Fuga de presos de Vale de Judeus denota desleixo, irresponsabilidade e falta de comando
A ministra da Justiça disse que, face aos dados disponíveis a fuga de cinco reclusos da prisão de Vale de Judeus, resultou de uma cadeia sucessiva de erros e falhas muito graves, grosseiras e inaceitáveis.
A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, explicou que a fuga de cinco reclusos da prisão de Vale de Judeus, em Alcoentre, no dia 7 de Setembro, “demorou seis minutos” e só foi detectada cerca de uma hora depois. “A operação de fuga de cinco reclusos começou às 09h55 com a intrusão de três indivíduos no perímetro externo do estabelecimento prisional. A evasão dos reclusos teve início às 9h57. O último recluso a evadir-se ultrapassou a vedação exterior do estabelecimento prisional, às 10h01. Assim, segundo este relatório, a evasão demorou seis minutos e foram usados recursos (como duas escadas) que não existiam no interior do estabelecimento prisional”, referiu.
Rita Alarcão Júdice indicou de seguida que a fuga foi “detectada por dois guardas, quase em simultâneo, pelas 11h00”, ou seja, cerca de uma hora depois, sendo que um dos guardas estava no pavilhão da prisão e o outro circulava de viatura no perímetro interior quando se deparou com uma escada. “O alerta dado a toda a corporação ocorre entre as 11h04 e as 11h08”, acrescentou.
“Nos relatos recebidos vimos desleixo, vimos facilidade, vimos irresponsabilidade e vimos falta de comando. Também vimos decisões erradas ou ausência de decisões nos anos mais recentes. Temos fundamento para concluir que a fuga de cinco reclusos resultou de uma cadeia sucessiva de erros e falhas muito graves, grosseiras, inaceitáveis que queremos irrepetíveis”, acrescentou.
A ministra da Justiça esclareceu também que entre o início da fuga e a comunicação ao órgão criminal competente, neste caso a GNR, “mediaram 83 minutos” e que nesse sábado estavam escalados 35 elementos da guarda prisional, dos quais 33 guardas e dois chefes de equipa. Assegurou também que o “sistema de videovigilância estava operacional e a funcionar” e que o guarda responsável pela monitorização das imagens “estava no seu posto”. Segundo a governante, o relatório que recebeu sobre a evasão dos cinco reclusos da prisão de Vale de Judeus expôs “uma sucessão de fragilidades”, mas adiantou que o documento não vai ser divulgado publicamente.
Cinco reclusos fugiram no dia 7 de Setembro do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, no concelho de Azambuja. Os evadidos são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, com idades entre os 33 e os 61 anos. Foram condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.