Sociedade | 01-10-2024 12:00

Estrada Nacional 118 passou de motor de desenvolvimento a ameaça à qualidade de vida

Estrada Nacional 118 passou de motor de desenvolvimento a ameaça à qualidade de vida
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Autarcas e técnicos da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo defendem variantes à EN118 nalgumas localidades

O 1.º Encontro sobre a Mobilidade na Lezíria do Tejo realizou-se no Centro Cultural de Samora Correia. A urgência de retirar o trânsito de pesados da saturada Estrada Nacional 118 foi uma das questões em destaque.

A Estrada Nacional (EN) 118, uma via que, no passado, foi considerada um motor de desenvolvimento das localidades que atravessa no Ribatejo de Benavente a Abrantes, é vista hoje como um problema para a qualidade de vida dos habitantes. Esse foi um dos temas em foco no 1º Encontro sobre a Mobilidade na Lezíria do Tejo, que decorreu a 20 de Setembro no Centro Cultural de Samora Correia, no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade. A iniciativa contou com a presença do presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), Pedro Ribeiro, especialistas de planeamento de transportes e mobilidade, autarcas, entre outras personalidades.
“A Estrada Nacional 118 foi durante muitos anos entendida como um factor de desenvolvimento dos territórios. As populações queriam esta estrada a passar dentro das localidades porque era sinónimo de progresso. No entanto, hoje representa um impacto negativo na qualidade de vida das pessoas”, constata Carlos Coutinho (CDU), presidente da Câmara de Benavente, que reconhece urgência em encontrar novas variantes para desviar o trânsito do interior das populações.
O volume de tráfego na EN118 aumentou significativamente nos últimos anos, criando situações de saturação em alguns troços da via. Um estudo recente, segundo adianta o autarca de Benavente, indica que 15% do tráfego corresponde a veículos pesados, o que agrava a situação, especialmente por atravessar núcleos populacionais como Benavente, Salvaterra de Magos, Almeirim, Alpiarça e Chamusca. Carlos Coutinho alerta para o risco de colapso na zona do Porto Alto, devido ao aumento do tráfego, o qual será ainda mais agravado pela construção do novo aeroporto.
“O trânsito que se junta no Porto Alto, aliado ao crescimento previsto, aproxima a EN118 de um ponto de saturação”, reforçou o autarca. O edil continua a defender a criação de uma variante que ligue Benavente e Samora Correia à EN118 e à EN10, desviando o tráfego dos núcleos urbanos.
O projecto prevê também uma ligação da EN118 à EN10 na Recta do Cabo, uma solução que, segundo o autarca, permitiria descongestionar as localidades mais afectadas. “Esta é uma necessidade urgente e já apresentámos a proposta, esperando que seja incluída na agenda”, sublinhou.
Carlos Coutinho destacou ainda que, apesar de o concelho estar bem servido pela A10 e A13, os elevados preços das portagens desincentivam a utilização dessas auto-estradas, o que sobrecarrega a EN118. O autarca sugeriu ao Governo a isenção de portagens como solução rápida e simples para descongestionar a via. A requalificação da EN118, prometida para 2014, está atrasada, embora o projecto para o primeiro troço até Salvaterra de Magos já esteja concluído pela Infraestruturas de Portugal.

Presidente da CIMLT defende intervenção estrutural nas estradas nacionais
O presidente da Câmara Municipal de Almeirim e da CIMLT, Pedro Ribeiro, alertou para a necessidade de uma intervenção estratégica nas estradas nacionais, sublinhando que o país terá de tomar decisões. O autarca defende que é crucial repensar as vias que atravessam vilas e cidades e criar alternativas. “O país um dia terá que tomar uma decisão que não quer tomar. Precisamos de um conjunto de intervenções em estradas nacionais estruturantes”, afirma Pedro Ribeiro, acrescentando que a criação de novas vias é indispensável para aliviar o tráfego nas localidades.
O autarca sublinha ainda a importância de avaliar os ganhos para o país ao reduzir o tráfego e os “pára-arrancas” nas estradas nacionais, defendendo que as concessões rodoviárias nas auto-estradas existentes não devem ser renovadas. Segundo Pedro Ribeiro, os lucros obtidos pelas concessionárias deviam estar na esfera pública, através das Infraestruturas de Portugal, para serem reinvestidos de forma sustentável na mobilidade, especialmente nas estradas nacionais que atravessam áreas fora dos grandes centros urbanos.

A Estrada Nacional 118 atravessa o Ribatejo pela margem sul do Tejo e é palco frequente de acidentes, como este ocorrido em Almeirim em Julho de 2020

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