Sociedade | 15-10-2024 15:00

É urgente combater violência contra idosos no meio familiar

É urgente combater violência contra idosos no meio familiar
Marta Godinho, técnica da APAV, dirigiu palestra sobre prevenção da violência contra idosos em que também esteve presente a vereadora Helena Neves, da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos

APAV alerta para a consciencialização dos crimes e violência contra os idosos. Abuso físico e violência doméstica são os principais actos criminosos cometidos pelos agressores. Salvaterra de Magos acolheu evento para assinalar o Dia Internacional do Idoso.

O Auditório “Escola O Século”, em Salvaterra de Magos, acolheu o evento “Prevenir a violência contra idosos”, no âmbito das Jornadas da Saúde, do Social e da Educação. Para assinalar o Dia Internacional do Idoso, comemorado a 1 de Outubro, a Equipa Móvel de Apoio à Vítima da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) realizou uma palestra onde se discutiu o facto da violência contra as pessoas idosas ser um cenário para milhões de indivíduos em todo o mundo e que, com o envelhecimento da população, é urgente abordar e combater este tipo de violência.
A palestra foi dirigida pela técnica da APAV, Marta Godinho, que explicou as diversas formas de abuso e crimes, assim como as várias dificuldades que existem para identificar as vítimas, e a presença de indicadores dos diferentes tipos de violência. Marta Godinho explicou que a maioria das situações de vitimização ocorrem de forma continuada e na residência comum da vítima e do agressor. As conclusões apontam que as vítimas são, maioritariamente, do sexo feminino e que a situação mais recorrente é serem vitimizadas sobretudo pelos seus cônjuges ou filhos.
A técnica da APAV mostrou que, para além da violência física e doméstica, existe a violência psicológica, sexual, económica, negligente e o abandono. “O crime de violência doméstica, onde falamos de maus-tratos psicológicos, privações na liberdade e ofensas corporais, é o crime com o qual mais lidamos e que maior prevalência tem”, destacou. Marta Godinho informou que há vários obstáculos com os quais as vítimas se deparam e salientou como principais problemas, o não reconhecimento da existência da vitimização, o estarem socialmente isoladas e o terem vergonha. Os vários tipos de violência apresentam diversos indicadores, e a técnica de apoio da APAV alerta para a população estar atenta a situações que podem parecer irrelevantes, mas que, por vezes, podem ser indícios de que a pessoa está a sofrer. “Falamos de lesões em zonas do corpo, mudanças inesperadas de comportamento, de hesitação em falar abertamente ou até mesmo perdas inexplicáveis de dinheiro”, explicou.
As últimas estatísticas da APAV mostram que, entre 2021 e 2022, houve um total de 3.122 pessoas apoiadas pela instituição. Uma descida de 4,1% entre os dois anos, um factor que se desconhece ser ou não positivo, devido ao número de pessoas que não fazem queixa ser maior do que as que fazem. A violência doméstica é um crime público, e desta forma qualquer pessoa que testemunhe a esse acto criminoso tem o dever de apresentar queixa. A denúncia pode ser feita, gratuitamente, na PSP, GNR, PJ e no Ministério Público, ou ligando para a linha de apoio à vítima (116 006) ou para as linhas nacionais de emergência (112 ou 144).

Lares de idosos ilegais

Na opinião de Marta Godinho os lares ilegais podem funcionar se estiverem a realizar um bom trabalho, “porque não tem a ver com o facto de uma instituição ser ilegal, tem a ver sim com as pessoas que trabalham nesses estabelecimentos”, disse. “Muitas vezes um lar ilegal pode fazer um melhor trabalho do que um lar que vai de acordo com a lei”, acrescentou. Sobre o mesmo assunto, a vereadora da câmara municipal, Helena Neves, refere que “os familiares têm o dever de acompanhar os idosos e, muitas vezes, os filhos depositam os pais nos lares, e isto não pode acontecer porque, o crime de negligência e abandono também pode existir em instituições bem-intencionadas e legalizadas”.

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