Sociedade | 15-10-2024 12:00

Começou o calvário com a subida das ladeiras para chegar ao novo Centro de Saúde da Chamusca

Começou o calvário com a subida das ladeiras para chegar ao novo Centro de Saúde da Chamusca
População da Chamusca é muito envelhecida e não tem meios de transporte para chegar ao centro de saúde

A população mais velha da Chamusca diz que é um calvário ter que subir uma ladeira a pé e caminhar quilómetros para ir às consultas no novo centro de saúde. Maioria tem que ir de boleia ou pagar táxi. Contestação à falta de transporte municipal para quem mais precisa foi assunto na última assembleia municipal.

Ricardino Valério tem uma irmã com 84 anos que sempre que precisa de se deslocar ao novo Centro de Saúde da Chamusca tem que pedir ajuda aos vizinhos ou pagar um táxi. As novas instalações, inauguradas recentemente depois de anos de espera, foram construídas na zona alta da vila e para os utentes, na maioria idosos, acederem aos serviços têm que subir uma das ladeiras mais inclinadas da vila. A irmã de Ricardino, que tem dificuldades motoras, se fosse a pá teria que fazer perto de um quilómetro para chegar ao local. “Tem que ir à boleia ou de táxi, quando consegue arranjar uma das coisas. Às vezes tem que estar no centro para uma consulta às 14h00 e é obrigada a esperar horas para alguém a ir buscar. Acho indecente. Temos uma população envelhecida. Há que haver respeito pelos mais velhos”, refere a O MIRANTE Ricardino Valério que, apesar de residir em Sacavém, visita quase todos os fins-de-semana a irmã na Chamusca. “Erámos sete irmãos. Neste momento sou só eu e ela. Tenho que a ajudar”, afirma.
A localização do novo centro de saúde tem feito correr muita tinta ao longo dos anos. Em 2018, quando foi anunciado o projecto, o nosso jornal falou com alguns munícipes que criticaram o facto de terem de subir uma ladeira ingreme para os seus problemas de saúde serem tratados. Seis anos depois, as críticas mantêm-se. Na última Assembleia Municipal da Chamusca, a munícipe Emília Infante Pedroso falou no período do público afirmando que a população da Chamusca é muito envelhecida e não tem transporte próprio para aceder ao centro de saúde. “Penso que, com tantas iniciativas que deliberaram tomar, porque não pensar num transporte que desse a volta à Chamusca nem que seja uma vez por dia para ajudar essas pessoas. Muitas vezes eu levo-as, com todo o gosto, mas isso não é sistema”, disse.
O presidente da câmara, Paulo Queimado (PS), reconheceu que há necessidade de um transporte urbano para efectuar o serviço, afirmando que estão a fazer consulta ao mercado porque há financiamento para aquisição de mini-autocarros eléctricos. “Existe outro constrangimento. Temos concessionados os transportes públicos. Estamos proibidos de entrar em concorrência desleal com a entidade que tem a concessão, a Rodoviária do Tejo. Uma vez que estamos a avançar com a constituição da empresa de transportes da Lezíria do Tejo, assim que estiver constituída ultrapassaremos de imediato a questão da concorrência desleal”, sublinhou.
A construção do novo centro de saúde começou a ser pensada de forma mais detalhada em 2018 quando o presidente da câmara decidiu colocar um outdoor junto ao local da obra a anunciar o projecto e a data prevista para a sua inauguração. Um dos projectos é de final de 2019, com um investimento total estimado de cerca de 1,3 milhões de euros, um valor ainda assim muito superior ao inicialmente previsto caso a construção tivesse começado em 2018. O custo total acabou por se situar nos dois milhões de euros.

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