“Há uma campanha contra o Serviço Nacional de Saúde”
“Celebrar os 45 anos do Serviço Nacional de Saúde, defendendo melhores cuidados de saúde” foi o mote da tribuna pública, promovida pela Comissão de Utentes de Saúde do Médio Tejo, em Abrantes. A adesão popular foi quase nula. Funcionamento permanente da maternidade de Abrantes, mais médicos de família e melhores cuidados de proximidade foram as principais reivindicações deixadas.
No 45º aniversário do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a Comissão de Utentes de Saúde do Médio Tejo (CUSMT) organizou uma tribuna pública para celebrar o aniversário do SNS que consideram ser o melhor e mais importante serviço público português. A aproveitaram para reivindicar o funcionamento permanente da maternidade da Unidade Local de Saúde do Médio Tejo, em Abrantes, mais médicos de família e melhores cuidados de proximidade à população.
Para Augusto Sousa e Manuel Soares, membros da CUSMT e impulsionadores da iniciativa do dia 19 de Setembro, o desconhecimento dos serviços e do funcionamento do SNS, por parte da população é o que leva a população a criticar um sistema que consideram ser o melhor do país. “Há uma campanha contra o SNS porque as pessoas não estão informadas do funcionamento e dos serviços disponíveis. O Médio Tejo tem uma das melhores unidades de hemodiálise do país, em Torres Novas. Há centros de saúde na região, onde não há hospitais, que as pessoas podem fazer as suas análises sem necessidade de se deslocar”, explica Manuel Soares salientando a importância de valorizar todos os profissionais do SNS com boas condições e melhores salários.
Apesar das dezenas de contactos e da divulgação, Manuel Soares lamenta que a adesão à tribuna pública tenha sido, praticamente, nula. “Queríamos perceber como a população reage às questões relacionadas com a saúde. Temos a ideia de que se fala muito, mas age-se pouco”, lamenta Manuel Soares. O funcionamento permanente da maternidade de Abrantes é uma das preocupações da comissão que, em 2012, reuniu cerca de seis mil assinaturas num abaixo-assinado.
Manuel Soares afirma que, durante dezenas de anos, foram cometidos erros de gestão e formação de recursos humanos que agora estão a ser pagos com a falta de profissionais. No entanto, acredita que a situação podia ser resolvida com políticas excepcionais como transferências de profissionais. “Há especialidades com grande carência de profissionais e, nesses casos, também deviam ser adoptadas medidas excepcionais. Temos medo que, por falta de profissionalismo, a maternidade encerre permanentemente ou temporariamente, funcionando de 15 em 15 dias, em conjunto com a maternidade de Santarém”, diz Augusto Soares.
A crónica falta de médicos de família
Quanto aos médicos de família, os dois elementos da CUSMT defendem que é gritante a necessidade de mais médicos de família no concelho de Abrantes, mas também em concelhos vizinhos como Mação e Sardoal. “Tem de haver contratos específicos que exijam a deslocação do médico para determinada região. Não há dúvidas de que faltam profissionais, mas devia-se saber que médicos há e formar-se uma equipa que estivesse disponível para atender nos locais onde há maior carência de profissionais e abrangesse toda a ULS, para fazer o trabalho em dias específicos”, sugere Manuel Soares, acrescentando que a vontade tem de partir também dos médicos algo que, lamenta, não estar a acontecer.
Manuel Soares defende que os cuidados de proximidade à comunidade têm um óptimo funcionamento e são de uma importância fulcral. “Os lares são os principais clientes das urgências porque não há conhecimento dos cuidados ao domicílio e interligação entre lares e unidades de saúde. Ao mínimo problema os utentes de lares vão às urgências, o que leva a um entupimento do serviço e a casos mal resolvidos”, diz, acrescentando: “quem tem cuidados de saúde de proximidade aprecia muito, mas grande parte das pessoas ainda desconhece estes serviços. É fundamental haver cuidados de proximidade à comunidade, ao domicílio, para pessoas necessitadas”.