Sociedade | 29-09-2024 07:00

Depois de esfaqueamento ministro da Educação visita sem avisar escola da Azambuja

Depois de esfaqueamento ministro da Educação visita sem avisar escola da Azambuja
TEXTO COMPLETO DA EDIÇÃO SEMANAL
Alguns pais acharam prematura a reabertura da escola um dia após o episódio de agressões

A Câmara de Azambuja, em colaboração com a Unidade Local de Saúde, tem oferecido apoio psicológico à comunidade escolar, após um aluno de 12 anos ter esfaqueado seis colegas na Escola Básica de Azambuja.

O jovem agressor foi enviado para um centro educativo em Lisboa e o estabelecimento de ensino reabriu um dia após o incidente, o que motivou críticas de alguns pais. O ministro da Educação visitou a escola sem avisar.

A Escola Básica de Azambuja abriu normalmente no dia seguinte ao aluno de 12 anos ter esfaqueado seis colegas, o que motivou criticas de alguns pais que acharam prematura a reabertura do estabelecimento de ensino. Um dia após a ocorrência, quarta-feira, 18 de Setembro, faltaram às aulas 140 crianças. Na quinta-feira faltaram 40 alunos e na sexta-feira 30 alunos. Na segunda-feira, 25 de Setembro, faltaram pouco mais de 20 crianças. As seis crianças que ficaram feridas, cinco meninas e um rapaz, já tiveram todas alta hospitalar e regressaram a casa ainda durante a semana.
Vários pais e até alguns funcionários, ouvidos por O MIRANTE, não calaram a revolta contra a decisão do Ministério da Educação, agrupamento e Direcção Regional de Educação de mandar reabrir o estabelecimento de ensino normalmente. “Estive na escola às 08h25 desta manhã (quarta-feira) e vi muitos pais a entregar os meninos normalmente e vi outros a chegar nos transportes como seria expectável. Mas há meninos que não foram por opção dos pais. Com certeza amanhã estarão mais serenos e mandarão os filhos à escola”, disse na altura o presidente da Câmara de Azambuja, Silvino Lúcio a O MIRANTE.
A decisão de abrir a escola foi tomada em reunião do Conselho Geral e uma semana depois, segundo Silvino Lúcio, “as coisas estão tendencialmente a voltar à normalidade”. O ministro da Educação, Fernando Alexandre, furou o protocolo e apareceu na escola de Azambuja sem avisar a câmara. O governante falou com a comunidade educativa e participou na reunião do Conselho Geral, onde Silvino Lúcio não esteve presente porque não sabia da visita do ministro e porque tinha agendada uma reunião com empresários, segundo justificou em reunião de câmara.
Silvino Lúcio explicou que após o episódio foi o interlocutor com a comunicação social porque a directora do Agrupamento de Escolas de Azambuja, Madalena Tavares, foi impedida de falar com os jornalistas pelo Director Regional de Educação e pelo ministro. A Unidade Local de Saúde (ULS) do Estuário do Tejo associou-se à Câmara de Azambuja no apoio à comunidade educativa e enviou mensagens a todos os pais a disponibilizar apoio psicológico. No dia da ocorrência realizou-se uma sessão de apoio psicológico dirigida ao pessoal não docente e na terça-feira, 24 de Setembro, os psicólogos da ULS realizaram nova sessão com o pessoal docente da escola básica. Os pais e as crianças afectadas têm apoio psicológico contínuo através dos psicólogos da ULS, segundo garantiu a câmara.

Aluno que esfaqueou colegas está em centro educativo
O aluno de 12 anos que entrou na escola, com um colete à prova de bala e munido de uma faca, acabando por esfaquear seis colegas, foi enviado para um centro educativo em Lisboa. A medida foi decretada pelo Tribunal de Família e Menores de Vila Franca de Xira. O centro funciona em regime aberto e semiaberto porque a lei não permite que os menores de 14 anos fiquem em regime fechado, com total privação da liberdade.
A investigação das autoridades concluiu que o rapaz pesquisava sites de ideologia nazi, de acordo com o jornal Expresso. Apesar de a investigação ainda estar a decorrer, as autoridades relacionaram os conteúdos ideológicos consumidos online com o ataque aos colegas da escola, considerando que o rapaz se deixou “influenciar pelo ideário nazi com informação que se encontra facilmente na Internet em fontes abertas”, relatou a fonte ao jornal.

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