Sociedade | 02-10-2024 15:00

A paixão de Augusto Amado pelo Centro Cultural e Recreativo de Casais dos Britos

A paixão de Augusto Amado pelo Centro Cultural e Recreativo de Casais dos Britos
Pedro Silva e Augusto Amado, duas gerações a trabalhar em conjunto no Centro Cultural e Recreativo de Casais dos Britos

O Centro Cultural e Recreativo de Casais dos Britos assinalou o seu 38º aniversário com uma homenagem especial a Augusto Amado, sócio número um e tesoureiro da colectividade. Aos 79 anos, continua a ser presença diária e incansável na associação que ajudou a erguer.

O Centro Cultural e Recreativo de Casais dos Britos, em Azambuja, assinalou o seu 38º aniversário com uma homenagem ao sócio número um da colectividade e actual tesoureiro, Augusto Amado. Aos 79 anos, continua a frequentar diariamente a colectividade, quer seja a servir no bar cafés e bebidas, a abrir a porta das instalações para garantir que nada falta, a ir às compras ou a pedir as licenças obrigatórias para os eventos.
Augusto Amado nasceu nos Casais de Baixo mas depois mudou-se com os pais para Casais dos Britos. O pai foi um dos habitantes que contribuiu para que fosse construída a escola na localidade. O terreno foi oferecido e passado um ano o estabelecimento de ensino começou a ser erguido. Passado algum tempo, que já não sabe precisar ao certo, foi construída a estrada para Azambuja, mais tarde alcatroada e posteriormente alargada.
Foi para a tropa, trabalhou na Sugal e fez carreira durante 35 anos na Ford em Azambuja. Augusto Amado conta a O MIRANTE que a primeira festa que se fez na terra, em Outubro de 1974, surgiu de uma conversa de café entre sete pessoas, mais ou menos na mesma altura em que a electricidade chegou às casas da povoação de Casais dos Britos.
Quando se casou, não havia local em Casais dos Britos para fazer a festa. Alugou loiça em Aveiras de Cima para o copo de água e os convidados celebraram o enlace debaixo de um plástico que fazia de tenda. “Não me esqueço quando eu e o Joaquim Pereira fomos agradecer ao Ortigão Costa pela imagem que deu para a capela da Nossa Senhora de Fátima. Disse-me o que nunca esqueci: uma terra pode ser muito pobrezinha e as coisas levarem tempo, mas só é aquilo que as pessoas querem. E eu quis fazer para os outros aquilo que não tive, um sítio para se fazerem casamentos, festas e outras celebrações”, conta comovido.
Depois de construída a capela, o grupo de amigos constitui legalmente o Centro Cultural e Recreativo de Casais dos Britos num cartório no Cartaxo, mas só mais tarde é que a Câmara de Azambuja cedeu o terreno para o centro cultural. Hoje, é com orgulho que Augusto Amado olha para a colectividade que faz parte da sua vida. A filha é secretária da direcção e a restante família também ajuda quando é preciso. “Esta casa tem uma equipa extraordinária, nas festas ninguém discute, como vemos noutros lados, porque aqui está tudo organizado. Fico vaidoso”. Satisfeito com a homenagem, Augusto Amado confessa que o maior presente que a colectividade podia ter era as obras prontas.

“Os governantes não podem querer fazer das colectividades empresas”
Pedro Silva é presidente do Centro Cultural e Recreativo de Casais dos Britos há oito anos mas faz parte da casa há 32 anos. A colectividade tem 230 sócios e muitos amigos que apoiam nas iniciativas. A comissão de festas conta com meia centena de elementos a colaborar, de várias faixas etárias. “Sinto-me orgulhoso da população dos Casais e não só, tem sido uma multidão a colaborar com esta casa. O Festival do Frango à Casaleira é um sucesso, as pessoas aparecem em força”, relata.
O dirigente lamenta as exigências que são impostas legalmente ao movimento associativo e considera que os governantes não podem querer fazer das colectividades empresas, porque são pessoas que trabalham por amor à camisola. Dá como exemplo a organização de um baile para angariação de fundos que ainda não foi feito e já tem de ter licenças pagas e direitos de autor.
Em Outubro, a colectividade vai festejar os 50 anos da primeira festa dos Casais dos Britos e conta com Augusto Amado, um senhor que é homenageado todos os dias pelas pessoas da casa. “Mal entramos na porta chamamos o Augusto a perguntar onde estão as coisas, mesmo tendo-as ao lado. Agradeço a todos os que trabalham nesta casa e amigos que temos fora do concelho que nos visitam e ajudam. O comércio local tem sido fundamental e as empresas que colaboram connosco, assim como a Junta e Câmara de Azambuja que estão sempre disponíveis para tudo”, afirma.

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