.