Sociedade | 16-10-2024 18:00

Empresários da Parreira fazem ultimato ao presidente da Câmara da Chamusca

Empresários da Parreira fazem ultimato ao presidente da Câmara da Chamusca
Paulo Queimado tem sido muito criticado por ignorar vários empresários da Parreira que querem dinamizar a zona industrial na aldeia

Sócios da Associação de Desenvolvimento Industrial da Parreira voltaram à Assembleia Municipal da Chamusca para dizer ao presidente da câmara que só aceitam fazer mais uma reunião sobre a construção de uma nova zona industrial na freguesia.

Empresários dizem que negociações nunca dão em nada e continuam a criticar a falta de vontade do município em colaborar.

Os sócios da Associação de Desenvolvimento Industrial da Parreira (ADIP) já não vão aceitar mais reuniões com o presidente da Câmara Municipal da Chamusca porque afirmam que nunca dão em nada, sendo que ficou combinada uma última tentativa para breve. Na última assembleia municipal, os empresários deslocaram-se em peso aos Paços de Concelho para criticarem o facto do executivo de maioria socialista deixar arrastar um processo com mais de uma década e que diz respeito à criação da Zona Industrial da Parreira.
No final da sessão, Manuel Rodrigues António, presidente da ADIP, não poupou nas palavras: “quando se comprou o terreno foi aprovado que a câmara fazia as infraestruturas. Fiz-lhe uma proposta para vendermos o loteamento à camara por 20 mil euros, que era o que faltava pagar. Fui eu que fiz o empréstimo na Caixa Agrícola e que tive de ficar com mais dois lotes naquela zona industrial, que não me são precisos para nada, para o banco não nos executar porque ficávamos sem nada. O mais grave disto tudo é que estamos há 18 anos à espera e o terreno continua abandonado e cheio de mato por cortar. Por 20 mil euros podiam ter comprado o terreno e faziam o que queriam. Tivemos um almoço convosco que foi a associação que pagou e ficámos por aí”, criticou.
João Garcia, representante da associação, também foi duro ao falar da forma como os empresários têm sido tratados pela autarquia. “Como a câmara não se decide em relação ao que fazer, vamos vender no final do ano o loteamento a uma imobiliária. Não podemos continuar à espera de uma solução. A Parreira precisa de alternativas e talvez apareça alguma empresa que queira investir. A Parreira está a ficar deserta e não podemos continuar à espera”, vincou.
Paulo Queimado voltou a utilizar os argumentos habituais quando se refere ao tema. “É um assunto que já tem barbas e o processo começou mal desde o início. Temos vindo a tentar encontrar formas de financiamento para que comecem as obras no loteamento, mas não tem sido fácil. Já solicitamos um plano de investimentos à associação, quantos postos de trabalho vão ser criados (…) mas ainda não obtivemos essa informação. Estamos a falar de um investimento de 3,5 milhões de euros. Não temos esses documentos para os levar à CCDR nem para fazer um estudo do impacto do investimento”, criticou, rematando: “há investimento do município naquele terreno, portanto se o venderem vão ter que ressarcir o município dos investimentos feitos”, disse.
João Garcia não se ficou: “sempre pensámos que a câmara nos apoiava. O que não compreendo é como é que o executivo e a assembleia aprovam orçamentos para obras infraestruturais e essas empreitadas nunca foram feitas. Se eu aprovo uma coisa para o próximo ano e a obra não é feita, o que se fez a esse dinheiro? Estamos a falar de mais de 300 mil euros. É triste ver uma freguesia a ficar cada vez mais fazia”, lamentou.

Uma história com mais de uma década
Em 2008 a Assembleia Municipal da Chamusca aprovou por unanimidade uma proposta do executivo camarário para executar uma alteração na planta de ordenamento das localidades de Parreira e Salvador. A medida teve como objectivo mudar a localização da futura Zona Industrial da Parreira para um terreno situado no lugar de Matafome, que foi adquirido pela, na altura, recém-criada Associação de Desenvolvimento Industrial da Parreira (ADIP). Têm existido vários constrangimentos, embora os donos dos terrenos considerem que a situação é facilmente ultrapassável e pedem à câmara que honre o compromisso de comparticipar no avanço das obras necessárias à implementação da zona industrial. Paulo Queimado diz que a câmara só avança se houver financiamento comunitário, caso o projecto seja elegível. Numa assembleia municipal do ano passado, o empresário Luís Vasconcellos e Souza interveio em nome da ADIP para pedir contas ao presidente da câmara sobre as razões para as negociações da construção de uma nova zona industrial na freguesia estarem paradas há mais de dois anos. “O caso da Parreira é fora do comum. As pessoas compraram os lotes e querem fazer a infraestrutura e até agora a câmara não tem mostrado abertura para os ajudar a alcançar esse objectivo”, lamentou, acrescentando: “parar uma negociação durante dois anos e meio não faz parte das regras de convivência entre as partes. Devia haver resposta a email, telefonemas, algum feedback. As pessoas queixam-se de que não tem havido pontes e tomam isto como a não vontade do município em colaborar em encontrar uma solução. Estive presente numa das reuniões e o que nos apercebemos é que o assunto não é tão complexo como quis dar a entender. Depende é da vontade expressa das partes. Isto é um projecto que tem uma componente privada e um objectivo social para a zona uma vez que a Parreira é uma terra com características próprias o que permitiria a criação de mais postos de trabalho”, vincou.

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