Sociedade | 17-09-2024 15:00

Santarém é o distrito mais atingido por furtos de cortiça e de cobre

Santarém é o distrito mais atingido por furtos de cortiça e de cobre
Em Julho de 2023, O MIRANTE deu voz a Fernando Pereira, que alertou para a proliferação dos roubos de cortiça no concelho de Santarém

Mais de 300 furtos de cortiça foram registados pela GNR durante este ano, sendo o distrito de Santarém o que tem mais ocorrências, quase oito dezenas. Proprietários queixam-se também dos elevados prejuízos causados pelo furto de cobre em explorações agrícolas para revenda e pedem a intervenção do Governo.

A Guarda Nacional Republicana (GNR) registou mais de 300 furtos de cortiça até 20 de Agosto, sendo o distrito de Santarém o mais afectado com 74 casos. Santarém foi também o distrito que contou com mais furtos de cobre em infraestruturas eléctricas de apoio a explorações agrícolas, com 61 ocorrências registadas pela GNR até final de Agosto.
No que toca aos furtos de cortiça por distrito, este ano os distritos mais atingidos foram Santarém (74), Portalegre (73) e Setúbal (68). Seguem-se Évora (34), Castelo Branco (28), Faro (16) e Beja (10). Três pessoas foram detidas, de acordo com os dados enviados pela GNR à Lusa. Em 2022, foram registados 284 furtos de cortiça e detidos 22 suspeitos, sendo que no ano seguinte verificaram-se 465 furtos e 45 detidos.
“O ‘modus operandi’ mais comum para a prática deste ilícito incide na extracção directa da árvore nas propriedades, havendo uma maior preponderância de registos de furtos através deste método. Com menor frequência, é utilizado o furto de cortiça empilhada”, precisou a GNR.
Em relação ao furto de cobre, até Agosto de 2024, a GNR deteve cinco suspeitos e registou 322 crimes a nível nacional, sobretudo em Abril. Para além de Santarém com 61 casos, destacam-se ainda os distritos de Leiria (40), Faro (34), Lisboa (27), Aveiro (27) e Coimbra (26). Segundo dados da Guarda Nacional Republicana, em 2022, foram registados 446 crimes e detidos 11 suspeitos. Em 2023, contabilizaram-se 554 crimes e 16 detidos.
De acordo com a GNR, este tipo de furtos é executado através de “escalamento dos postos e desaperto dos cabos nos suportes, sendo, posteriormente, cortadas as partes suspensas já no solo”. O ‘modus operandi’ passa também pelo corte dos postes de electricidade, o que origina a queda dos mesmos, trazendo o cabo por arrasto. “Posteriormente, é feito o corte do cabo nas partes suspensas para evitar a maior extensão possível. Por vezes, assiste-se ao derrube intencional de árvores para que arrastem consigo os cabos sendo de seguida cortados já no solo”, explicou.
Segundo a GNR, as acções de patrulhamento e fiscalização, que decorrem em articulação com várias entidades, permitem que as diversas campanhas agrícolas decorram “num clima de segurança, procurando ainda identificar possíveis situações de tráfico de seres humanos”.

Furtos não são novidade
O secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira, disse à Lusa que estes furtos não são uma novidade, podendo mudar apenas, de ano para ano, os alvos destas práticas. “Se as vagas de furtos e destruição de postos de transformação de electricidade e pivôs de rega (para retirada do cobre e posterior revenda) têm sido uma constante ao longo dos anos, atingindo níveis preocupantes e prejuízos avultados (em regiões como Alentejo, Ribatejo ou mais a Norte, por exemplo, na Póvoa do Varzim), já no caso das colheitas, os alvos podem ir mudando, consoante os preços praticados”, apontou. Por exemplo, na campanha passada, com a subida do preço da azeitona, a fileira viu o número de roubos crescer.
“Já este ano, a fileira da cortiça tem estado particularmente vulnerável a furtos e, entre os produtores, têm sido muitas as dezenas de situações reportadas, que incluem o descortiçamento selvagem de sobreiros, danificando-os e colocando em causa a sua produtividade futura”, ilustrou Luís Mira. A CAP exige assim uma acção concertada por parte do Estado para que se aumente a vigilância e se agrave a moldura penal para estes crimes.

GNR aconselha instalação de alarmes

Para evitar estas ocorrências, a GNR aconselha a instalação de alarmes, a colocação de marcas nos equipamentos e o reforço das medidas de protecção de infraestruturas. Os produtores devem ainda dar conhecimento à GNR dos locais de armazenamento da cortiça, que, quando amontoada ao ar livre, não deve estar junto a locais de fácil acesso, comunicar furtos e potenciais compradores e locais de transformação. O Ministério da Agricultura assegurou estar a trabalhar com o Ministério da Administração Interna para um reforço policial nos locais mais propensos a furtos.

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