Sociedade | 20-10-2024 07:00

Fábrica poluidora em Parceiros de Igreja vai encerrar por ordem do município

Fábrica poluidora em Parceiros de Igreja vai encerrar por ordem do município
Município de Torres Novas vai ordenar o encerramento da empresa Cratoliva

O vice-presidente da Câmara de Torres Novas adiantou que, depois dos resultados da vistoria, a Cratoliva não tem condições para continuar a laborar. Autarca disse que a empresa tem 60 dias para cessar a sua actividade em Parceiros de Igreja.

O relatório sobre o funcionamento da Cratoliva, empresa de Parceiros de Igreja que tem sido acusada de poluição pela população, já está concluído e o vice-presidente da autarquia anunciou, na última assembleia municipal, que o município vai ordenar o encerramento da fábrica porque não cumpre com os requisitos legais para continuar a laborar. Luís Silva leu um único parágrafo das conclusões da vistoria, que diz que “a Cratoliva não possui condições para exercer actividade” e por isso a autarquia vai “decidir a cessação da actividade, dando um prazo dentro do exigido pela lei de 60 dias.
O assunto da Cratoliva, empresa que há uns meses foi visitada pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) tendo sido apreendidos 18.200 litros de óleo alimentar, foi levado para cima da mesa pelo deputado do Bloco de Esquerda (BE), Rui Alves Vieira. O autarca deu conta que o seu partido enviou uma carta ao Governo sobre a poluição da fábrica e os constrangimentos que causa à população, nomeadamente em termos de saúde pública. Rui Alves Vieira adiantou que recebeu uma carta do gabinete da ministra do Ambiente a dizer que os níveis de emissão estão dentro dos limites legais. “Na carta só falta dizer que o povo de Parceiros de Igreja só anda a chatear o Governo”, afirmou, em tom irónico.
Rui Alves Vieira continuou referindo que há cerca de dois meses o seu partido enviou uma carta ao presidente da câmara a pedir respostas às 22 questões colocadas à Cratoliva pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR LVT) e “cuja responsabilidade de fiscalização e acompanhamento compete ao município. “Infelizmente, até hoje, não recebemos qualquer respostas da câmara municipal”. Depois das questões colocadas, o vice-presidente do município deu por encerrado o assunto com a informação que marcou a reunião de autarcas de que a fábrica ia ser encerrada.
Este desfecho também se deve à população da aldeia que tem sido incansável na procura e exigência de soluções para um problema de maus cheiros e poluição. Recentemente, mais de meia centena de populares reuniram com o vereador João Trindade enchendo o antigo Clube Recreativo de Parceiros de Igreja. A reunião decorreu depois de a população ter-se deslocado em peso à Assembleia Municipal de Torres Novas para denunciar um problema que afirmam ser “de saúde pública” e coloca em causa o próprio “respirar” na aldeia, onde habitam cerca de 900 pessoas. Depois da reunião, a ASAE deslocou-se à fábrica e anunciou a apreensão de 18.200 litros de óleo alimentar, com um valor superior a 57.420 euros, que, segundo a entidade, levantavam “fortes suspeitas de que o óleo alimentar iria ser comercializado como azeite”. No âmbito da acção foi instaurado um processo-crime por suspeita de fraude sobre mercadorias e apreendidos 18.200 litros de óleo alimentar e 177.690 rótulos com menção de azeite.

Continua a poluição no rio Almonda

A água do rio Almonda, em Torres Novas, voltou a apresentar na manhã de terça-feira, 8 de Outubro, sinais de poluição que estão a indignar a população local. Um cidadão registou imagens da espuma branca que antes das 08h00 flutuava no leito do rio, indicando a possibilidade de ter havido uma nova descarga poluente. Na assembleia municipal recordou-se o episódio de mortandade no rio que decorreu em Agosto. “Incidentes desta natureza podem ir muito para além de prejuízos ambientais e tem fortes impactos no tecido social da comunidade. É imperioso que haja transparência e grande capacidade de comunicação sobre estas situações. E não é isso que tem acontecido, parece que a câmara quer adormecer estas questões”, disse Rui Alves Vieira.
O presidente Pedro Ferreira garantiu que “só quando tiver dados concretos e provas” é que vai transmitir o que se passou. “Neste momento só posso dizer que a PSP e a APA recolheram análises e já há um relatório no Tribunal de Torres Novas. Está-se a cumprir a legislação portuguesa. Sem os dados é atirar coisas para o ar. Acho que não é isso que o Bloco de Esquerda quer”, sublinhou.

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