Benavente admite dificuldades no combate à praga de pombos
Zonas urbanas do Ribasor, em Benavente, e do Arneiro dos Corvos, em Samora Correia, são apontadas como pontos negros que espelham o crescimento da população de pombos no concelho.
O número de pombos, cada vez mais crescente, nas zonas urbanas do concelho de Benavente é uma preocupação actual do executivo e o assunto foi objecto de análise na última reunião da câmara municipal. Luís Feitor, vereador do PSD, manifestou preocupação pelos problemas de higiene e de saúde pública associados à proliferação das aves, exemplificando que a praga de pombos é notória sobretudo em áreas mais populosas como o bairro do Ribasor, em Benavente, e o Arneiro dos Corvos, em Samora Correia. “Ao entrar no edifício da câmara municipal pude constatar que o primeiro degrau está bastante sujo de dejectos”, afirmou, sublinhando que este cenário se repete noutras zonas do município.
O autarca refere-se também ao impacto que os pombos estão a ter no centro histórico de Benavente, onde munícipes e comerciantes já manifestaram descontentamento na câmara municipal. “Há vários edifícios abandonados e os dejectos não só nas fachadas, mas também no chão, causam problemas de sujidade e saúde pública”, acrescenta Luís Feitor, sugerindo que as associações locais, desde caçadores passando pelas colectividades que praticam desporto de competição com pombos, dêem ideias para combater a praga.
O presidente da câmara, Carlos Coutinho (CDU), reconhece a dimensão do problema e afirma que a autarquia tem procurado intervir, embora considere que as medidas adoptadas até agora ainda são insuficientes. “Temos gaiolas em vários locais para apanhar pombos, mas o concelho, rodeado por áreas agrícolas, oferece alimento abundante para estes animais, o que facilita a sua reprodução exponencial”, explica.
Carlos Coutinho menciona que, no passado, a população recorria ao uso de trigo roxo para controlar a população de pombos, prática que já não é permitida. Entre as sugestões recebidas está a possibilidade de caça aos pombos durante uma determinada época do ano, mas tal dependerá de uma avaliação junto do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). “Temos tentado várias soluções, mas até agora não conseguimos controlar eficazmente a praga”, admite o autarca, que enumerou algumas estratégias já implementadas, mas sem efeitos práticos, como a esterilização dos pombos através de vários métodos ou a aquisição de um ‘canhão’ para se fazer a captura da espécie em praças, como já utilizado noutros pontos do país, como em Lisboa.
O autarca admite que se trata de uma situação complicada por culpa dos problemas de higiene que as aves causam na via pública ou em prédios com o entupimento de algerozes. Hélio Justino, vereador da CDU, realçou, porém, que nos últimos três anos foi feito um “bom trabalho” no controlo da população de pombos, embora admita que “não é possível em sítio nenhum garantir uma eficácia a 100 por cento”.
O vereador aponta que, devido a questões burocráticas, o serviço de colocação de gaiolas, que ainda “envolve verbas com algum significado”, foi interrompido “há alguns meses”, o que se “nota logo” na população desses animais. Hélio Justino revela que a câmara municipal está a preparar novo concurso para retomar a captura destes animais com as gaiolas.