Sociedade | 25-09-2024 12:00

Urbanização em terrenos de antiga fábrica no Sobralinho vai para discussão pública

Urbanização em terrenos de antiga fábrica no Sobralinho vai para discussão pública
Antigas instalações da Previdente estão devolutas há quase duas décadas entre o Sobralinho e Alverca

Informação prévia do loteamento no antigo espaço fabril da Previdente, no Sobralinho, prevê destruição das antigas instalações industriais e criação de lotes para habitação, centros de dados e unidades hoteleiras. Em troca, a Câmara de Vila Franca de Xira recebe terrenos para prosseguir requalificação da margem do rio Tejo.

Os interessados têm 30 dias para se pronunciarem sobre o pedido de informação prévia relativo à criação de um loteamento no antigo espaço fabril da Previdente, no Sobralinho, junto à Estrada Nacional 10, que está devoluto há três décadas. A operação de loteamento implica a demolição dos edifícios fabris para ali criar 44 lotes diferenciados: oito destinados a habitação - com 282 apartamentos -, 24 lotes destinados a serviços, dois a unidades hoteleiras, dois para Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) e oito destinados a centros de dados (“Data Centers”). A área de intervenção tem um total de 38,7 hectares. A operação permitirá também, segundo o presidente do Município de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira (PS), que a câmara receba terrenos junto ao rio Tejo que permitirão continuar a requalificação da frente ribeirinha.
“Liberta-se toda a faixa de terreno entre a linha de comboio e a margem do rio que passaria para a posse da câmara, o que permitiria a continuação do caminho ribeirinho, entrando pela zona do Sobralinho onde se encontra a praia das maçãs”, explica o autarca. O pedido de informação prévia foi validado por todas as entidades públicas, incluindo a Infraestruturas de Portugal, já tendo prevista a construção de rotundas a norte e a sul da antiga Previdente na EN10 para ajudar na circulação automóvel.

Mais duas centenas de carros a circular
A proposta de submissão do pedido a consulta pública foi aprovado em reunião de câmara com a abstenção da CDU, com o vereador Nuno Libório a considerar que a Previdente tem sido um “mono industrial obsoleto” que em nada tem valorizado o território. “Uma solução urbanística equilibrada exige a ponderação de conseguirmos desenhar uma solução que sirva os interesses do nosso concelho”, ressalvou o autarca, lembrando que uma quota parte das casas deveria ser reservada para habitação a custos controlados. “Conhecendo os preços das casas no concelho, uma habitação mesmo que de segunda linha nunca custará menos de meio milhão”, criticou.
Outra das preocupações é a projecção da chegada de 763 novos automóveis ao espaço, com 253 carros adicionais a circular de manhã, congestionando ainda mais uma estrada nacional há muito estrangulada. O presidente do município concorda que as acessibilidades serão a maior dor de cabeça do plano, lembrando a urgência da construção do prometido nó do Sobralinho à Auto-Estrada do Norte (A1).
Já David Pato Ferreira, vereador da coligação Nova Geração (PSD/PPM/MPT) diz que o principal interesse público na operação deve ser o de eliminar um passivo urbanístico e fabril que se arrasta no tempo. “É preciso de uma vez por todas resolver aquela frente urbana, no Sobralinho, que é relevante para o concelho e os moradores. Depois sim, a ligação ao rio e evitar que zona que em tempos foi de indústria intensiva não volte a sê-lo”, defendeu.

De Ferreira do Zêzere para Lisboa

A antiga companhia Previdente nasceu pelas mãos de Francisco José Simões, nascido em 1800 em Ferreira do Zêzere e que fundou 62 anos mais tarde a sociedade Indústrias Metálicas Previdente em Lisboa. A fábrica do Sobralinho foi inaugurada em 1964 e visava aglutinar as diversas área da empresa que se encontravam espalhadas pela região de Lisboa. Fabricava materiais de ferro, pregos, redes e arame farpado, artigos de chumbo e alumínio. No seu auge chegou a empregar 500 trabalhadores e acabaria por fechar definitivamente em 2000 depois de quase uma década de dificuldades e incerteza laboral.

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