Urbanização em terrenos de antiga fábrica no Sobralinho vai para discussão pública
Informação prévia do loteamento no antigo espaço fabril da Previdente, no Sobralinho, prevê destruição das antigas instalações industriais e criação de lotes para habitação, centros de dados e unidades hoteleiras. Em troca, a Câmara de Vila Franca de Xira recebe terrenos para prosseguir requalificação da margem do rio Tejo.
Os interessados têm 30 dias para se pronunciarem sobre o pedido de informação prévia relativo à criação de um loteamento no antigo espaço fabril da Previdente, no Sobralinho, junto à Estrada Nacional 10, que está devoluto há três décadas. A operação de loteamento implica a demolição dos edifícios fabris para ali criar 44 lotes diferenciados: oito destinados a habitação - com 282 apartamentos -, 24 lotes destinados a serviços, dois a unidades hoteleiras, dois para Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) e oito destinados a centros de dados (“Data Centers”). A área de intervenção tem um total de 38,7 hectares. A operação permitirá também, segundo o presidente do Município de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira (PS), que a câmara receba terrenos junto ao rio Tejo que permitirão continuar a requalificação da frente ribeirinha.
“Liberta-se toda a faixa de terreno entre a linha de comboio e a margem do rio que passaria para a posse da câmara, o que permitiria a continuação do caminho ribeirinho, entrando pela zona do Sobralinho onde se encontra a praia das maçãs”, explica o autarca. O pedido de informação prévia foi validado por todas as entidades públicas, incluindo a Infraestruturas de Portugal, já tendo prevista a construção de rotundas a norte e a sul da antiga Previdente na EN10 para ajudar na circulação automóvel.
Mais duas centenas de carros a circular
A proposta de submissão do pedido a consulta pública foi aprovado em reunião de câmara com a abstenção da CDU, com o vereador Nuno Libório a considerar que a Previdente tem sido um “mono industrial obsoleto” que em nada tem valorizado o território. “Uma solução urbanística equilibrada exige a ponderação de conseguirmos desenhar uma solução que sirva os interesses do nosso concelho”, ressalvou o autarca, lembrando que uma quota parte das casas deveria ser reservada para habitação a custos controlados. “Conhecendo os preços das casas no concelho, uma habitação mesmo que de segunda linha nunca custará menos de meio milhão”, criticou.
Outra das preocupações é a projecção da chegada de 763 novos automóveis ao espaço, com 253 carros adicionais a circular de manhã, congestionando ainda mais uma estrada nacional há muito estrangulada. O presidente do município concorda que as acessibilidades serão a maior dor de cabeça do plano, lembrando a urgência da construção do prometido nó do Sobralinho à Auto-Estrada do Norte (A1).
Já David Pato Ferreira, vereador da coligação Nova Geração (PSD/PPM/MPT) diz que o principal interesse público na operação deve ser o de eliminar um passivo urbanístico e fabril que se arrasta no tempo. “É preciso de uma vez por todas resolver aquela frente urbana, no Sobralinho, que é relevante para o concelho e os moradores. Depois sim, a ligação ao rio e evitar que zona que em tempos foi de indústria intensiva não volte a sê-lo”, defendeu.
De Ferreira do Zêzere para Lisboa
A antiga companhia Previdente nasceu pelas mãos de Francisco José Simões, nascido em 1800 em Ferreira do Zêzere e que fundou 62 anos mais tarde a sociedade Indústrias Metálicas Previdente em Lisboa. A fábrica do Sobralinho foi inaugurada em 1964 e visava aglutinar as diversas área da empresa que se encontravam espalhadas pela região de Lisboa. Fabricava materiais de ferro, pregos, redes e arame farpado, artigos de chumbo e alumínio. No seu auge chegou a empregar 500 trabalhadores e acabaria por fechar definitivamente em 2000 depois de quase uma década de dificuldades e incerteza laboral.